O primeiro serviço de trem a hidrogênio começou a operar na Alemanha, um feito inédito no mundo. A linha ferroviária 100% a hidrogênio estreou na pequena cidade de Bremervörde, perto de Hamburgo. No total, serão 14 veículos que vão substituir locomotivas a diesel, no norte do país, em quase 100 quilômetros de linha. Além de Bremervörde, a linha regional atende as cidades de Cuxhaven, Bremerhaven e Buxtehude.
O primeiro modelo Coradia iLint foi testado ainda em 2018. Isso porque os trens vêm sendo desenvolvidos há anos pela empresa francesa Alstom. A previsão era de lançamento da frota em 2021, mas provavelmente a pandemia atrasou os planos. Em agosto deste ano, a operação começou enfim a rodar.
Trens a hidrogênio
Além de eliminar a geração de poluentes, os novos trens têm a vantagem de terem autonomia de mil quilômetros, o que significa que só precisam ser reabastecidos uma vez por dia. Outro ponto importante é que a cidade de Bremervörde tem uma instalação de hidrogênio verde local.
Quem vive próximo a estação de trem também poderá usufruir de mais silêncio, uma vez que os novos trens operam com baixo nível de ruído, e ar mais limpo: o Coradia iLint libera apenas vapor de água e condensação. O modelo é equipado com células de combustível que convertem hidrogênio armazenado a bordo e oxigênio presente no ar em eletricidade, eliminando assim as emissões poluentes relacionadas à propulsão.
Descarbonizando a mobilidade
Em muitos países, o número de trens a diesel em circulação ainda é elevado – mais de 4.000 na Alemanha, por exemplo. Apesar dos inúmeros projetos de eletrificação existentes em vários países, uma parte significativa da rede ferroviária da Europa permanecerá não eletrificada a longo prazo. Segundo a agência France Press, isso ocorre na Alemanha, por exemplo, porque são principalmente trens regionais e rurais que não geram receita suficiente para justificar a onerosa transição para trens elétricos.
O hidrogênio passa a ser uma opção para essas linhas ferroviárias, pois requer menos infraestrutura. Ao mesmo tempo, as instalações de hidrogênio estão começando a surgir em todo continente europeu, sendo então a compra de trens o grande obstáculo financeiro para realizar a transição. Este último ponto também é significativo: a nova frota custou 93 milhões de euros, em contrapartida evitará a geração de 4.400 toneladas de CO2 a cada ano.
Além da Alemanha, a Alstom firmou contratos para fornecer trens a hidrogênio na França e na Itália. Segundo a empresa, o Coradia iLint foi também testado com sucesso em outros países, como Áustria, Holanda, Polônia e Suécia.
O Coradia iLint venceu o Prêmio Alemão de Design de Sustentabilidade de 2022, que reconheceu soluções técnicas e sociais, que são particularmente eficazes para impulsionar a transformação em termos de produtos, produção, consumo, ou estilo de vida sustentáveis, alinhados com a Agenda 2030 das Nações Unidas.
Via CicloVivo.