A capela do Mosteiro Beneditino de Santa Maria de las Condes, que pode ser vista de diferentes pontos da região leste de Santiago, Chile, é um volume branco, localizado na metade da encosta do morro Los Piques.
Esta obra foi capaz de reunir uma longa reflexão sobre o tema eclesiástico a uma forma muito particular de conceber a arquitetura moderna. Uma das decisões importantes de seus arquitetos foi interpretar, com talento e originalidade, o significado de uma década de pesquisa coletiva sobre esses temas.
O conceito central do projeto, ou seja, os volumes brancos simples, caracterizados pela forma como são penetrados pela luz, encontra sua origem, ao menos no Chile, na capela de Fundo los Pajaritos, uma das primeiras obras de Alberto Cruz Covarrubias.
A origem desta igreja remonta à fundação da comunidade beneditina de Las Condes, que ocorreu no final da década de 1930. Ela se estabeleceu temporariamente na fazenda Lo Fontecilla e depois se mudou para o terreno atualmente ocupado pelo Hospital da Força Aérea. Finalmente a comunidade foi consolidada com o apoio da Abadia de Beuren na Alemanha e eles se estabeleceram em seu lugar atual no morro Los Piques.
Houve vários projetos para o mosteiro, desde um concurso privado, onde apenas as celas e uma capela provisória foram construídas, até um projeto da Universidade Católica de Valparaíso, que contribuiu com uma circulação diagonal e a ideia de manter a igreja na posição de acesso a todo o complexo.
Finalmente o projeto de Gabriel Guarda e Martín Correa para a igreja foi desenvolvido de 1961 a 1962. Eles fizeram um estudo intenso, utilizando maquetes em grande escala para avaliar os efeitos de iluminação, que são o tema central do projeto. Foi construído entre 1962 e 1964.
O percurso até a entrada, que é bastante longo, sobe uma curva suave na encosta, e no final dela, precedido por uma grande esplanada, é possível ver a igreja. A complexidade do projeto é evidente à primeira vista.
Por outro lado, a rota interna através da igreja é explicada por um lado pelo eixo diagonal, que liga vincula os dois volumes, e por outro lado por uma rota perimetral, que começa na entrada e termina na imagem da Virgem. Neste ponto, se faz presente o eixo diagonal, que continua até a parte de trás da nave, conduzindo à capela do Santíssimo Sacramento, e depois ao presbitério.
Além disso, o caminho do visitante pode se estender até mais em cima. A partir do presbitério há uma escadaria que chega à cobertura da igreja e permite alcançar a torre do sino. Esta igreja foi projetada para ser entendida à medida que se caminha por ela.
São dois volumes cúbicos brancos, que se cruzam em seu eixo diagonal e são acompanhados por uma série de volumes integrados menores que articulam o conjunto. Os mais notáveis são o pequeno cubo do campanário, o corpo de acesso e a rampa que leva à nave da igreja.
Cada um desses cubos tem uma planta de 14 por 14 metros, com uma altura que varia de 10 a 14 metros (sendo a última a altura da torre do sino).
Em seu interior, o eixo diagonal, de cerca de 30 metros de comprimento, ligando os dois cubos, tem origem no espaço que contém a imagem da Virgem e se estende até a sédia, localizada no lado oposto do cubo dos monges. Esta diagonal atua como o eixo longitudinal da igreja. No cruzamento dos cubos está o altar como um elo de ligação entre os fiéis e os monges.
A assembléia dos fiéis é dividida em quatro setores que estão dispostos radialmente em direção ao altar, com bancos muito simples e leves, dando todo o destaque ao espaço entre as paredes brancas.
A Capela do Santíssimo Sacramento, localizada ao noroeste, se faz presente através de uma janela interna na nave dos fiéis.
A ideia do cubo de luz que este projeto alcança é de considerável perfeição. Aqui a luz se torna complexa e variada. Ela penetra por diferentes pontos, em diferentes formas e em diferentes níveis. Por exemplo, em ambas as naves a luz entra por cima, e na capela do Santíssimo Sacramento por baixo da rampa de acesso e de frente na janela vertical oculta.
A ideia é que as arestas dos volumes fossem perfuradas e assim destruíssem a constituição dos cubos, reduzindo-os praticamente a planos percebidos de forma independente, aparecendo como puro espaço e pura luz.
Arquitetos: Gabriel Guarda e Martin Correa
Localização: Cerro Los Piques, Santiago, Chile
Área Projeto: aprox. 500 m2
Ano Proyecto: 1964
Referências: PUC Faba, “Los Hechos de la Arquitectura” Fdo. Perez Oyarzún- Alejandro Aravena- José Quintanilla, Pablo Cabrera Ferralis, Ricardo Urrutia, Sustainable Frog