Arquiteto vence concurso com espaço virtual inspirado na arquitetura cotidiana de Luanda, Angola

O Grupo BANGA lançou, em setembro deste ano, um concurso para projetar a próxima Cabana de Arte. A competição, aberta a estudantes e arquitetos recém-formados de Angola, buscava propostas para um espaço expositivo dedicado à obra do artista angolano Muamby Wassaky, que explora elementos típicos da construção tradicional para criar esculturas e instalações.

O primeiro lugar ficou com o arquiteto Aquitofel Mananga, recém-formado pela Universidade Metodista de Angola. Sua proposta, intitulada M.Seque, busca referências cotidianas e suburbanas para conceber o espaço dedicado à obra de Wassaky. Leia a descrição do projeto, enviada pelo arquiteto, a seguir.

Do arquiteto: A relação do espaço para com o projeto consistiu primeiramente na escolha de um palco que representasse um marco histórico ainda patente nos dias de hoje. Dentre eles, foi escolhido um local próximo à zona onde existiu o mercado do Kinaxixi (edifício emblemático de cariz Modernista, destruído para a construção de um shopping), buscando assim uma forma de enaltecer e manifestar o bem fazer e a valorização de uma arquitetura, que não se deve perder com tempo.

Arquiteto vence concurso com espaço virtual inspirado na arquitetura cotidiana de Luanda, Angola - Imagem 4 de 6
Cortesia de Grupo BANGA

Desta forma, preferiu-se idealizar este projeto dentro deste raio de ação, porém num terreno abandonado ou devoluto, de construção inacabada – ou seja, “morta” antes mesmo de nascer por fatores desconhecidos – contudo, esta construção mantém-se presente na malha urbana da cidade de Luanda.

Relação do projeto vs obra do artista

A relação do projeto com a obra do artista procura, para além da criação do espaço de exposição que alberga a obra do mesmo, refletir uma linha de pensamento ou conceitos sobre a postura e identidade de um artista, face aos paradigmas modernos e às origens de influência, independentemente da sua categoria. Assim, procurou-se refletir no espaço projetado a “arquitetura da construção alternativa” (obra de referência do artista homenageado neste concurso) e os seus efeitos no estado físico ou composição do espaço e formas e, fundamentalmente, a sua aceitação.

Arquiteto vence concurso com espaço virtual inspirado na arquitetura cotidiana de Luanda, Angola - Imagem 2 de 6
Cortesia de Grupo BANGA

M.Seque  

O nome atribuído Seque deriva da palavra musseque (palavra em língua tradicional Kimbundu, usada para denominar os bairros suburbanos de Luanda). Partindo de identidades visuais, formais, estéticas ou funcionais, marcadas dentro de um musseque, buscou-se referência nesses elementos para a idealização do projeto (M.Seque ou modelo evolutivo), até a sua materialização face às origens da arquitetura vernacular versus a arquitectura contemporânea. 

Arquiteto vence concurso com espaço virtual inspirado na arquitetura cotidiana de Luanda, Angola - Imagem 5 de 6
Cortesia de Grupo BANGA

Arquitetura 

  • Pretendia-se uma entrada discreta e ao mesmo tempo convidativa, realçada pela sua dimensão colossal. A fachada nasce da dimensão 7x6m (comprimento X altura) e resultará na concepção de duas áreas principais (produtividade e interação) – através da plasticidade destas, será ditada a dinâmica do espaço;
  • Fachada: tirando partindo do seu aspeto formal retangular 7x6m, buscou-se refletir e manifestar a partir da composição estética, uma matriz influenciada pelos cheios e vazios presente em fachadas de edifícios do “Moderno Tropical” em Angola, tendo como principal referência o edifício histórico do Mercado do Kinaxixi;
  • Elementos estruturais: paredes de adobe rebocadas com argamassa de terra estabilizada, estrutura de travamento de madeira embutida nas paredes de adobe, cobertura tradicional de palha composta de estrutura de madeira, piso de terra estabilizada com cal hidráulica e cimento;
  • A geometria circular do projeto procura simbolizar a confraternização comum entre famílias angolanas, de especial importância dentro dos musseques, através de espaços criados informalmente, pelas necessidades, dos quais podemos destacar as “sentadas” de amigos (convívio entre amigos em quintais ou na rua), jogos, barracas, entre outros espaços/atividades desfrutadas no espaço público.

Arquiteto vence concurso com espaço virtual inspirado na arquitetura cotidiana de Luanda, Angola - Imagem 3 de 6
Cortesia de Grupo BANGA

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Sobre este autor
Cita: Equipe ArchDaily Brasil. "Arquiteto vence concurso com espaço virtual inspirado na arquitetura cotidiana de Luanda, Angola" 18 Dez 2021. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/972246/arquiteto-vence-concurso-com-espaco-virtual-inspirado-na-arquitetura-cotidiana-de-luanda-angola> ISSN 0719-8906

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