Na Bienal de Arquitetura de 2023, o Pavilhão da Finlândia apresentará a exposição Huussi, Imagining the Future History of Sanitation, que trata da arquitetura da circulação de água e nutrientes, questionando o vaso sanitário com água e suas implicações para o futuro. "Huussi" é a palavra finlandesa para banheiro externo, um pequeno banheiro de compostagem usado pelos finlandeses em ambientes rurais e casas de campo. A exposição, com curadoria de Arja Renell e The Dry Collective, apresenta esta tipologia como ponto de partida para encontrar soluções alternativas à gestão de águas residuais, inspirando os profissionais a começarem a pensar em novas soluções de saneamento. Em seu cerne, a exposição questiona as consequências dos resíduos no contexto da crise climática que o mundo atravessa.
De acordo com a equipe de curadoria do Pavilhão Finlandês, nas economias desenvolvidas, 30% do uso doméstico de água é usado para descarga de vasos sanitários e cerca de 80% das águas residuais são lançadas no meio ambiente sem tratamento. Além disso, esse processo leva a danos ambientais em larga escala e causa poluição por nitrogênio. Esse efluente contribui para as emissões de gases de efeito estufa e de CO2, em números comparáveis à indústria da aviação. Esses fatos por si só são motivos suficientes para os arquitetos começarem a reconsiderar como a arquitetura pode desempenhar um papel no futuro de nossas ecologias.
O ponto de partida cultural do Huussi enfatiza soluções vernaculares que já eram usadas antes da era consumista em que vivemos hoje. Na verdade, o mundo “não pode continuar desperdiçando a escassa água potável, poluindo rios e oceanos com resíduos biologicamente perigosos, todo o sistema precisa mudar”.
A curadoria da exposição foi de Arja Renell, a arquiteta que montou o The Dry Collective, um grupo de arquitetos, artistas e designers que inclui: Eero Renell, Emmi Keskisarja, Janne Teräsvirta, Barbara Motta e o designer gráfico Antero Jokinen. Estará exposta no Giardini de Veneza, no Pavilhão da Finlândia, com design de Alvar Aalto, aberta ao público de 20 de maio a 26 de novembro de 2023.
O vaso sanitário com descarga é um produto perfeito da era consumista – conveniente, higiênico dentro de casa e de baixa manutenção. Você pressiona a descarga e os litros de água abundante e de baixo custo levam embora toda a responsabilidade que você tinha pelos seus resíduos, para serem tratados em outro lugar por infraestrutura subsidiada pelo governo. É outro exemplo de uma tecnologia que é perdulária, desigual e ecocida na qual estamos todos viciados, nas economias desenvolvidas. – Katarina Siltavuori, Diretora da Archinfo e Comissária do Pavilhão da Finlândia.
O tema da Bienal, “O Laboratório do Futuro”, com curadoria de Lesley Lokko, incentiva os arquitetos a apresentarem ideias ambiciosas e criativas para imaginar um futuro mais compartilhado e otimista. Assim como o pavilhão da Finlândia, o pavilhão dos Países Baixos anunciou recentemente sua exposição "Building Ecosystems", que desvendará nossas complexas infraestruturas e usará a água como uma metáfora para repensar as crises ecológicas. Além disso, o pavilhão suíço irá explorar as relações territoriais arquitetônicas na própria Bienal e as conexões entre o pavilhão e seu vizinho, o pavilhão da Venezuela. Também preocupado com a ecologia futura em geral, o pavilhão do Uruguai examinará as futuras leis florestais e como elas afetarão o ambiente construído.