Kaley Overstreet

Bacharel e Mestre em Arquitetura pela Escola Knowlton do Estado de Ohio. Mestrado em Desenvolvimento Imobiliário pela Universidade de Columbia. Contribuinte Sênior da ArchDaily. Interessado no desenvolvimento estratégico de cidades em uma escala intangível. Reside em Nova York.

NAVEGUE POR TODOS OS PROJETOS DESTE AUTOR

O que o mercado imobiliário nos diz sobre as migrações de volta às cidades?

Quase um ano após o início da pandemia de COVID-19, parece que estamos começando a recuperar minimamente o sentido de normalidade—ou de uma nova normalidade. Com a esperança injetada pela chegada das primeiras vacinas, voltamos a pensar sobre o futuro e os impactos da pandemia em nossos modos de vida. Durante o primeiro lockdown, testemunhamos um esvaziamento da maioria dos grandes centros urbanos, passando a habitar cidades fantasmas à medida que aqueles que podiam, buscavam refúgio em áreas menos densas e próximas à natureza. Passamos a nos questionar se estávamos de fato vivendo um fenômeno de êxodo urbano, contrário ao alarmante incremento da população urbana testemunhado ao longo das últimas décadas. Esta tendência, entretanto, foi apenas temporária e as pessoas estão finalmente voltando para a cidade.

Como a experiência sensorial pode salvar a arquitetura comercial?

Você pode se surpreender, mas os dias de compras nas lojas físicas estão longe de acabar - na verdade, eles estão em fase de revitalização, para criar um modelo totalmente novo de experiência e design, de forma a atrair novamente os consumidores para as lojas. A ascensão do e-commerce e a pausa causada pela pandemia COVID-19 serviram como um catalisador perfeito para a criação de um novo modelo de experiência, através de recursos projetuais exclusivos, avanços tecnológicos e customização, que revitalizarão as lojas físicas no futuro.

Arquitetura brutalista: o monstro que todos amam

Certamente têm razão aqueles que dizem que as tendências aparecem tão rapidamente quanto subitamente desaparecem—na moda, na música, na arte e, especialmente, na arquitetura. O brutalismo tornou-se um estilo bastante popular ao longo da primeira metade do século XX, atingindo seu auge na década de 1970 para então cair no esquecimento, à medida que as tendências apontavam para edifícios de linhas puras, formas simples e atemporais. Mas hoje, praticamente meio século depois, o amor pelas superfícies brutas e rugosas do concreto aparente parecem estar ressurgindo com toda força.

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Você moraria aqui? O que torna uma cidade desejável?

Desde que as cidades existem, surge uma questão fundamental para o seu futuro: "O que torna as áreas urbanas desejáveis?" Mais da metade dos habitantes do mundo vive em cidades e esse número deve aumentar na próxima década, com mais de 5 bilhões de pessoas vivendo em centros urbanos em todo o mundo. Para se preparar para essa demanda, as cidades estão encontrando maneiras de ser mais desejáveis ​​e atrair talentos para grandes e pequenas empresas, enquanto encontram outras maneiras de criar oportunidades de vida igualitárias para todos.

Como cidades mais verdes podem ajudar a criar um futuro equitativo?

Compreender os motivos que engendram desigualdades econômicas e sociais em nossa sociedade é um dos tópicos mais controversos e amplamente debatidos no campo do urbanismo. É evidente que esta é uma questão complexa, onde muitos fatores devem ser considerados—sendo um deles a localização e acessibilidade às áreas verdes em uma cidade. Embora parques urbanos sirvam como espaços de convívio e lazer, construindo comunidades, seus benefícios para a saúde pública nem sempre compensam. Em muitos casos, a instalação de áreas verdes se dá às custas de um amplo processo de gentrificação e expulsão das comunidades mais pobres. Neste contexto, nos cabe pensar em soluções que nos permitam construir cidades melhores, mais verdes e principalmente, mais inclusivas e portanto, menos desiguais.

Interpretando a arquitetura: como o projeto sai do papel através de técnicas de análise

A arquitetura nunca é um acidente. É um esquema cuidadosamente planejado de padrões e estilos que respondem ao ambiente natural, celebram a materialidade e / ou são referenciais de movimentos estilísticos ao longo da história, isto é, todas as formas de entender porque os projetos foram feitos daquela maneira. Existem diferentes maneiras de analisar a arquitetura, por meio do uso de diagramas, padrões, relacionamentos e proporções, para citar alguns. Para arquitetos e leigos, existe um desejo subconsciente de uma estrutura de tomada de decisão no projeto. Como resultado, a arquitetura se tornou um exercício de auto posicionamento - um reflexo microcósmico do mundo ao nosso redor, visto nos projetos que construímos.

