Ao rever os projetos de arquitetura que publicamos como parte de nossa seleção anual de 2020, pudemos distinguir muitos elementos e soluções recorrentes em termos de materiais, programas e funções.
Uma vez que a indústria da arquitetura se move um pouco mais devagar do que outras, descobrimos que muitos elementos e soluções de design dos últimos anos voltaram com força em 2020. Nesse sentido, acreditamos que as tendências no mundo da arquitetura podem ser definidas não apenas pelo que foi recorrente e popular, mas também pelo que se mostrou relevante e substancial.
https://www.archdaily.com.br/br/956308/tendencias-da-arquitetura-construcao-e-interiores-para-2021-o-popular-o-relevante-e-o-essencialPaula Pintos & Clara Ott
Por estar localizado na parte ocidental e central da América do Sul, o Peru possui uma enorme multiplicidade de condições geográficas que determinam uma variedade de paisagens e recursos em seu território. Em suas três grandes regiões - costa, serra e selva -, as diferenças entre as temperaturas médias de inverno e verão não são consideráveis, e, exceto nas regiões de alta montanha, os climas são definidos como tropicais ou subtropicais. Por não ter extremos de frio ou calor sufocante, as atividades ao ar livre - e os espaços para que se desenvolvam - adquirem uma grande relevância no desenho de residências e edifícios. As pérgolas e semi-cobertos, como limiares de transição entre os espaços interiores e a paisagem, oferecem a possibilidade de aumentar a superfície de sombra dos projetos, possibilitando o aproveitamento dos espaços externos sem perder a proteção que a arquitetura pode oferecer.
Memento mori é uma antiga expressão em latim que significa “lembre-se de que você é mortal”. Ao contrário do que parece à primeira vista, os romanos a usavam não para representar uma visão fatalista da morte, mas sim, como uma forma de valorização da vida.
Alguns séculos depois, chegando ao nosso contexto atual, quando o mundo atinge a aterrorizante cifra de 2 milhões de mortos em decorrência da pandemia de Covid-19, o memento mori está mais presente do que nunca.
Alunos da Escola de Engenharia da Universidade RMIT publicaram recentemente um estudo experimentando uma nova forma de gerenciamento de resíduos e reciclagem. Como eles observaram em sua pesquisa, bitucas de cigarro são o item de lixo individual mais comumente descartado no mundo, com cerca de 5,7 trilhões tendo sido consumidos em todo o mundo em 2016. No entanto, os materiais das pontas de cigarro - particularmente seus filtros de acetato de celulose - podem ser extremamente prejudiciais ao meio ambiente devido à baixa biodegradabilidade. O estudo RMIT baseia-se em uma pesquisa anterior de Mohajerani et. al (2016) que experimentou adicionar pontas de cigarro descartadas a tijolos de argila para uso arquitetônico. Em sua pesquisa, os alunos da RMIT descobriram que tal medida reduziria o consumo de energia do processo de produção de tijolos e diminuiria a condutividade térmica dos mesmos, mas que outras questões, incluindo contaminação bacteriana, teriam que ser abordadas antes de uma implementação bem-sucedida. A seguir, exploramos essa pesquisa com mais detalhes, investigando sua relevância para a indústria da arquitetura e imaginando possíveis futuros de aplicação.
https://www.archdaily.com.br/br/956321/reciclagem-de-bitucas-de-cigarro-como-materia-prima-para-tijolos-levesLilly Cao
Com cerca de um quilômetro de extensão, o complexo residencial Corviale, localizado na periferia sudoeste de Roma, foi idealizado na década de 1970 como uma alternativa à expansão dos bairros-dormitórios nos subúrbios romanos, consequência do aumento populacional significativo entre as décadas de 1950 e 1970 — quando a cidade passou de aproximadamente 1,6 milhão para 2,7 milhões de habitantes — e do consequente espraiamento urbano nas zonas periféricas.
