mobilidade, mas também para outras funções urbanas, trazendo maior complexidade no uso, ocupação e desenvolvimento das cidades, assim como as escadarias, os elevadores, as calçadas, as ciclovias entre outros dispositivos de mobilidade ativa. Todos esses aparatos são conhecidos como “arquiteturas da mobilidade”.
Arquicast conversa com Luísa Gonçalves, doutora pela FAU/USP e Renata Goretti, arquiteta com mestrado profissional em gestão urbana pela Universidade Técnica de Berlim. Entusiastas e com experiências na área, a conversa abordou uma série de exemplos no Brasil e no mundo sobre como as estruturas de mobilidade foram se transformando ao longo do tempo, sobretudo, a partir de mudanças significativas nos paradigmas da circulação urbana.
Historicamente, a circulação urbana foi tratada de forma setorial nos estudos e proposições para a cidade industrial, grandes planos eram essencialmente baseados nas grandes infraestruturas urbanas, consequentemente, nos grandes eixos de circulação. O mundo contemporâneo, dado às preocupações da sustentabilidade, bem como os novos meios de produção e modos de vida, revelou a complexidade do tema, organicamente relacionado com a economia urbana e demais temas da cultura, dentre eles, a supremacia dos automóveis ainda prevalecente no cotidiano urbano.
Hoje em dia, a preocupação com a qualidade de vida está conectada diretamente com o assunto mobilidade, oportunamente quando as infraestruturas da paisagem podem ser alteradas por soluções que contemplem a interdependência entre grandes sistemas de transporte e a qualidade da pavimentação de uma calçada, por exemplo, ou mesmo a preocupação com acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência nos espaços públicos.
Durante a conversa foi ponderado que estamos entre dois cenários com relação às arquiteturas da mobilidade, um deles refere-se à obsolescência das infraestruturas, como por exemplo casos clássicos de antigos viadutos em Berlim, Barcelona e Nova Iorque, que se transformaram em novos equipamentos coletivos. De outro lado, em especial, nos países em desenvolvimento, a constatada ineficiência e carência dos dispositivos de mobilidade.
Esse tema aponta para uma nova perspectiva para se observar os fenômenos dinâmicos das cidades. As arquiteturas, as infraestruturas e os pequenos dispositivos podem agora trabalhar em sinergia para a construção de uma cidade verdadeiramente orgânica. No entanto, as principais estruturas que precisam ser alteradas, nesse momento, são as estruturas das mentalidades gestoras.