Os escritórios Gênesi e EVO Arquitetos foram premiados com o terceiro lugar no concurso nacional Iconicidades, promovido pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e lançado em abril deste ano. A iniciativa buscava selecionar as melhores propostas de transformação de espaços públicos em locais de estímulo à economia criativa nas cidades de Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Cachoeirinha e São Leopoldo.
A dupla de escritórios foi premiada no concurso em São Leopoldo, que tinha como objetivo escolher o melhor projeto de requalificação para a Casa da Feitoria e o Museu do Imigrante, preparando o espaço para as comemorações dos 200 anos da imigração alemã no Brasil. Conheça o projeto a seguir:
Da equipe: Na estreita relação do homem com o passado, a memória constitui-se como forma de preservação e conservação do tempo. Nesta busca da construção e reconhecimento de uma identidade, a antiga casa da feitoria revela-se como testemunha da história, reafirmando um panorama histórico que narra a cidade de São Leopoldo. Diante desta leitura do tempo, a memória, que tece a identidade do lugar, nos leva a compreender, nas palavras de Álvaro Siza, que
(...) uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é um ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto.
Neste cenário, a proposta parte essencialmente da percepção de lugar, enquanto caráter simbólico, compreendendo seu contexto histórico, social e cultural. Assim, propõe-se uma condição contemporânea de forma que a arquitetura conceda um suporte cidadão para as manifestações da vida coletiva, apropriando-se do conceito de que “uma integração sobre o patrimônio deve ter como objetivo a conservação de sua autenticidade e sua apropriação pela comunidade”.
O anexo reproduz a “sombra” de um passado - museu do imigrante - ainda sentido, vivo. A volumetria adotada desempenha uma releitura da casa, marcada por materiais distintos, que evidenciam seus valores em sua condição técnica de intervir harmoniosamente no conjunto, de forma respeitosa e autêntica. Nesta perspectiva, priorizou-se a adoção de um subsolo, que permita a utilização de espaços amplos, contínuos e flexíveis para exposições, convivências, trocas e reconexão com o passado.
As ruínas da casa permanecem intocadas, estabelecendo uma condição simbólica da preservação de sua “alma”. As composições dos materiais contemporâneos evidenciam seus valores históricos: o vidro e o concreto são especialmente modulados como resultado de uma conjuntura que faz do passado um suporte para o presente.
Portanto, museu e anexo - passado e presente - integram-se de maneira natural, coexistem na paisagem, salvaguardando suas heranças históricas. Os caminhos delineados no entorno proporcionam a reconexão da cidade com sua história, onde nada é obstáculo, mas um convite à celebração da memória.
O traçado contínuo sugere caminhos que intersectam entre as pluralidades culturais de São Leopoldo, estimulando a profusão da cultura como estímulo e descoberta de si próprio. Desta forma, as ações projetuais permeiam entre despertar o senso de pertencimento da comunidade, com bases nas suas perspectivas históricas, e estimular o desenvolvimento socioeconômico, potencializados pela proposta.
Equipe de projeto
Arquitetos: Silton Henrique, Rodolfo Cavalcanti, Thiago Andrade e Lívia Maria
Estudante: Jessyka Alves
Consultora: Mirela Davi