Estamos na etapa final do projeto "Memória edificada: catalogação e digitalização de acervos no Centro de Memória Ingo Hering" – Um projeto patrocinado pela Fundação Catarinense de Cultura, por meio do edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2019 - que viabilizou o tratamento, acondicionamento e compartilhamento digital de parte do acervo do arquiteto Hans Broos.
Os resultados alcançados até aqui serão compartilhados no próximo dia 16/12, às 14 h. A programação desse evento também inclui as importantes iniciativas de preservação e compartilhamento de acervos, realizadas pela Casa da Arquitectura, detentora do acervo do arquiteto Paulo Mendes da Rocha; e
Ao longo dos últimos anos assistimos a uma (re)descoberta de um dos principais e mais fascinante capítulos da história da arquitetura moderna. O concretismo puro e explícito de uma arquitetura comumente chamada de brutalista passou a despertar um interesse tão significativo quanto previsível na comunidade internacional de arquitetos e amantes da arquitetura. Acontece que, este fenômeno o qual costumamos chamar de “brutalismo soviético”, encontra-se indissociavelmente conectado ao contexto político totalitário e opressor que o viu nascer. Não é de se espantar que, na maioria dos países que estiveram sob influência e domínio soviético até o final da guerra fria, esta face da arquitetura seja muitas vezes tratada com um certo ceticismo, quando não com repudia e desprezo. Neste contexto, a paisagem urbana e arquitetônica de um país como a Polônia não poderia ser menos complexa e fascinante.
Embora haja uma certa indefinição teórica quanto aos limites e ao alcance do termo "brutalista", existem certas constantes sobre seus parâmetros estéticos que nos permitem estabelecer uma linha de análise relativamente concreta. Nestes termos, os edifícios pertencentes ao brutalismo - um estilo do Movimento Moderno que atravessou seu boom entre os anos 1950 e 70 - são caracterizados por sua verdade construtiva - mostrando e evidenciando o material que compõe a arquitetura, assim como sua lógica construtiva e estrutural - a geometria de suas formas e a rugosidade das superfícies. O concreto armado aparece como o material principal de escolha e tanto as texturas geradas pelas formas de madeira bruta, quanto as incorreções do concreto não são mais cobertas com reboco ou tinta, mas exibidas deliberadamente como escolha de evidenciar os processos de construção.
O modernismo pode ser descrito como um dos momentos mais otimistas da história da arquitetura, um estilo inovador inspirado por pensamento e idéias utópicas que finalmente reinventou nossos espaços de vida e trabalho, assim como a maneira como as pessoas se relacionavam entre si e com o ambiente construído. Conforme expusemos em nosso artigo AD Essentials Guide to Modernism, a filosofia moderna ainda permanece vigente no discurso arquitetônico contemporâneo, mesmo que as condições específicas que deram origem ao movimento moderno na arquitetura no início do século passado, já não tenham mais nada que ver com o mundo em que vivemos hoje.
Ao nos despedirmos do ano que marcou o centenário da Bauhaus, compilamos uma lista dos principais estilos arquitetônicos que definiram o modernismo na arquitetura. Como uma ferramenta para entender o desenvolvimento da arquitetura ao longo do século 20, esta lista tem como principal objetivo apresentar um panorama completo sobre os desdobramentos do modernismo para além de seu contexto teórico.
A arquitetura brutalista responde a um momento histórico. Terminava a Segunda Guerra Mundial e das cinzas surge uma nova forma de Estado, junto com um nova ordem global que vai incluir, com maior protagonismo, a Estados periféricos.
A arquitetura brutalista nasce como resposta a ideias de estados benfeitores, estados robustos que vão sustentar e dirigir a nova sociedade de massas. Como disse o crítico Michael Lewis "o brutalismo é a expressão vernacular do estado benfeitor".
Rodolfo Lagos divide conosco uma série de fotografias sobre a arquitetura brutalista de Barcelona, que apresentamos em ordem cronológica para ajudar a entender como ocorreu sua evolução.
