Observando rapidamente o continente africano, encontraremos uma enorme diversidade de padrões de assentamentos humanos, variando desde pequenos ambientes urbanos, enclaves rurais até extensas metrópoles. Sobrevoando este vasto território, podemos concluir também que muitas cidades africanas estão trabalhando para superar a lacuna histórica que as separa do resto do mundo—embora essa “evolução”, na maioria dos casos, esteja apenas acentuando as desigualdades estruturais que permeiam este continente de norte a sul. E esta dinâmica não é uma novidade, pois a aparência de muitas das cidades africanas ainda hoje é resultado de uma longa história de opressão e segregação.
Arquitetura Africana: O mais recente de arquitetura e notícia
Vestígios urbanos do passado colonial: Dar es Salaam e Nairobi
Guia arquitetônico da África subsaariana: explorando a arquitetura de Bangui e Kinshasa
Quando olhamos para a arquitetura africana, vemos a diversidade arquitetônica de um continente moldado em sua forma atual, por uma combinação de fatores internos e externos. Ao analisar a arquitetura africana, há também uma tendência de certas regiões terem precedência sobre outras partes do continente. As obras modernistas tropicais de Maxwell Fry e Jane Drew em Gana e na Nigéria, por exemplo, são extremamente bem documentadas. Assim como a arquitetura da era colonial extremamente bem preservada da capital da Eritreia, Asmara. No entanto, parecem haver partes do continente que “escapam do radar” nas conversas sobre arquitetura africana — assim o livro Architectural Guide: Subsaharan Africa é uma adição bem-vinda aos estudos da arquitetura africana.
Arquitetura suaíli: origens e influências que moldaram a paisagem urbana do leste da África
O continente africano desempenhou ao longo da história da humanidade um papel fundamental na evolução dos processos migratórios. Neste vastíssimo e exuberante território, diferentes povos e culturas conviveram e se miscigenaram por séculos e séculos, resultando em um dos continentes mais humanamente diversos do nosso planeta—e o mesmo pode ser dito de sua arquitetura. Neste sentido, a heterogeineidade característica da arquitetura africana é resultado direto de um longo e intenso processo de apropriação e trocas entre distintos povos, culturas e modos de fazer. Em meio a essa fecunda paisagem construída, podemos encontrar desde tipologias ancestrais construídas pelos povos nativos até estruturas híbridas, nascidas do convívio—ora orgânico ora imposto—entre diferentes culturas e formas de ver o mundo.
Pancho Guedes, esculpindo uma nova África
Amancio d'Alpoim Miranda Guedes, mais conhecido como Pancho Guedes, foi um arquiteto, pintor, escultor e educador referenciado como um dos primeiros arquitetos pós-modernistas de todo o continente africano. Ao longo de sua carreira, o arquiteto nascido em Lisboa desenvolveu cerca de 500 diferentes projetos, frequentemente referidos como edifícios ecléticos, de influência africana lusófona e de um estilo artístico peculiarmente surrealista e experimental. Talvez pelo fato de que Pancho Guedes tenha escolhido trabalhar e viver em países da África como Moçambique, Angola e África do Sul, longe dos grandes centros de gravidade da arquitetura, sua obra nunca recebeu a devida atenção que fato merece. Ainda assim, Pancho Guedes foi — e ainda está para ser descoberto por muitos de nós — um dos mais importantes personagens da história da arquitetura moderna africana.