Estou cansado de revistas de decoração e marcas de tintas tentando me vender suas monótonas paletas de cores “neutras”. Muitos afirmam que o “Bege Está de Volta,” que desde sempre os tons neutros têm sido considerados elegantes e capazes até de nos trazer paz e tranquilidade. Eu, pessoalmente, não acredito em nada disso. As paletas de cores minimalistas que encontro com frequência em muitos dos edifícios de arquitetura contemporânea não me relaxam, elas me aborrecem tanto que eu até fico com raiva. A idealização da alvura do mármore das ruínas greco-romanos é um mito. Hoje em dia todos nós sabemos que estas estruturas nunca foram brancas tal e qual nos foi ensinado na escola. Nossos antepassados nunca foram capazes de criar estruturas e espaços incolores. A sua arquitetura, por excelência, era nitidamente policromática.
O que aconteceria se abdicássemos da epistemologia moderna que separa o “nós” dos “outros”? Como ficaria a história da arte sem essa separação restritiva? Muitos outros mundos, não desencantados, coexistem com o nosso. Outras cosmopolíticas podem nos permitir visões menos excludentes da vida e das relações, escavando futuros até agora insuspeitados.
Guilherme Wisnik conversa com Renata Marquez, professora da Escola de Arquitetura e Design da UFMG e coeditora da revista Piseagrama. Com doutorado em Geografia e pós-doutorado em Antropologia, pesquisa práticas curatoriais, teoria e crítica na interface entre arte, arquitetura, geografia e antropologia.
https://www.archdaily.com.br/br/952069/mundos-indigenas-interfaces-entre-arte-arquitetura-e-geografiaEquipe ArchDaily Brasil
O Vietnã tem uma rica história de arquitetura tradicional. Desde as casas de Rong e residências de Trinh Tuong às casas de palafitas do povo Ede, o país mostra uma profundidade de métodos e estilos de construção vernaculares. Hoje, arquitetos reinterpretam as técnicas de construção do passado para criar casas neo-tradicionais baseadas na vida contemporânea.
O planejamento urbano é um importante meio para reduzir a desigualdade e promover a equidade em uma cidade. No Brasil, a priorização destes objetivos é ainda mais evidente dado não só a profunda desigualdade social na nação como um todo, como a evidente desigualdade no acesso a oportunidades e a infraestrutura e serviços urbanos, o que pode ser traduzido como verdadeiro acesso à cidade.
No entanto, embora muitos acreditem que a desigualdade urbana é fruto de um cenário onde cidades não tiveram planejamento, praticamente resultado do acaso, a realidade é que o planejamento urbano, historicamente e até hoje, vem contribuindo para agravar as desigualdades ao invés de mitigá-las.
No último dia 8 de novembro, Berlin-Tegel assistiu a sua última decolagem. Ao longo dos próximos anos o famoso aeroporto da capital alemã estará fechado para reformas. Segundo projeto desenvolvido pela equipe do gmp architekten, o aeroporto será transformado em um parque industrial para o desenvolvimento de novas tecnologias urbanas. Chamado de Berlin TXL–Urban Tech Republic, o projeto transformará os edifícios existentes para que possam abrigar novas funções, operando como uma incubadora para empresas emergentes na Alemanha.
Fernando Cuenca Goitia em seu livro “Breve História do Urbanismo” afirma que a cidade da época medieval surge no começo do século XI e se desenvolve somente entre os séculos XII e XIII. Segundo o autor, esse crescimento esteve devidamente atrelado ao desenvolvimento do comércio que possibilitou ocupações laborais fixas, fazendo com que a cidade não fosse mais composta majoritariamente por viajantes. Ou seja, formou-se uma sociedade burguesa desenvolvida a partir das mais diversas atividades – como artesãos, feirantes, ferreiros, armadores de barco – que serviu de estímulo à cidade medieval.
O Architecture Drawing Prize 2020 anunciou os finalistas nas categorias Digital, Desenho à Mão e Técnica Mista. O concurso deste ano reuniu mais inscrições do que a edição anterior, com 165 participantes de 30 países, 35 dos quais são de estudantes e arquitetos com menos de 30 anos. Além disso, a competição de 2020 introduziu o ‘Prêmio Lockdown’, com foco na pandemia global, concedido a um desenho relacionado às mudanças arquitetônicas trazidas pelo coronavírus.
