"Agostinho de Freitas foi um artista extraordinário", diz Agnaldo Farias, crítico de arte, professor e curador da exposição “Agostinho Batista de Freitas – Mestre das Ruas”, em cartaz entre 12 de maio e 11 de junho na Galeria Estação, em São Paulo. A mostra traz ao público uma seleção de cerca de 20 telas do artista que integram o acervo da galerista Vilma Eid.
Agostinho percorreu a cidade de São Paulo inventariando sítios, trechos urbanos e edificações a seu ver mais proeminentes. “Não obstante a preservação, ainda que atenuado, do drama humano de quem habita as grandes cidades, o conjunto das pinturas apresentadas na exposição de agora é mais solar que as realizadas nas primeiras duas décadas de sua trajetória, de evidente extração expressionista”, antecipa o curador, que também incluiu nesta mostra paisagens distantes da metrópole.
Filho de imigrantes da Ilha da Madeira, nasceu em 1927 e foi criado em um sítio em Paulínia, então distrito de Campinas, onde trabalhou na lavoura até os 11 anos e estudou somente até o terceiro ano do primário. Após a morte de sua mãe, mudou-se com o pai para São Paulo. Na capital paulista trabalhou como ajudante de pedreiro e foi funcionário de uma fábrica de brinquedos, de onde foi demitido por desenhar durante o expediente de trabalho. Depois de se especializar como eletricista, nas horas vagas vendia seus quadros na região central da cidade, onde encontrou Pietro Maria Bardi. Apesar de ter o centro da metrópole como musa de inspiração para suas pinturas, também retratou as periferias da cidade, como o bairro do Imirim, onde residia, e cenas de cotidiano e lazer de parcelas menos favorecidas da capital, como parques de diversão, crianças empinando pipas e até festas juninas. Faleceu em São Paulo em 1997.
“Se a adesão de Agostinho à cidade era irrestrita, o mesmo não se podia dizer sobre seu interesse pela vida rural. O artista ia do centro aos arrabaldes, às rodovias que ligam as cidades umas as outras e até mesmo ao campo que não o interessava muito, mas ao qual voltou por conta das encomendas, aparentemente em maior número do que as de pinturas urbanas. Sobre essa parcela imprevista da produção, dizia realizar de memória, o que, trocando em miúdos, significava que era irrigada pela imaginação”, contextualiza Farias.
Exposição "Agostinho Batista de Freitas – Mestre das Ruas"
Quando: 12 /5 a 11/6
Onde: Galeria Estação
Endereço: Rua Ferreira Araújo, 625 - Pinheiros, São Paulo
Horários de funcionamento da galeria: segunda a sexta, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 15h; não abre aos domingos