Ao conhecer e analisar as múltiplas possibilidades construtivas e arquitetônicas do bambu, é natural que surjam as seguintes perguntas: Como aproveitar suas qualidades e potencializar seu uso em climas mais frios, que requerem necessariamente uma espessura que possibilite o isolamento de paredes, pisos e coberturas? O que ocorre se mesclarmos com materiais que complementares?
Conversamos com Penny Livingston-Stark, arquiteta e professora de permacultura que tem trabalhado durante 25 anos no campo dos projetos regenerativos com base em materiais naturais não-tóxicos, para aprofundar as oportunidades na junção entre terra e bambu.
O projeto de C-re-a.i.d. para um povoado Maasai, no norte da Tanzânia, é uma resposta morfológica à necessidade imposta de assentar-se, utilizando materiais sustentáveis, locais e acessíveis, para redefinir sua cultura de construção.
O projeto é construído através de uma série de sacos de terra e garrafas de vidro que, além de conformar espaços privados e confortáveis, permitem uma construção rápida e fácil.
Utilizando cimento e tijolos de lama crua, os arquitetos Solanito Benitez, Solano Benitez, Gloria Cabral, Maria Rovea e Ricardo Sargiotti construíram um muro que pôde ser erguido graças ao trabalho conjunto de ambos os materiais. Após a cura do cimento, os tijolos foram desmanchados com água, deixando vazios no muro como uma espécie de negativo dos blocos.
A intervenção fez parte da mostra de arte MUVA em Unquillo, Córdoba, Argentina, que aconteceu entre os dias 11 de abril e 3 de maio de 2014.
O pesquisador Sofoklis Giannakopoulos do Institute for Advanced Architecture of Catalonia (IAAC) apresentou recentemente a Pylos, uma impressora 3D que permite construir com um material naturam biodegradável, barato, reciclável, local e que todos conhecemos: a terra.
Em uma busca pessoal de tornar a impressão 3D um "método construtivo em grande escala" em anos de turbulência econômica e ambiental, Pylos explorará o potencial estrutural de um material construtivo presente em grande parte do hemisfério sul do mundo - porém, frequentemente carregado de conceitos negativos associados ao subdesenvolvimento.
Durante os últimos três séculos, a comunidade Musgum (ou Mousgoum) tem habitado as planícies da fronteira norte dos Camarões. Suas casas, chamadas em seu idioma de Tolek, foram conhecidas pelo ocidente na década de 1850, quando o explorador alemão Heinrich Barth viajou ao centro e norte da África.
As comunidades são compostas por até 15 cúpulas de terra compactada, cada uma com uma função diferente e determinada pela necessidade do grupo familiar. Apesar de não parecerem viáveis no tecnológico e "avançado" mundo de hoje, as casas Musgum nos apresentam um grande exemplo de arquitetura sustentável, simplesmente por cumprir perfeitamente sua "tarefa": sem adornos nem excessos, respondem com exatidão às necessidades de seus usuários e aproveitam ao máximo o principal material disponível na região.
O que podemos resgatar deste exemplo? Veja, a seguir, os desenhos, composição espacial e imagens deste exemplo de arquitetura vernacular.
Como parte do projeto "Uma indústria cultural em desenvolvimento: arquitetura em terra", o Comitê Internacional para o Desenvolvimento dos Povos de Níger (CISP Níger), através do programa ACP-EU de apoio ao setor cultural, organizou um concurso internacional de ideias para um pavilhão de arquitetura em terra em Niamey, capital de Níger, cujo mote era "Pas de futur sans culture" ou, "Não há futuro sem cultura".
O objetivo do concurso era a concepção de um pavilhão da arquitetura em terra que oferecesse um testemunho contemporâneo deste tipo de arquitetura, difundindo as possibilidades oferecidas pelas técnicas de construção com materiais locais, em particular a terra. Este concurso de ideias, aberto a profissionais da construção, docentes e estudantes de arquitetura, ofereceu uma oportunidade única para os participantes de se aprofundar na temática da construção em terra.
A equipe vencedora, composta por dois estudantes da Universidade Federal de Uberlândia - Abiola Akandé Yayi e Robert Soares - utiliza a técnica de taipa de pilão para propor um pavilhão que se assume como uma construção em terra crua - que independe de materiais mais “nobres” - e que leva em consideração as condições climáticas de Niamey, como a insolação e a orientação dos ventos, em sua composição formal e espacial.