A 13ª edição da Bienal de Arquitetura, realizada pelo IAB-São Paulo, será inaugurada no próximo dia 27 de maio e parte de uma realidade de intensas transformações geradas pela pandemia de Covid-19 em todo o mundo que exigiu esforços intensos de organização das dinâmicas urbanas, sociais e profissionais pela sobrevivência.
Travessias, tema desta edição, entende que a pandemia reforça desigualdades socioespaciais que já se estabeleciam, não só no país, como no mundo, compreendendo que essas estruturas sofrem fragmentações, tanto físicas quanto simbólicas, enraizadas nos violentos processos de colonização e apagamentos históricos. Como consequência, provocam inúmeras manifestações de opressão – como o racismo, o sexismo, o capacitismo e a colonialidade – no Brasil e outros territórios.
A equipe de curadores, escolhida através de um concurso realizado pelo IAB-São Paulo entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, é composta por Carolina Piai Vieira, Larissa Francez Zarpelon, Louise Lenate Ferreira da Silva, Luciene Gomes, Pedro Cardoso Smith, Pedro Vinícius Alves, Raíssa Albano de Oliveira, Thiago Sousa Silva, Viviane de Andrade Sá. A eles juntou-se Sabrina Fontenele, curadora residente desta edição da Bienal.
Partindo do conceito de travessias da historiadora Maria Beatriz Nascimento, a equipe curatorial busca explorar o que do passado colonial e das diásporas permanece e o que se altera nesses deslocamentos das populações pelo mundo. Segundo a equipe curatorial, travessias geralmente estão relacionadas a conexão: a ponte que possibilita a transposição entre duas margens de um rio; a escada faz a ligação entre dois níveis; a rampa vence o desnível de forma acessível; os caminhos conectam territórios.
“Travessias também podem ser entendidas como percurso: as migrações forçadas dos povos africanos sequestrados de seus países de origem, as fugas para os quilombos ou os deslocamentos do campo para a cidade. Travessia é, portanto, um movimento que implica corpos e territórios e, se realizada coletivamente, o compartilhamento de experiências, de memórias e de identidade. Os territórios são marcados por desigualdades sociais, temporais e geográficas e, no caso brasileiro, foram conformados por disputas que envolvem o desejo de permanência e de movimento”, diz a equipe.
A edição deste ano reúne dez convidados pela curadoria, que realizarão instalações artísticas, e 23 trabalhos selecionados por uma chamada aberta. A exposição desses projetos será realizada no Sesc Avenida Paulista e no Centro Cultural São Paulo. A 13ª edição é composta por três eixos: a exposição nos dois endereços; por uma extensa programação — conferências, mesas temáticas e performances — que acontece nos equipamentos culturais e espaços públicos da Avenida Paulista (Sesc, Itaú Cultural e Instituto Moreira Salles); e por atividades educativas – visitas guiadas, oficinas e mediação.
Foram priorizados trabalhos que trazem à tona narrativas de povos e grupos que são e foram historicamente violentados no país e no mundo. Os dez convidados são: Arquitetura na Periferia (Minas Gerais - Brasil), Banga Nossa (Angola), Christophe Hutin (Paris, França), Coletivo Coletores (São Paulo, Brasil), Dele Adeyemo (Nigéria/Reino Unido), Francis Kéré (Gando - Burkina Faso), Jaime Lauriano (São Paulo - BR), Mona Rikumbi (São Paulo - Brasil), Mouraria 53 (Bahia - Brasil) e Uýra Sodoma (Amazonas - BR).
A cerimônia de abertura no Sesc Avenida Paulista acontece em 27 de maio, às 18h30, e contará com conferência de Joice Berth, arquiteta e urbanista pela Universidade Nove de Julho e pós-graduada em Direito Urbanístico pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, autora do livro O que é Empoderamento? (2018), da coleção Feminismos Plurais, e pesquisadora do direito à cidade sob a perspectiva de raça e gênero. Já a abertura no Centro Cultural São Paulo, acontece em 04 de junho, às 17h, com performance de Uýra Sodoma, também convidada para a exposição.
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