A Blue Crow Media lançou seu mais recente mapa que explora, desta vez, a arquitetura brutalista de Seul, Coréia do Sul. O mapa é editado pelo historiador de arquitetura da Universidade da Coréia Professor Hyon-sob Kim, com fotografia de Yongjoon Choi. O guia oferece uma visão única da história da arquitetura em concreto de Seul, da década de 1960 até hoje.
A arquitetura brutalista está desaparecendo da cidade de Londres. No princípio, essas estruturas eram percebidas como rebeldes e desajustadas, posteriormente, no entanto, este estilo se tornou o mais recorrente dentre os edifícios comerciais e governamentais do pós-guerra. Atualmente, com as demandas do mercado imobiliário e o domínio da arquitetura contemporânea, essas monumentais estruturas acinzentadas de concreto estão pouco a pouco desaparecendo.
O arquiteto e fotógrafo Grégoire Dorthe desenvolveu a paixão pela fotografia durante o serviço militar, quando percebeu que, através de suas imagens, era capaz de congelar momentos e preservar o que será perdido com o tempo. Em sua série fotográfica intitulada Brutal London, o fotógrafo suíço registra as formas brutas e as qualidades gráficas da arquitetura brutalista da cidade, antes que esses edifícios sejam para sempre perdidos.
O patrimônio arquitetônico de Tel Aviv conquistou a atenção mundial por meio do reconhecimento da UNESCO pelo estilo internacional da era britânica e edifícios com influência da Bauhaus. Menos conhecida é a herança brutalista e as construções históricas da cidade projetadas nas décadas seguintes. O brutalismo desempenhou um papel significativo na esfera do design israelense da era pós Segunda Guerra Mundial. A disponibilidade barata do concreto e as capacidades de construção rápida foram adotadas na mentalidade socialista primitiva do estado para acomodar sua população em rápida expansão.
Após a Segunda Guerra Mundial, o brutalismo se espalhou pela Europa, redefinindo a arquitetura moderna e estabelecendo um novo estilo para moradias populares e edifícios comunitários. Embora a maior parte da atenção tenha se detido em monumentos nas principais cidades, os subúrbios europeus também abrigam muitos edifícios brutalistas excepcionais.
Para apresentar a arquitetura brutalista "despercebida" da Europa Central e Oriental, a editora Zupagrafika registrou e reuniu mais de 100 fotografias em um livro intitulado Eastern Blocks, convidando os leitores a explorar conjuntos habitacionais brutalistas em Moscou, Berlim Oriental, Varsóvia, Budapeste, Kiev e São Petersburgo.
Embora a arquitetura brutalista seja às vezes criticada por sua aparência demasiadamente inacabada, é freqüentemente empregada em projetos de edifícios públicos, tornando-se, não raro, um marco na paisagem urbana. Alguns projetos, embora nitidamente brutalistas, rompem com o monocromatismo do concreto e fazem uso de superfícies coloridas que lhes conferem maior dinamismo.
Com uma Leica M6 analógica, o fotógrafo de arquitetura e interiores Luciano Spinelli registrou o edifício da Universidade de Düsseldorf, explorando o contraste entre estruturas de concreto e outros elementos coloridos vibrantes.
O brutalismo é uma corrente da arquitetura que se desenvolveu em diferentes partes do mundo, sempre levando em consideração algumas particularidades locais, embora compartilhando de alguns preceitos comuns como, por exemplo, o uso de materiais sem revestimento e o transparecimento do trabalho necessário para erguer as obras. O debate acerca do brutalismo é ainda intenso em diversas regiões, reunindo argumentos a favor e contra sua preservação.
Enquanto muitos enxergam a arquitetura brutalista como "feia” ou “incompleta”, Arhan Vohra, um estudante de apenas 17 anos, lançou o Brutal Delhi, uma plataforma que reúne suas fotografias de edifícios brutalistas de Nova Delhi, Índia.
John Donnelly, arquiteto da Irlanda do Norte, abriu recentemente um escritório dedicado à produção de maquetes detalhadas que explorem a diversidade do ambiente construído de Belfast. Model Citizen foi fundado buscando promover um maior entendimento apreciação da arquitetura e dos trabalhos manuais das cidades irlandesas.
O escritório vê suas esculturas e maquetes como um “mecanismo para enfatizar a beleza e o significado do nosso patrimônio”, traduzindo os estilos art déco, brutalista e internacional em objetos esculturais tangíveis que podem ser manuseados e explorados.