O concreto é o segundo material mais utilizado na construção civil em números absolutos. Ele também ocupa a segunda posição como um dos principais responsáveis pelas emissões de CO2 na atmosfera, contribuindo com mais ou menos seis por certo das emissões anuais de dióxido de carbono. Embora não sejam dados para orgulhar-se, a popularidade do concreto permanece imaculada, sendo ainda hoje um dos mais queridos materiais de construção para arquitetos do mundo todo. Entretanto, à medida que nós profissionais e também o público em geral nos tornamos cada dia mais conscientes à respeito das suas causas e efeitos não agravamento das mudanças climáticas, o impacto ambiental causado pela indústria do cimento torna-se uma das principais questões a ser debatida. Como resultado disso, designers, arquitetos e pesquisadores do mundo todo estão debatendo e nos ajudando a construir um debate mais amplo sobre qual o futuro do concreto na arquitetura e na industria da construção civil.
https://www.archdaily.com.br/br/927190/qual-e-o-futuro-do-concreto-na-arquiteturaNiall Patrick Walsh
O escritório Adjaye Associates divulgou recentemente o projeto preliminar para o Museu Edo de Arte da África Ocidental (EMOWAA). Investigando a arqueologia do Reino de Benin, incluindo as ruínas no próprio terreno do museu, o EMOWAA terá suas obras iniciadas em 2021 com apoio do Legacy Restoration Trust (LRT), organização sem fins lucrativos que contribui com projetos patrimoniais e arqueológicos, e do British Museum da Inglaterra. O projeto é apoiado, ainda, pelas comunidades locais, pelo Reino de Benin, pelo Governo do Estado de Edo, e pela Comissão Nacional de Museus e Monumentos (NCMM).
Não necessariamente de pequena escala, mas sim pontuais e estratégicas, as intervenções de acupuntura urbana são rápidas de executar, reversíveis e, muitas vezes, de baixo custo. A prática tem se consolidado como uma possibilidade frente às transformações urbanas que exigem processos extensos e burocráticos não apenas na tomada de decisões, mas também na sua execução, o que muitas vezes exclui os habitantes do desenvolvimento dos projetos em suas diferentes etapas.
Tepoztlán é uma região localizada no estado de Morelos, no centro-sul do México, limitada geograficamente pelos estados de Guerrero, Puebla, o Estado do México e a Cidade do México. Possui 242.646 km² de área e é um dos 111 povoados catalogados pelo governo que recebem incentivos para impulsionar o turismo patrimonial e ecológico.
Após ao menos cinco anos de estudos, chega o momento dos alunos de Arquitetura e Urbanismo fazerem seus trabalhos finais de graduação - chamados frequentemente de TCC, TFG ou Projeto de Final de Curso. Ao escolher o tema, os estudantes evidenciam projetos civis, urbanos ou teóricos que são de grande importância no momento de levantar um debate sobre o futuro de nossas cidades, do ambiente construído, da infraestrutura urbana, da mobilidade e tantos outros tópicos fundamentais para evoluir o modo como habitamos o espaço.
https://www.archdaily.com.br/br/950353/os-melhores-trabalhos-de-conclusao-de-curso-em-2020-envie-o-seuEquipe ArchDaily Brasil
A entrada de luz natural, a melhoria das condições de ventilação e a possibilidade de aumentar o contato com a natureza sem que isso implique a perda de privacidade são algumas das vantagens associadas aos jardins e pátios internos.
Uma construção impressionante foi erguida em Rudrapur, um vilarejo no norte de Bangladesh. Foram usadas técnicas e materiais locais para dar forma ao espaço que surgiu para suprir uma importante demanda. Batizado de Centro Anandaloy, o primeiro andar funciona como um centro de atendimento a pessoas com deficiência.
O projeto venceu o Prêmio OBEL 2020, uma premiação internacional que homenageia as contribuições arquitetônicas notáveis para o desenvolvimento humano em todo o mundo.
Um espaço que deixou de ter relevância puramente higiênica para ganhar certo protagonismo em alguns projetos, o banheiro se tornou um elemento indispensável nos mais diversos programas arquitetônicos, sejam público ou privado.
https://www.archdaily.com.br/br/951704/banheiro-tudo-o-que-voce-precisa-saber-para-projetar-umEquipe ArchDaily Brasil
A busca pela cidade ideal sempre permeou a história da humanidade constituindo uma utopia perseguida por governantes, artistas, filósofos e, na história mais recente, por nós, urbanistas. Desde o século XIX foram propostos – e, por vezes construídos, - diversos modelos de cidades ideais, passando das cidades-jardim de Howard, às cidades mecanizadas, às radiais, às caminhantes do grupo Archigram, às nômades como a Nova Babilônia de Constant Nieuwenhuis, às modernistas, entre outras.
O celeiro, com uma natureza muito semelhante à dos silos e galpões, é uma tipologia de construção essencial na paisagem rural e agrícola. Com soluções formais muitos simples e funcionais, os celeiros servem especificamente como um lugar de armazenagem de grandes volumes de provisões para animais e são comumente caracterizados por seus pés direitos altos, vãos generosos e por uma relativa flexibilidade espacial, protegendo o feno e os grãos do sol, da chuva, da humidade e dos próprios animais.