Uma utopia para pedestres: a "cidades de 15 minutos"

Pense na cidade onde você mora. Quanto tempo você leva para chegar ao supermercado a pé? A sua escola ou trabalho é perto o suficiente para ir caminhando? Que tal um parque público, um consultório médico, uma creche ou qualquer outro lugar que você visita diariamente? Enquanto algumas cidades já entenderam a importância de se viver perto de todas essas necessidades, outras estão reformulando suas estratégias de planejamento urbano e projetando seus bairros para serem mais amigáveis aos pedestres, com o conceito de “cidades de 15 minutos”.

Novo filme produzido pelo OMA explora ideias para o hospital do futuro

Um novo filme produzido pelo OMA / Reinier de Graaf intitulado The Hospital of the Future [O Hospital do Futuro] foi lançado como parte da exposição Twelve Cautionary Urban Tales no Centro de Criação Contemporânea Matadero em Madri. Considerado um “manifesto visual”, o curta-metragem de 12 minutos questiona antigas convenções de saúde no campo da arquitetura em termos de metodologia de construção dos hospitais e suas tipologias. Investigando o papel que a doença desempenhou na formação das cidades, o filme oferece uma perspectiva possível para o futuro dos projetos voltados à área da saúde.

Seriam os subúrbios as cidades do futuro?

Os subúrbios americanos—como os conhecemos hoje—estão mudando, e embora esta transformação já esteja em curso a algum tempo, sua situação foi decisivamente agravada pela corrente pandemia. Em um momento em que temos sido convidados a passar mais tempo em casa do que talvez gostaríamos, passamos a reavaliar nossas próprias prioridades e a questionar o nosso atual modo de vida. Como consequências disso, boa parte dos habitantes das grandes cidades nos Estados Unidos, a qual historicamente se concentra em áreas urbanas, está se deslocando para o interior de forma aparentemente definitiva. Por assim dizer, estamos testemunhando um recente fenômeno de esvaziamento dos grandes centros do país, com a população urbana deixando as cidades em em busca de melhores condições de vida, neste caso, mais espaço, privacidade e tranquilidade. Acontece que, com o passar dos anos, os subúrbios americanos caíram nas graças da classe média, transformando-se na principal vertente de expansão urbana no país.

Vida e morte das Tiny Houses

A tendência das casas pequenas tem sido difícil de ignorar nos últimos anos. O mercado está cada vez mais saturado de programas de televisão e imagens do Pinterest dedicados ao tópico das micro-habitações, onde a casa é reduzida ao tamanho de um closet e cada cômodo assume uma função tripla. O que parece atraente na TV costuma ser muito menos desejável na vida real, e a medida que as pessoas desejam cada vez mais um estilo que as liberte dos bens materiais e da capacidade de viajar, o que isso significa para a realidade da construção de pequenas casas? É apenas uma fantasia que ninguém realmente vive e que foi prometida no mundo convencional?

Materiais de demolição, uma nova vida através da reciclagem

Em muitos lugares do mundo, uma nuvem de poeira e detritos combinada com uma bola de demolição e uma escavadeira compõem uma imagem que, ainda hoje, tende a simbolizar sinais de progresso, inovação, atividade econômica e a esperança de um futuro melhor através da arquitetura e da indústria da construção civil. 

Quando o sonho americano se tornou o pesadelo do planejamento urbano

Ao longo de quase um século, o maior sonho do americano médio era comprar uma casa com jardim, garagem e uma cerquinha branca. O sonho da casa própria e a ideia de viver em um bairro familiar afastado da agitação da centro da cidade eram considerados o estilo de vida ideal e o auge do sonho americano. Mas com o passar do tempo e as sucessivas crises econômicas e sociais que abalaram os Estados Unidos ao longo das últimas décadas, as autoridades locais começaram a perceber que bairros suburbanos exclusivamente residenciais não necessariamente eram um sonho, mas sim, um pesadelo.

TikTok: o novo aplicativo favorito de arquitetos e designers?

Em um mundo que já foi tão obcecado por imagens, ou por uma arquitetura que apenas servisse para alimentar o feed do “insta”, a ascensão do TikTok está criando uma reviravolta na forma como experimentamos e consumimos arquitetura. Em se tratando de números, podemos dizer que o TikTok já não é mais apenas uma modinha: só com a hashtag #architecture podemos acessar mais de 950 milhões de vídeos carregados, frequentemente utilizados para apresentar edifícios e obras de arquitetura segundo um tema ou interesse específico. Com a disseminação deste fenômeno, talvez estejamos assistindo ao fim da era do “edifício instagramável” e presenciando um momento em que o TikTok chegou para provocar uma transformação na maneira como nos conectamos e nos relacionamos com a arquitetura.