Este artigo foi originalmente publicado em 04 de junho de 2018. Para ler sobre outros projetos icônicos de arquitetura, visite nossa seção Clássicos da Arquitetura.
Com atividade iniciadas em 1974 e projeto desenvolvido pela arquiteta Ivone Macedo Arantes – na época funcionária do Departamento de Cemitérios da Prefeitura de São Paulo - o Crematório Jayme Augusto Lopes, popularmente conhecido como Crematório de Vila Alpina, localiza-se no Jardim Avelino, zona leste da cidade de São Paulo, e é tido como o primeiro crematório do Brasil e da América latina e considerado um dos maiores do mundo.
https://www.archdaily.com.br/br/895691/classicos-da-arquitetura-crematorio-vila-alpina-ivone-macedo-arantesEquipe ArchDaily Brasil
Patrimônio Histórico Moderno e para o Lançamento do livro 'Hans Broos: memória de uma arquitetura'
O CEAU/SC convida para um debate sobre o Patrimônio Histórico Moderno e para o Lançamento do livro 'Hans Broos: memória de uma arquitetura'
O evento será realizado no Fórum Eduardo Luz, projeto do arquiteto Hans Broos. Além de simbólico, lançar o livro em uma obra do próprio arquiteto, 2018 marca o 50º aniversário da edificação.
Hans Broos: memória de uma arquitetura é o primeiro livro sobre o arquiteto, um dos expoentes da arquitetura moderna brasileira. A publicação é resultado do projeto cultural de mesmo nome, aprovado pelo Programa de Incentivo à Cultura do Governo do Estado de São Paulo - PROAC -
Varrer de uma cidade a sua arquitetura é como se pudéssemos apagar por completo partes de sua história. Apesar da aversão generalizada por grande parte da população, a arquitetura brutalista na Polônia pós-stalinista andava de mãos dadas com o movimento político que prometia uma sociedade mais justa e igualitária. A arquitetura que hoje em dia é vista como a materialização de um antigo regime opressivo, austero e arrogante, foi originalmente concebida para ser tudo menos isso; estes edifícios carregam hoje um legado bastante ambíguo, apreciados como ícones do seu tempo ou rejeitados como memórias que as pessoas preferem esquecer.
Em um artigo recente publicado pelo New York Times, o escritor Akash Kapur compartilha as emoções de sua mais recente visita à Polônia, aonde nos convida à refletir sobre esta complexa história construída, tantas vezes contraditória e quase sempre, mal compreendida. Acompanhado por arquitetos locais comprometidos à defender com unhas e dentes alguns dos exemplos mais extraordinários da arquitetura moderna do final do século XX, Kapur visitou inúmeras obras decadentes do brutalismo na Polônia, conversando com a população local e descobrindo suas histórias.
O Seminário - que tem edição bianual e conta com lançamento de livro sobre o arquiteto – ocorrerá no Centro de Memória Ingo Hering e abordará o legado do arquiteto Hans Broos em nossa região, seguindo dois eixos: Documentação e Patrimônio Construído.
A data não poderia ser mais simbólica: no dia em que Hans Broos completaria 97 anos: 10 de outubro. Celebraremos a atuação do arquiteto – responsável pela criação do circuito industrial da Cia. Hering, nos anos 1970.
As inscrições para o 3º SiM podem ser realizadas diretamente no link: bit.ly/SIMinscricoes.
Com a queda da Cortina de Ferro em 1991 não vieram apenas implicações políticas, econômicas e sociais - também deixou-se para trás um distinto estilo arquitetônico. Essa arquitetura, sob o regime soviético, era um sistema que se baseava em metas quantificáveis, como o Plano de Cinco Anos. Essas cotas forçaram os arquitetos a avaliar os projetos de construção em termos de custos materiais e humanos, número de unidades, volume de mão-de-obra qualificada e não-especializada e assim por diante. Como resultado, nos países soviéticos a arquitetura se tornou uma mercadoria industrial, um reflexo do poder e inovação tecnológica e, em última instância, um grupo profissional e um campo disciplinar trabalhando a serviço de uma mesma visão.