A Galeria da Cidade recebe a exposição Artacho Jurado no Desenho da Cidade, sobre o arquiteto autodidata que projetou e construiu marcos da São Paulo moderna como o edifício Bretagne, Cinderela, Louvre, entre outros. A abertura para o público ocorre no dia 4 de setembro, sábado, data que celebra os 114 anos de seu nascimento.
Avesso aos códigos rígidos do modernismo corrente na época, Jurado desenvolveu um estilo próprio, com detalhes requintados e muitas cores, além de uma generosidade dos espaços e dos programas, abrindo quase sempre o térreo de seus edifícios para a cidade. Graças à sua linguagem extrovertida, foi comparado, pelo crítico Décio Pignatari, ao arquiteto catalão Antoni Gaudí.
Com curadoria de Teca Eça, sobrinha-neta de Artacho Jurado, e participação coletiva de estudantes e professores (sob coordenação de Carla Caffé e Paulo Von Poser), além de artistas convidados, a exposição foi concebida a partir de um documentário em fase de captação sobre o homenageado. Dirigido por Pedro Gorski e Teca Eça, com direção de arte de Carla Caffé, o projeto do filme se relaciona diretamente com a exposição, uma vez que cenas do acervo serão feitas a partir das vitrines e peças gráficas em exibição na Galeria da Cidade.
Depoimentos da filha do arquiteto, Diva Artacho Jurado, da curadora de arte contemporânea Jéssica Varrichio e do jornalista Raul Juste Lores, somados aos arquivos originais cedidos por Diva – fotos, desenhos e plantas do acervo – ajudam a entender “como” e “por que” esse arquiteto autodidata se tornou tão presente no imaginário da cidade. São três narrativas que caminham paralelas, dialogando e se completando: “universo íntimo: a vida e as paixões de Artacho”, “arquitetura cenográfica” e “a relação de Artacho com São Paulo: como ele se inspirou e inspira a cidade”.
Nos desenhos originais, investigativos e de processos de criação de Jurado, é possível observar sua preocupação com o modo de trabalhar texturas, tratar superfícies, usar paletas de cores e fazer composições espaciais. Os desenhos se assemelham mais a estudos de cenografia, distanciando-se das investigações arquitetônicas que concebem o espaço segundo estruturas, pilares e vigas.
Enquanto ele projetava os edifícios com seus ornamentos – peças exclusivas de mobiliário, de luminárias etc. – os preceitos da arquitetura moderna da época ditavam que “menos é mais”, “a forma segue a função” e um racionalismo atrelado à industrialização. Foi maldito pela academia e atacado pelos intelectuais, mas tem sido ovacionado pelos moradores, pelos paulistanos e pelos turistas.
Esses sentimentos tão díspares provocados pela obra de Artacho Jurado permitem à exposição discutir sobre os valores institucionais que desenham uma cidade impessoal em detrimento de uma experiência urbana afetiva.
Seguindo os protocolos de segurança em relação à Covid-19, a visitação é sujeita a lotação máxima de 10 pessoas na galeria; caso haja interesse em agendar, o contato pode ser feito pelo e-mail: artachonacidade@gmail.com
Artacho Jurado no Desenho da Cidade
- Período expositivo: de 4 de setembro a 31 de janeiro de 2022
- Aberto ao público – entrada gratuita
- Horário de funcionamento da Galeria: de segunda a domingo, 10h-12h / 14h-17h
- Local: Escola da Cidade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
- Endereço: Rua General Jardim, 65, Centro - São Paulo SP