A organização Volksentscheid Berlin Autofrei (Decisão Popular por uma Berlim livre de carros) propôs um plano para limitar os automóveis dentro do Ringbahn da capital alemã, um longo anel rodoviário em torno da cidade, uma medida que pode formar a maior área livre de carros do planeta se for aprovada. A iniciativa liderada por cidadãos tem o objetivo principal de proibir os carros particulares na região central de Berlim, com a exceção de veículos de emergência, caminhões de lixo, táxis, veículos de entrega, e moradores com mobilidade limitada, que receberiam licenças de acesso especial.
Como foi explicado pela Volksentscheid Berlin Autofrei, o objetivo da campanha é "garantir que as vias públicas de Berlim sejam justamente divididas, saudáveis, seguras, habitáveis e amigáveis ao clima e ao meio ambiente". Já que as autoridades governamentais não tomaram medidas para atingir essas qualidades, a equipe abordou suas metas com uma abordagem democraticamente direta, através de um referendo. O plano apresenta a transformação de todas as ruas interiores ao S-Bahn-Ring, com a exceção das estradas federais, uma área considerada maior do que Manhattan, em ruas com tráfego reduzido de veículos, limitando-as ao uso por pedestres, ciclistas e pelo transporte público. Usuários que dependem de veículos motores (seja por trabalho ou por motivos de mobilidade) receberão uma licença especial de uso.
A equipe começou a trabalhar desde abril do ano passado, reunindo quase 50 mil assinaturas em apoio à campanha. Vendo a quantidade de cidadãos investidos na proposta, o Senado de Berlim agora avalia a ideia, e terá uma decisão final sobre se a lei será ou não adotada no mês que vem. Se a ideia for rejeitada pelas autoridades municipais, o grupo vai reunir assinaturas de novo, buscando desta vez conseguir 175 mil pessoas, e a proposta iria então automaticamente para as urnas em 2023, e todos os cidadãos teriam de decidir se ela deve ou não se tornar oficial.
Em 2014, o Parlamento Regional de Berlim publicou um relatório que indicava que 58% do espaço nas estradas era dedicado aos carros, embora apenas um terço do total das jornadas fosse feito por carros, em comparação com apenas 3% do espaço rodoviário dedicado às bicicletas, que representavam 15% das jornadas.
A proposta tem tanto a ver com o nosso meio ambiente imediato, quanto com o meio ambiente como um todo. Tem a ver com como todos queremos viver, respirar, e brincar juntos. Queremos que as pessoas possam dormir com suas janelas abertas, e que as crianças possam brincar nas ruas de novo. E que os avós possam andar de bicicleta em segurança e que eles tenham bancos suficientes para tomar fôlego à vontade. -- Nina Noblé, uma das fundadoras da Volksentscheid Berlin Autofrei
No início do mês, o Conselho Metropolitano de Milão aprovou o projeto Biciplan "Cambio", um novo sistema de transporte que introduz corredores de "super-ciclovias" pelo tecido urbano, priorizando o ciclismo, a proteção ambiental, a segurança e o bem-estar. O projeto complementa as ciclovias existentes com 750 quilômetros de novos corredores que irão conectar as 133 comunas da cidade com sua região metropolitana mais ampla, e aumentar as viagens de bicicleta e atingir em 10% internamente e 20% em escala mais ampla.
De maneira semelhante, a cidade de Paris anunciou que irá investir 250 milhões de euros para atualizar sua atual infraestrutura de ciclismo e expandir sua rede de pistas para bicicletas, com o objetivo de se tornar 100% coberta por ciclovias. O investimento vem pelo chamado Bike Plan, um projeto urbano de 5 anos que irá reforçar a presença de bicicletas e oferecer rotas seguras e bem conectadas para passageiros e pedestres, buscando tornar a cidade "uma das mais favoráveis ao ciclismo no planeta até 2026".
Via The Guardian