A dupla de arquitetos brasileiros Mário Rubem Costa Santana e Rafael Lamary Silva Santos foi premiada com menção especial no concurso para uma casa de acolhimento infantil no Senegal, promovido pela organização Kaira Looro. A competição buscava propostas para um "espaço destinado à prevenção da desnutrição infantil" na África Subsaariana.
O desafio consistia em projetar o equipamento como um local acolhedor, um espaço para atividades destinadas a prevenir a desnutrição infantil em um contexto rural. As propostas foram avaliadas por um prestigiado júri do qual fizeram parte Kengo Kuma, Mario Cucinella, Benedetta Tagliabue e Mphethe Morojele. Conheça a seguir a proposta premiada, acompanhada do memorial enviado pelos arquitetos.
Da equipe: A simplicidade é a principal característica do projeto. Buscou-se interpretar as necessidades definidas e criar uma proposta horizontalizada com algumas formas abertas, mas devidamente contidas, que pudessem gerar uma ambiência leve e ao mesmo tempo permeável, na qual as crianças pudessem se deslocar livremente.
A estrutura tenta tomar os apoios naturais das paredes para evitar a multiplicação de pilares em um espaço pequeno. A circulação de ar e climatização da edificação é auxiliada pela separação flutuante da cobertura e pelas reentrâncias verticais laterais que contrastam com a horizontalidade da edificação. Parte do muro vazado contribui para o olhar que atravessa toda a edificação cooperando para a sua permeabilidade e, ao mesmo tempo, transfere leveza ao conjunto, além de contribuir para a ventilação do pátio que tem, no espelho d’água, um elemento de climatização e estética. O espaço principal, de desenvolvimento de atividades lúdicas com as crianças, será semicoberto e aberto nos lados para demonstrar proteção, liberdade e fluidez.
Uso de materiais
Entendendo a realidade da região do Vale do Tanaff e do povoado de Baghere, procuramos utilizar um misto de produtos naturais já existentes que podem dar maior longevidade à edificação. Blocos de concreto, vigas em concreto armado se juntam ao revestimento em terra, areia e palha, aproximando a edificação do que vem sendo feito no cotidiano local. A cerca de bambu é usada tanto na separação de espaços internos, como na separação entre estes e a cobertura, sustentada por madeira local e protegida por folhas de zinco. Para suportar tudo foi proposto um misto de cascalho, lateritas, areia e cimento.
Processo de construção e montagem
A fundação é feita com laje de concreto em plataforma sobre o solo de adobe, cascalho e laterita compactados. Sobre esta apoiam-se as linhas estruturais, em concreto armado, de suporte das paredes e, como acabamento, uma camada plana de cimento queimado. As paredes em blocos de cimento são revestidas com a mistura de areia, terra, cimento e fibras, e amarradas por leves vigas de concreto armado, que também servirão de suporte para a cobertura. Sobre esse conjunto, a estrutura da cobertura feito em pau-rosa permite a ventilação com melhor climatização interna.
Veja o projeto completo na página da Kaira Looro.