Também conhecido como Serpentone, por suas extensas dimensões, o projeto foi realizado por uma equipe de arquitetos coordenada por Mario Fiorentino entre 1972 e 1974. A construção ocorreu entre os anos de 1973 e 1982, mas a intenção inicial de destinar o quarto pavimento do edifício principal do complexo para usos de comércio, serviços e áreas comuns foi abandonada devido à falência da empresa responsável pela execução da obra. Ao longo do tempo, o pavimento foi tomado por ocupações informais e o acontecimento é tido como a origem dos problemas deste emblemático projeto na história da habitação na Itália.
Oscar Niemeyer é o responsável pelas formas arquitetônicas que revolucionaram a arquitetura moderna, marcadas pelo ineditismo de suas ousadas curvas e elaboradas estruturas que conformaram a imagem de um Brasil utópico que representava a possibilidade de um futuro que nunca se realizou de fato. Grande parte de suas obras primas estão em Brasília, sem embargo, pouco se comenta sobre a casa projetada para si na capital brasileira que, surpreendentemente, traz traços coloniais e apresenta um outro lado - quase inédito - do mais famoso arquiteto brasileiro.
Tente imaginar como seria projetar uma cidade inteira do zero; desenhar cada uma de suas ruas, casas, edifícios comerciais, praças e espaços públicos. Uma folha em branco onde tudo é possível e sua única missão é criar uma cidade com identidade própria. Talvez esse seja o sonho de todo arquiteto e urbanista, e para a sorte de alguns poucos felizardos, esse sonho pode muito bem se tornar realidade em um futuro próximo.
Ao longo das últimas duas décadas, cidades inteiras foram construídas do zero em uma escala sem precedentes, a maioria delas na Ásia, Oriente Médio, África e também na América Latina. Além disso, o nosso planeta conta atualmente com mais de 150 novas cidades em processo de implementação. Esta nova tipologia de desenvolvimento urbano tem se mostrado particularmente sedutora em países de economia emergente, iniciativas propagandeadas como elementos estratégicos capazes de impulsionar o crescimento econômico e atrair novos investimentos.
Sabemos que as cores podem influenciar nossas sensações e provocar diferentes percepções do espaço, o que reitera a importância do seu estudo nos projetos arquitetônicos e a relevância da concepção de uma paleta de cores coerente. O impacto que a cor pode provocar no espaço e nas pessoas que o habitam torna-se ainda mais perceptível quando todo o ambiente é envolvido com apenas uma cor. Nesses casos não há limites para a quantidade de elementos arquitetônicos em que a tonalidade escolhida pode ser aplicada. Pisos, forros, paredes, mobiliário e até mesmo as tubulações e eletrocalhas podem ter uma coloração específica atribuída para estar em concordância com o ambiente monocromático.
Viver na cidade e viver a cidade é estar disposto a todo e qualquer acontecimento. Em um mesmo dia passamos por lugares e espacialidades diferentes, com composições e tempos distintos. Nenhum dia é igual ao outro, já que estamos em constante movimento, diante de uma combinação aleatória de eventos que geram efeitos sobre objetos e sujeitos; e que geram os espaços pelos quais transitamos e as percepções que vivenciamos. Diante dessa reflexão, surge a discussão dos efeitos da arquitetura e urbanismo para além de um campo visual, atrelada ao pertencimento do ser com o espaço e baseada na forma e na dinâmica urbana. Como podemos apreender os efeitos do objeto sobre o sujeito e vice-versa? Qual é a leitura materializada que temos da cidade como reflexo das ações da sociedade?
https://www.archdaily.com.br/br/956524/tramas-urbanas-a-sociedade-paulistana-como-reflexo-e-extensaoCamila Yumi de Campos
Diller Scofidio + Renfro (DS + R) e Stefano Boeri Architetti venceram o concurso internacional de arquitetura para a reforma da Pirelli 39 em Milão. Lançado em 25 de novembro de 2019, o concurso organizado pela COIMA SGR e a prefeitura de Milão, reuniu 70 inscrições compostas por 359 escritórios de 15 países.
