A arquitetura vernácula nasce da escassez, da restrição de materiais e recursos disponíveis assim como de barreiras físicas, geográficas e dificuldades para transportar matérias primas de um lugar para outro. Ela se adapta ao seu contexto, utilizando materiais locais e técnicas construtivas tradicionais. Como uma tendência sempre presente, muitos arquitetos ainda buscam inspiração no passado, e cada vez mais têm incorporado com sucesso materiais e técnicas construtivas locais em seus projetos. Este artigo pretende oferecer uma visão abrangente de como os materiais tradicionais, como tijolos e telhas de barro, pedras, bambu, estruturas de madeira e taipa estão sendo ressignificados em um movimento que talvez poderíamos chamar de “a nova arquitetura vernacular chinesa”.
Amateur Architecture Studio, Ningbo History Museum, 2008. . Imagem Cortesia de Louisiana
Ao longo dos dois últimos séculos, a China passou por um vertiginoso processo de expansão demográfica e urbana, resultando na completa descaracterização de sua paisagem histórica, onde inúmeras pequenas cidades e vilarejos acabaram sendo varridos do mapa, substituídos por novas infra-estruturas urbanas e edifícios cada vez mais altos. À medida que a antiga paisagem chinesa vai desaparecendo sob o novo tecido urbano da China do século XXI, importantes elementos da cultura cívica e social também estão sendo esquecidos e negligenciados. Wang Shu, o primeiro arquiteto chinês a ser galardoado com o Prêmio Pritzker, tem lidado com esta delicada situação cotidianamente desde o início de sua carreira, desenvolvendo uma arquitetura que busca construir pontes entre o passado e o presente. Utilizando materiais reciclados e recuperados de antigas estruturas abandonadas ou destruídas, Wang Shu está resignificando a arquitetura tradicional chinesa no contexto de um país em rápido e incansável processo de desenvolvimento e expansão urbana. A seguir, discutiremos algumas das principais obras construídas por Wang Shu, como o Museu de arte contemporânea (2005) e o Museu Histórico de Ningbo (2008), e o Campus da Nova Academia de Arte de Hangzhou (2004).
A Madeira engenheirada tem sido aclamada como uma solução para o notório problema de sustentabilidade na arquitetura - que os edifícios representam quase 40% do uso global de energia são agora um fato já conhecido. Mas a madeira não é o único material renovável do mundo, e arquitetos e engenheiros têm buscado outras possíveis substituições ao aço e concreto. Uma dessas possibilidades que surgiu recentemente é o bambu laminado ou engenheirado, um material altamente sustentável e estruturalmente impressionante. A seguir, investigamos como o bambu laminado é fabricado, quais são suas principais qualidades e como ele se compara à madeira.
Reunimos aqui uma lista com os melhores artigos, notícias e projetos que abordam um material que ainda pode ser muito explorado pela arquitetura: o bambu.
Dos hashis aos templos religiosos, frequentemente associado à cultura e, mais especificamente, à arquitetura produzida nos países asiáticos, o bambu é um material muito versátil, com grande desempenho ecológico, seguro e resistente. Graças a seu rápido crescimento, é um material relativamente barato em relação a outras técnicas construtivas e tem seus exemplos de uso mais notável em projetos que se valem de sua materialidade, cor e ritmo.
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O Laboratório de Experimentação com Bambu da UNESP - Bauru compartilhou conosco o trabalho desenvolvido pelo arquiteto Roberval Bráz Padovan que pesquisou sobre as conexões construtivas em bambu. Além da análise de diversas possibilidade de conexões construtivas, Roberval apresenta no final a proposta de um componente para treliça espacial. A dissertação foi apresentada em 2010 na Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP - Bauru, com orientação do Prof. Dr. Marco Antônio dos Reis Pereira e co-orientada por Prof.ª Dr.ª Paula da Cruz Landim. Veja abaixo o resumo do auto.
https://www.archdaily.com.br/br/918110/o-bambu-na-arquitetura-design-de-conexoes-estruturaisPedro Vada
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Neste artigo compartilhado pelo Laboratório de Experimentação com Bambu da UNESP - Bauru os pesquisadores envolvidos relatam a experiência da construção do Galpão Oficina do Assentamento Rural Horto de Aimorés. No projeto foi utilizado o bambuin natura combinado com pilares de aroeira roliça e conexões metálicas. Veja resumo enviado pelos autores e o resultado desse processo.
https://www.archdaily.com.br/br/916185/componentes-de-bambu-projeto-de-producao-e-processo-de-pre-fabricacaoPedro Vada
O Laboratório de Experimentação com Bambu da UNESP - Bauru é um dos principais centros de investigações sobre o bambu no Brasil. O grupo de pesquisadores que passaram por lá produziu um enorme acervo de pesquisas e produtos que vão desde próteses ortopédicas, mobiliários, sapatos, até componentes para a construção civil. Nesta tese o engenheiro Marco Antônio dos Reis Pereira, coordenador do laboratório, apresenta o Projeto Bambu, resultado de suas práticas acadêmicas e de investigação realizadas desde 1994. A tese foi apresentada em 2012 na UNESP - Bauru para obtenção do título de Livre-Docente, na disciplina Design e Construção com Bambu. Veja abaixo o resumo do autor.
https://www.archdaily.com.br/br/915482/projeto-bambu-introducao-de-especies-manejo-caracterizacao-e-aplicacoesPedro Vada
Fazer a ponte entre o antigo e o novo nunca é fácil. Os métodos tradicionais de construção, nos quais você costuma ajustar-se à imprevisibilidade de um material natural, parecem contrastar com a precisão mecânica das construções modernas. Sombra Verde - um gazebo de bambu desenvolvido pela AIRLAB e Singapore University of Technology and Design (SUTD) como parte do Urban Design Festival de 2018 - preenche essa lacuna. O tradicional bambu, usado extensivamente em todo o Sudeste Asiático, combina-se com conectores impressos em 3D, utilizando uma série de novas tecnologias. O resultado é uma estrutura icônica e leve no Parque Duxton Plain, em Singapura, que promove o uso do espaço público, abrigando a população tanto do sol intenso quanto da chuva forte.
Tradição e inovação. Esses são as duas palavras que movem as oficinas Bamboo U. Após o estudo de antigas tendas (yurts) da Mongólia, os participantes do Bamboo U, um curso de design e construção em Bali, repetiram a ideia em uma estrutura de bambu que pudesse ser dobrada como um guarda-chuva e pudesse ser instalada em um instante. Sob a orientação do mestre construtor alemão Jörg Stamm, os alunos construíram o primeiro protótipo de tenda retrátil em Bali durante a última edição do Bamboo U em abril.
https://www.archdaily.com.br/br/897912/arquitetura-flexivel-uma-tenda-retratil-em-bambu-que-pode-ser-facilmente-transportadaJules de Laage