Esta resenha do livro de Detlef Mertins, "Mies" - por Thomas de Monchaux - aparece originalmente em Metropolis Magazine como "Mies Reconsidered". De acordo com de Monchaux, Mertins revela o mestre modernista como um leitor voraz que interpretou uma ampla variedade de influências para chegar a seu estilo conciso.
A página essencial das 528 que formam a nova monografia monumental de Detlef Mertins sobre Ludwig Mies van der Rohe—intitulada simplesmente Mies (Phaidon, 2014)—é a 155. Nela você encontrará uma reprodução, uma página dentro de outra, da página 64 do livro de 1927 de Romano Guardini, Letters from Lake Como— um livro sobre modernidade e subjetividade humana - com as anotações do próprio Mies nas margens, em uma letra surpreendentemente delicada e ornamentada.
E lá encontrará as observações de Mertins sobre as anotações de Mies sobre Guardini: “De todos os livros na biblioteca de Mies, Letters, de Guardini, é o mais marcado. Mies destacou passagem atrás de passagem com traços rápidos e ousados nas margens, e escreveu palavras chave na diagonal sobre as primeiras páginas de muitos dos capítulos: Haltung (postura), Erkenntnis (conhecimento), Macht (poder).” A marginalidade viva de Mertins, sua atenção aos detalhes divinos ao longo dos limites remetem à experiência de ler Talmud, o comentário sobre a lei e as escrituras judaicas em que, ao marcar e corrigir as marcas e correções de leitores prévios, gerações de rabinos construíram um diálogo íntimo através do tempo e do espaço.
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