Slow Down! é o mote que leva a 9a edição do Arquiteturas Film Festival à cidade do Porto, marcando uma mudança de cidade e de organização. A edição de 2022 do Arquiteturas Film Festival, agora organizada pelo INSTITUTO e sob a direção do arquiteto Paulo Moreira, afirma-se como uma plataforma internacional para discutir e disseminar a produção arquitetónica através de filmes, exposições e debates.
A edição deste ano reflete sobre a ideia de “abrandamento”, ainda que isso implique demolir, reduzir, reutilizar, ou subtrair a arquitetura. Há o interesse de ver, ouvir e debater sobre práticas espaciais justas social e ambientalmente, que transmitam uma relação recíproca entre a ação humana e a natureza.
Ao longo de cinco dias — 27 de setembro a 1 de outubro — o festival será estruturado em quatro eixos: Programa Oficial, Programa da Instituição Convidada, Programa Experimental e Programa de Competição. Cada eixo está associado a um ou dois locais emblemáticos da cidade: ao Cinema Passos Manuel, à Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), à Fundação Instituto Marques da Silva (FIMS), ao INSTITUTO e à Casa Comum.
Propondo uma nova perspetiva sobre a anterior estrutura do festival, a edição deste ano deixa de abrigar um país convidado e passa a ter uma instituição convidada. O Centre for Documentary Architecture (CDA), fundado pela alemã Ines Weizman, junta arquitetos, cineastas, artistas, programadores digitais, historiadores e outros amantes da arquitetura para refletir sobre a noção de arquivo, através da apresentação de filmes, debates e uma exposição na FIMS, que poderá ser visitada gratuitamente durante o festival. A exposição ficará patente até 22 de outubro.
Programação
“Slow Down!”, o tema que move a edição deste ano, é lançado pelo Programa Oficial, com curadoria da arquiteta e jornalista Catarina de Almeida Brito, e pelo diretor do festival, Paulo Moreira. O programa inicia na sessão de abertura, no Cinema Passos Manuel, com o filme “Landscape Healing”, de Richard John Seymour. Após a sessão, juntam-se ao realizador o arquiteto norueguês fundador do atelier 3RW arkitekter, Haakon Rasmus Rasmussen, e a arquiteta e fundadora do atelier DK-CM Cristina Monteiro, para uma conversa com moderação da gestora de projetos e de programação do INSTITUTO, Raquel Pais.
Nas manhãs dos dias seguintes, Richard John Seymour e Ines Weizman conduzem masterclasses na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, que contam também com o acompanhamento do professor especialista em Arquitetura e Cinema, Luis Urbano. As oficinas são abertas ao público, mediante inscrição prévia através do correio eletrónico do festival (sujeita ao número de vagas disponível).
Os filmes, exposição e debates programados pela instituição convidada, o Centre for Documentary Architecture (CDA), serão apresentados na Fundação Instituto Marques da Silva. O programa inicia com uma conferência da diretora, Ines Weizman, e inauguração da exposição “The Matter of Data. Documentary Architecture as Historical Method”. Nos dias seguintes, haverá exibição de filmes e debates associados aos temas de cada sessão. O acesso à FIMS, inclusive à exposição, é gratuito durante o festival. A exposição fica patente após o fim do festival, até dia 22 de outubro.
Já o programa Experimental terá lugar na sede da organização do festival, o INSTITUTO, na Rua dos Clérigos. O programa está a cargo da arquiteta e curadora Mariana Pestana, e apresenta pela primeira vez em Portugal uma seleção de filmes da série “Critical Cooking Show”, produzidos para a 5a edição da Bienal de Design de Istambul, em 2020, que teve a curadoria da portuguesa.
Competição
Fruto da Open Call lançada em abril e fechada em junho, que convidou cineastas, distribuidores e profissionais da indústria a submeter trabalhos relacionados com o tema deste ano, “Slow Down!”, o programa de competição encontra-se agora completo.
