A arquitetura é capaz de reconciliar o sentido de pertencimento e dignidade espacial. Além de projetar equipamentos habitacionais ou de cultura, abordar o espaço público em comunidades que habitam espaços vulneráveis também é urgente e necessário para brindar uma infraestrutura digna que traga qualidade de vida à população. Por isso, reunimos sete intervenções em territórios marginalizados que demonstram o potencial de transformação que pode surgir a partir do espaço.
Um programa de caráter público cumpre diversas funções que além de aprimorar a dinâmica social do entorno, pode ser um importante fator para aumentar a sensação de pertencimento, a oferta de empregos e serviços, e a qualidade de vida no espaço. Por isso, após apresentar projetos habitacionais populares desenvolvidos em comunidades brasileiras, buscamos por equipamentos culturais que ocupam zonas rurais e urbanas menos privilegiadas em questões de infraestrutura.
A moradia sempre será um tema e desafio para os arquitetos. Pensá-la de forma que atenda a toda a população e em contextos mais precários é uma das tarefas mais complexas, e talvez impossíveis, de serem plenamente consolidadas. Cada lugar e família sempre colocarão pontos distintos de prioridade em um projeto, motivo pelo qual recorrer a um padrão de soluções não é o ideal. No entanto, diversas propostas apresentam possibilidades de intervenção que criam uma intricada costura entre os mais distintos fatores: infraestrutura básica, programa, desejos próprios, estética, orçamento. Por isso, reunimos aqui alguns exemplos brasileiros de habitações populares, que vão desde uma casa unifamiliar até grandes blocos residenciais.
Diversas casas com fachadas de platibanda são observadas em espaços urbanos e rurais de sertões da Bahia. Muitas delas apresentam-se revestidas com módulos de porcelanato, gradis de ferro, além de portas e janelas metálicas. Esta recorrência pode ser entendida como um fato cultural: as construções aqui discutidas foram observadas em cidades, distritos e povoados localizados nos municípios de Monte Santo, Uauá e Curaçá no ano de 2019.
Estas fachadas trazem em si composições gráficas, produzidas por aqueles que as constróem em diálogo com os moradores das próprias casas. São diagramadas, por pedreiros e ou moradores-construtores¹, informações visuais impressas sobre os revestimentos cerâmicos, assentados sobre o plano. Ainda na composição do plano frontal, são fixadas grades que também desenham as aberturas de grande parte de residências e estabelecimentos estudados.
Desenvolvido pelo arquiteto Gerardo Caballero, com a colaboração de Paola Gallino, Sebastian Flosi, Franco Brachetta, Ana Babaya, Leonardo Rota, Emmanuel Leggeri, Sofia Rothman, Gerardo Bordi, Edgardo Torres e Alessandro De Paoli, La casa infinita, um projeto inspirado nas casas tradicionais argentinas, representará o país na próxima exposição internacional de arquitetura da Bienal de Veneza. O projeto refletirá sobre a identidade da casa popular argentina e sobre a história da habitação coletiva no país, explorando exemplos tanto públicos quanto privados. La casa infinita buscará estender os limites do doméstico e enfatizar a importância do coletivo sobre o individual, determinando que uma casa pode ser muito maior que a própria moradia: "pode ser a cidade, o campo e até mesmo o mundo".
Este workshop, além de ser uma grande oportunidade para profissionais e estudantes de diferentes áreas de atuação que tenham afinidade e interesse pelo tema da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social, é o primeiro workshop de uma sequência em vários Estados que tem por objetivo ampliar a Rede de ATHIS iniciada em São Paulo, no curso Vivência em ATHIS para Melhorias Habitacionais. Essa Rede pretende fomentar essa prática e favorecer a troca de informações e oferecer suporte aos envolvidos, através da metodologia do Arquiteto de Família.
O Módulo I é focado no atendimento individualizado às famílias e tem por objetivo
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Bacia do Amazonas, do Congo e Brahmaputra. Cortesia de Samuel Bravo Silva
Ensina-me a viver da sua maneira para eu poder ver o mundo através do seu entendimento. Juan Downey, arquiteto e artista chileno.
A proposta Fricções Culturais: Para uma transferência das arquiteturas tradicionais à produção contemporânea, desenvolvida pelo arquiteto chilenoSamuel Bravo Silva, tem como objetivo investigar as arquiteturas tradicionais em perigo de extinção ao longo das três principais bacias hidrográficas do mundo (Amazonas, Congo e Brahmaputra), como uma relação tanto física como significativa dos povos com a paisagem.
Olhando através de determinadas construções da paisagem, o autor pergunta-se como os povos se ocupam da fricção dos espaços tradicionais com a modernidade. Sua pesquisa indaga na experiência de Juan Downey, um arquiteto chileno que, nos anos setenta, aproximou-se do povo Yanomami no Amazonas; analisa sua própria obra construída no Deserto do Atacama e na Amazônia Peruana; e finalmente tira lições das arquiteturas tradicionais, desde os entornos típicos aos bairros periféricos.