Como os erros do passado nos ajudarão a moldar as cidades do futuro?

Como seriam nossas cidades se deixássemos de experimentar e explorar novas soluções sempre em busca de uma melhor qualidade de vida para seus habitantes? Por mais que estejamos sempre trabalhando e desenvolvendo projetos e estratégias urbanas que nos permitam qualificar nossos espaços e, desta forma, construir cidades mais humanas, nem todas as iniciativas no campo da arquitetura e do urbanismo foram assim tão bem-sucedidas, as quais foram deixadas de lado para desaparecer na profundidade da nossa memória. Enquanto procuramos melhor compreender como será o futuro das nossas cidades, talvez seja importante analisar as lições que aprendemos com o tempo, para que os nossos erros históricos não voltem a se repetir mais adiante.

O nascimento dos movimentos arquitetônicos: onde estamos agora?

A arquitetura, e todos os aspectos do mundo do design, experimentou vários movimentos ao longo do tempo que definiram a maneira como nos expressamos por meio de edifícios, artes e outros meios. Criadas a partir de uma insatisfação com o status quo ou do surgimento de novas tecnologias, houve mudanças arquitetônicas particularmente notáveis e ideologias emergentes nos últimos 100 anos. Isso nos deixa com a pergunta - em que momento estamos agora e o que o caracteriza? Como iremos refletir retroativamente sobre este momento arquitetônico, e a pandemia de COVID-19 irá acelerar a inovação para nos levar à nossa próxima era de projeto?

O futuro do transporte público na vida após Covid-19

Com a notícia promissora de uma vacina em potencial que em breve poderá fazer com que o mundo retorne a um modo de vida seminormal, questões estão sendo levantadas sobre como será o futuro do transporte público. Embora alguns prevejam que levará anos até que voltemos às formas de aglomeração, como sardinhas enlatadas em vagões de metrô lotados durante a hora do rush, não se trata apenas de como os indivíduos se sentem estando próximos uns dos outros enquanto se movem pela cidade. Tem mais a ver com como nossos outros hábitos diários, que foram remodelados como resultado da pandemia, podem mudar os objetivos gerais dos sistemas de transporte público em todo o mundo. Que estratégias podem ser implementadas para trazer o número de passageiros de volta aos níveis normais e para trazer o cenário da mobilidade de volta para onde estava, enquanto a sociedade continua a passar por grandes mudanças fundamentais?

O retorno do Superstudio e da ideologia anti-arquitetura

Nos anos 1960, Cristiano Toraldo di Francia e Adolfo Natalini, então estudantes de arquitetura da Universidade de Florença, assumiram um posicionamento pungente e questionador em relação à disciplina da arquitetura, despertando uma onda revolucionária que viria a se espalhar rapidamente por toda a Europa. Inspirados em histórias de fantasia e ficção científica e buscando encontrar respostas para os principais problemas de sua época, a dupla que se autodenominava Superstudio, buscou continuamente reinventar o próprio significado do que é ser um arquiteto. Os projetos desenvolvidos pelos dois logo chamaram a atenção da comunidade internacional de arquitetos, uma abordagem que ficaria conhecida como “anti-arquitetura”, uma estratégia concebida para direcionar as atenções não para o conteúdo formal dos projetos em si, mas para o campo do debate político, elaborando críticas ferrenhas ao capitalismo e ao idealismo modernista. Em suas propostas, o Superstudio propunha edifícios e cidades onde os seres humanos parecem se desconectar do tempo, do lugar onde vivem e principalmente, das necessidades impostas por uma sociedade baseada em consumo de massa.

Como podemos transformar nossas cidades com o uso da tecnologia?

Segundo estimativas das Nações Unidas, atualmente mais de 55% da população mundial vive em cidades ou áreas urbanizadas, com uma forte probabilidade de este numero aumentar para quase 70% ao longo das próximas décadas. Apesar deste previsível e vertiginoso crescimento populacional urbano, muitas das grandes cidades do mundo têm feito pouco ou quase nada para qualificar suas infraestruturas já muito precárias e insuficientes. De fato, o que se desenha a nossa frente é o grande desafio da vez, talvez um dos maiores que a humanidade já enfrentou. Se a solução dos problemas de grande escala parece algo impraticável ou até impossível, talvez devêssemos buscar resolver os pequenos problemas, um de cada vez.