Da Open Call que recebeu cerca de 200 submissões de 50 países, foram selecionados 23 filmes, de 17 nacionalidades (incluindo Portugal, Austrália, Brasil, Chile, Egipto, Estados Unidos da América, Sri Lanka e Ucrânia). Os filmes são exibidos em oito sessões na Casa Comum, espaço cultural integrado no edifício da Reitoria da Universidade do Porto. A seleção foi coordenada por Sofia Mourato, antiga diretora do Arquiteturas Film Festival, e incluiu um comité composto por Andreia Garcia, Daniela Silva, Sara Nunes e Vasco Mendes. O júri da secção de competição é composto pela arquiteta e professora Joana Rafael; pela co-fundadora do coletivo Locument, a polaca Romea Muryń; pela artista, arquiteta e investigadora croata Ivana Sehic; pelo cineasta e artista visual Miguel C. Tavares; e pelo realizador Duarte Natário.
Às já habituais categorias de premiação — Documentário, Ficção, Filme Experimental, Talento Emergente e Prémio do Público — junta-se uma nova, a categoria de Consciência Social. Este novo prémio procura destacar filmes que abordem questões de justiça social e espacial, igualdade e diversidade cultural. O Arquiteturas Film Festival contribui, assim, para promover causas relevantes que afetam as cidades, o ambiente construído, e a sociedade atual. Os filmes premiados serão apresentados em duas sessões, no último dia do festival, no Cinema Passos Manuel.
Entre os filmes selecionados, destacam-se “Remnants of Memory”, de Jyll Johnstone e Michael Arlen Davis (EUA, 2021), já premiado nos festivais Gulf of Naples Independent Film Festival 2022, Beverly Hills Film Festival 2022, UN-Habitat Better Cities Film Festival 2022 e South Dakota Film Festival 2022; “Memories of the Berlin Room”, de Jörn Staeger (Alemanha, 2021), já apresentado no Architecture Film Festival de Roterdão, Kurz Film Festival de Colónia, e no Nordic Film Days, em Lübeck; e “Light Snatcher”, de Charlotte Airas (Finlândia, 2021), selecionado no Architecture & Design Film Festivals de Toronto e Vancouver, e no DOC NYC, de Nova Iorque. O festival irá apresentar as estreias mundiais de “Bawa’s Garden” (Reino Unido e Sri Lanka, 2022) realizado por Clara Kraft Isono, “Them, the Land and Us” (Brasil, 2020) do realizador Vitor Villaça Campanario, e “Group Affairs”, de Onur Can Tepe e Marcel IJzerman (Países Baixos, 2022). O grupo de realizadores que já confirmaram a sua presença no festival inclui Jonathan Ben-Shaul (“What Shall We Do With These Buildings?”, Ucrânia, 2022), Melanie Pereira (“Places of Absence”, Portugal, 2021), Charlotte Airas (“Light Snatcher”) e Onur Can Tepe (“Group Affairs”).
Portugal é o país mais representado na secção de competição, com quatro filmes selecionados: “Waters of Pastaza” (2022), de Inês T. Alves, que teve estreia mundial na secção Generation Plus do Berlinale 2022, e foi apresentado também no DocLisboa 2022; “Places of Absence” (2021), de Melanie Pereira; “Lethes” (2021), de Eduardo Brito e “Luz de Presença” (2021), de Diogo Costa Amarante.
O acesso às sessões do Arquiteturas Film Festival é gratuíto, sujeito à limitação dos espaços (para o programa Experimental, o INSTITUTO tem um limite de lotação de 30 pessoas). A masterclass na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto está dependente de inscrição prévia, através do email do festival.
O Arquiteturas Film Festival, organizado pelo INSTITUTO, é realizado em parceria com a Ágora - Empresa Municipal do Porto (apoio principal), com a Universidade do Porto, que acolhe o programa em três espaços (Casa Comum, Faculdade de Arquitetura e Fundação Instituto Marques da Silva), e com o Cinema Passos Manuel. O festival conta também com o apoio institucional da Ordem dos Arquitetos - Secção Regional Norte.
O programa completo do festival, os locais e toda a informação pode ser consultada em arquiteturasfilmfestival.com.