A Amazon divulgou o projeto para sua segunda sede, um complexo localizado no estado da Virginia, EUA. Projetado pelo escritório NBBJ, o projeto oferece "um ambiente que prioriza o trabalho saudável, celebra a natureza e envolve a comunidade em várias escalas”. Com mais de 280 mil metros quadrados de escritórios, áreas de reunião e comércio de rua, o projeto busca, segundo os arquitetos, "criar uma força de trabalho e uma comunidade mais saudáveis."
O concreto é frequentemente visto como um material bruto, duro e frio – e é, inclusive, adorado por isso. No entanto, o uso do concreto junto da vegetação pode contribuir para uma espécie de "suavizada" do material, adequando-o a mais aplicações. Veja, a seguir, nove projetos que apresentam soluções interessantes para a fusão do concreto com a vegetação.
Com o adensamento das cidades e redução da disponibilidade de solo, o fenômeno da verticalização tem se intensificado nas cidades de todo o mundo. Assim como a verticalização de edifícios — que costuma dividir opiniões de arquitetos e urbanistas — muitas iniciativas têm buscado na dimensão vertical uma possibilidade para promover a presença do verde nos centros urbanos. Jardins, fazendas ou florestas verticais, hortas em coberturas e estruturas suspensas para agricultura urbana são algumas das possibilidades de verticalização do cultivo de espécies vegetais, cada uma com suas especificidades e impactos específicos para as cidades e seus habitantes.
Mas seria a verticalização a solução ideal para tornar as cidades mais verdes? E quais são os impactos dessa ação nos centros urbanos? Ou ainda, quais os benefícios da vegetação que são perdidos ao adotar soluções em altura, ao invés de promover seu cultivo diretamente no solo?
A realidade das grandes cidades, como a Cidade do México é, na maioria dos casos, formada por pessoas de vários estados do país e de vários países ao redor do mundo. No entanto, devido à situação da pandemia e à nova era do trabalho remoto, foi radicalmente despertado um interesse em regressar às províncias e regiões costeiras onde há menos população, superlotação e, aparentemente, menos restrições sanitárias em comparação com as grandes cidades que acolhem os grandes aeroportos.
Através das formas, cores e, principalmente, dos elementos na fachada, muitos arquitetos têm buscado transmitir uma sensação de movimento a suas obras, que essencialmente são estáticas. Santiago Calatrava, Jean Nouvel e Frank Gehry são alguns dos mestres que conseguem proporcionar um efeito dinâmico a estruturas imóveis, destacando a obra no contexto, com artifícios formais trazidos das artes plásticas. Mas há vezes, também, que por razões estéticas ou funcionais, os arquitetos optem por estruturas móveis que possam trazer algum tipo de diferencial à obra construída.
O aumento exponencial da população versus a falta de acomodações acessíveis é um problema que afeta áreas urbanas de todo o mundo. Para auxiliar nesta questão, a empresa italiana Mario Cucinella Architects propõe um novo modelo de habitação circular. Trata-se de uma casa impressa em 3D com materiais orgânicos.
O protótipo usa recursos encontrados regionalmente, como é o caso da argila de origem local – sendo a primeira casa impressa do tipo. Isso reduz as emissões de transporte de materiais e também garante que o edifício seja zero desperdício.
Após quatro anos de atraso, as obras do Centro Presidencial Obama poderão ser iniciadas em agosto deste ano, segundo informa o Chicago Tribune. O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, confirmou ontem em sua conta no Facebook que o centro "começará a ser construído em 2021" e as obras durarão cerca de quatro anos.
O Prêmio da União Europeia para a Arquitetura Contemporânea, Prêmio Mies van der Rohe, acaba de anunciar as primeiras 449 obras para concorrer na sua edição de 2022. Selecionados em 279 cidades de 41 países, os projetos foram nomeados por especialistas europeus independentes, associações nacionais de arquitetura e pelo Comitê Consultivo do Prêmio.