Voltado a estudantes de arquitetura latino-americanos, o Prêmio Acero tem como objetivo promover e impulsionar ações complementares aos modelos pedagógicos para a concepção de ideias arquitetônicas inovadoras utilizando o aço como matéria-prima. A edição deste ano, que tinha como tema "Cidades e Comunidades Sustentáveis", premiou com o primeiro lugar uma equipe formada por dois estudantes brasileiros da FAUUSP.
“Arquitetura que não toca o chão” é o nome da proposta desenvolvida por Augusto Longarine e Luiz Sakata, com orientação do professor Luciano Margotto, que com o mesmo projeto venceram o 13º Concurso CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço), a etapa nacional que antecede o Alacero. Veja o projeto a seguir, acompanhado do memorial escrito pelos estudantes.
Em 2018, a socióloga e cicloativista Marina Harkot defendeu sua tese de mestrado A Bicicleta e as Mulheres na Universidade de São Paulo (SP). Para criar uma metodologia qualitativa dos desafios da mulher ciclista na cidade, ela ouviu diversas mulheres: as que pedalam para trabalhar, as que pedalando conhecem a cidade e as que adoram subir o relevo ondulado da capital.
Foi possível com sua metodologia revelar um traço comum entre as diversas ciclistas: “É a rede em torno dessas mulheres que parece fazer com que elas comecem a pedalar e que permaneçam pedalando — e os exemplos femininos, as mulheres (conhecidas ou não) que pedalam e as inspiraram”, escreveu a pesquisadora.
Como uma das primeiras etapas de um projeto arquitetônico, a implantação do edifício no terreno é responsável pelo direcionamento de uma série de decisões projetuais subsequentes, como por exemplo, a distribuição espacial do programa.
Particularmente nos casos em que o edifício é construído em um terreno irregular, seja pela presença de muitos recortes, assimetrias, ângulos agudos ou trechos estreitos, é muito provável que a conformação do lote exerça influência direta no partido adotado.
"O mundo está muito polarizado." Esta é uma frase que todos nós já ouvimos recentemente. Embora isso seja um fato incontestável, houve épocas em que o planeta esteve tão ou mais polarizado que hoje. Em especial, o período entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o início dos anos 1990 foi marcado por uma enorme tensão entre os blocos capitalista e socialista que deixou marcas profundas em muitos países e sociedades. O desmantelamento deste último, simbolicamente representado pela queda do muro de Berlim, extinguiu a tensão mas não erradicou o comunismo, que permanece ainda hoje como sistema político de alguns países
Há, atualmente, seis países que vivem um regime comunista: China, Coreia do Norte, Cuba, Laos, Vietnã e Transnístria. Com divergências em seus sistemas econômicos – a China, por exemplo, tem uma economia considerada mista por alguns especialistas, com regiões reguladas por um sistema de mercado capitalista – estes países também apresentam, evidentemente, particularidades sociais, culturais e geográficas que refletem em suas cidades e arquiteturas.
A Un-Habitat ou agência das Nações Unidas para assentamentos humanos e desenvolvimento urbano sustentável, cujo foco principal é lidar com os desafios da rápida urbanização, vem desenvolvendo abordagens inovadoras no campo do desenho urbano, com projetos centrados na participação ativa da comunidade. O ArchDaily se associou ao UN-Habitat para trazer notícias semanais, artigos e entrevistas que destacam este trabalho, com conteúdo direto da fonte, desenvolvido por nossos editores.
Associada ao crime, ao desperdício e ao lixo, Dandora, nos limites de Nairóbi, é o lar de cerca de 140.000 habitantes. Em uma colaboração contínua, entre moradores e grupos de jovens, a UN-Habitat, a coalizão Making Cities Together e a “Liga de Transformação de Dandora”, foi criado o projeto "Rua Modelo", que vem transformando os espaços comunitários repletos de lixo em espaços livres de resíduos, atraentes e envolventes. Com foco na melhoria dos espaços compartilhados de conjuntos residenciais, uma competição anual liderada pelos jovens do bairro, o Changing Faces Challenge, tornou-se uma iniciativa para mobilizar cidadãos em Nairóbi.
Quando projetou o Pavilhão Nórdico em Veneza, Sverre Fehn incorporou elementos arquitetônicos nórdicos de formas pouco usuais. Possivelmente o que mais chama atenção no edifício seja sua cobertura laminar de concreto branco, que é rompida por árvores, barrando os raios solares e filtrando a luz. Dependendo do ângulo, as lâminas permitem visualizar as cores do céu e a copa das árvores, trazendo um dinamismo à cobertura no percurso pelo edifício. De fato, a utilização de lâminas em fachadas, paredes e coberturas é uma tradição que provém da arquitetura nórdica e tem se espalhado pelo mundo. Neste artigo abordaremos alguns exemplos de emprego dessa solução, as possibilidades e as melhores formas de amplificar o efeito.