O World Architecture Festival anunciou os vencedores do Architecture Drawing Prize 2020. As inscrições foram escolhidas nas categorias Digital, Desenho à Mão e Híbrido. O concurso recebeu 165 inscrições de 30 países, e a competição de 2020 também introduziu o ‘Prêmio Lockdown’ com foco na pandemia global, concedido a um desenho relacionado às mudanças arquitetônicas trazidas pelo COVID-19.
Nayarit é um estado situado na região oeste do México, limitado geograficamente pelos estados de Sinaloa, Durango, Zacatecas e Jalisco, fazendo frente com o Oceano Pacífico. Conta com uma superfície de 27 815 km², sendo o nono menor estado do país. Sua capital e cidade mais populosa é Tepic. No entanto, outras localidades importantes desse território são Nuevo Vallarta, Valle de Banderas, Ixtlán del Río, San Blas, Santiago Ixcuintla, Acaponeta, Compostela, Jala, Santa María del Oro, Rosamorada, Xalisco, San Pedro Lagunillas, Tecuala e Huajicori.
Foi uma emocionante primeira semana de votações no prêmio Building of the Year. Com mais de 100.000 votos apurados até agora, este prêmio tem se mostrado um dos mais relevantes e democráticos da comunidade da arquitetura – um prêmio onde você faz parte do júri e seleciona a melhor arquitetura do ano.
Ao votar, você se torna parte de uma rede imparcial e distribuída de jurados que vem destacando os projetos mais relevantes da última década. Na próxima semana, esta inteligência coletiva avaliará mais de 4.500 projetos e escolherá os 75 finalistas.
Temporada de liquidações do Shopping Lar Center destaca produtos para todas as necessidades, seja para construção e reforma ou para a decoração dos ambientes.
Em Her, filme de 2013 dirigido por Spike Jonze, um solitário escritor desenvolve uma relação de amor com a assistente virtual de um sistema operacional. Admirável Mundo Novo, livro escrito em 1932 pelo inglês Aldous Huxley, fala de uma sociedade cujo culto à eficiência, racionalização e à máquina desencadeou uma humanidade que desconhece o esforço e a dor, mas também reprime o amor e a liberdade. Já em Frankenstein, livro de 1823, considerado o primeiro romance de ficção científica, uma vida é criada artificialmente, produzindo um monstro com características humanas: vontades, desejos e medos. Seja, respectivamente, em relação ao receio com a inteligência artificial, as incertezas com a industrialização ou os limites da ciência, obras de ficção científica nos revelam muito mais que apostas certeiras do futuro – no tempo em que foram criadas, falam sobre os temores e anseios da época.
Quando exploramos as visões urbanas do passado sobre o futuro, é comum encontrarmos exemplos exagerados e até engraçados. Acerca das promessas da arquitetura e, consequentemente, das nossas cidades, também não é tarefa fácil apontar caminhos com clareza. Observando as tendências no campo e usando toda a nossa imaginação, será que podemos afirmar como as cidades se parecerão em dezenas ou centenas de anos? Seus materiais, sua aparência, a maneira de construir e pensar? Este futuro será mais minimalista e impoluto ou mais orgânico e complexo? Como as novas tecnologias e materiais de construção afetarão a forma, a estética e a prosperidade das cidades de amanhã?
Ir à Colômbia, sendo brasileira, foi como reconhecer um país irmão. Em um mês, como participante do workshop Field Stations, registrei perspectivas pessoais das impressões que tive dos lugares visitados. O tema é a paisagem fluvial e os registros têm a fragilidade e subjetividade de um diário de bordo. A vontade de compartilhá-los é a de expressar essa identificação, de mostrar como vi semelhanças entre nós: problemas, complexidades e belezas, bem como a clareza e o reconhecimento de que unidos seríamos mais fortes. Vislumbra-se a ideia de eliminar as fronteiras invisíveis que nos afastam e de agregar povos subdivididos pelos colonizadores.