Há oito anos o ArchDaily celebra os melhores desenhos do ano. A edição de 2022 é particularmente especial, pois apresenta uma ampla gama de técnicas e representações no campo da arquitetura. Da pintura tradicional às colagens digitais e desenhos axonométricos, a seleção deste ano agrada todos os gostos.
A representação gráfica, mesmo antes da linguagem e da escrita, foi o primeiro meio de comunicação e significado para a humanidade. O desenho é o ato de substituir a realidade pela representação, ou seja, substituir objetos por imagens codificadas em cada um dos sistemas de representação gráfica.
Na arquitetura, a representação gráfica estimula a imaginação e é a base do pensamento do projeto, uma vez que não só constitui nosso código de comunicação, mas também molda nossa capacidade de nos expressarmos em termos disciplinares. O desenho é primeiro construído na mente do arquiteto e depois transferido para o suporte determinado por qualquer tipo de instrumento.
Cortesia de Juan Barrios Duarte (Labrantía Estudio)
É normal se sentir intimidado pelo número crescente de representações de arquitetura sendo publicadas nas mídias sociais. Somando isso ao funcionamento do famigerado algoritmo, acabamos sendo expostos a publicações que são, em muitos aspectos, semelhantes entre si. Mas para nós, arquitetos, designers e estudantes, as redes sociais não são apenas uma plataforma de networking e divulgação de nossos trabalhos, elas servem também como fonte de inspiração. Se o algoritmo não está nos ajudando a conhecer coisas novas e diferentes, cabe a nós procurá-las.
Os renders, enquanto composições capazes de comunicar o aspecto tridimensional de um projeto a partir de um suporte bidimensional — isto é, a imagem — permitem uma noção prévia do que a obra arquitetônica ainda virá a ser. Mas, ao contrário do que muitas vezes se imagina, a renderização não é sinônimo de uma representação realista da arquitetura.
Por se tratar de uma ferramenta de comunicação projetual, um render pode assumir diferentes estilos a depender não apenas do projeto em questão, mas também do público a quem é direcionado e, além de tudo, da identidade do arquiteto, arquiteta ou escritório de arquitetura responsável pela obra.
A renderização se tornou uma ferramenta indispensável na maioria dos escritórios de arquitetura. Para compreender como essas imagens podem auxiliar no processo projetual, evoluíram no decorrer do tempo e, principalmente, quais aspectos levar em conta para criar uma representação que se destaque no momento de apresentar sua obra, conversamos com Guilherme Bravin e Marcus Vinicius Damon, que além de serem fundadores do Estúdio Módulo, também coordenam o {CURA}, uma escola livre de arquitetura baseada principalmente na representação arquitetônica.
Durante a etapa inicial de projeto em Arquitetura, é fundamental que arquitetos encontrem a melhor forma de transmitir suas ideias à seus clientes, de modo que independentemente de seu conhecimento técnico, estes sejam capazes de entender suas propostas com clareza. Nesse sentido, é comum que profissionais apoiem-se sobre uma determinada ferramenta ou conjunto delas para representar o que a priori idealizaram mentalmente, seja através de desenhos bidimensionais, modelos físicos ou imagens perspectivadas, de forma que é justamente nessa última que leigos parecem melhor compreender os conceitos ali expressos, de tal maneira que arquitetos tem buscado constantemente adicionar um conjunto de novas abordagens artísticas amparadas pelos recursos da tecnologia.
O arquiteto e ilustrador Matías Kim compartilhou conosco sua mais recente série de desenhos, desta vez, apresentando alguma das obras mais famosas de Vilanova Artigas. Representadas através de colagens digitais de cores suaves, em imagens estáticas ou gifs em movimento, Kim mostra um olhar lúdico sobre estes edifícios que já carregam nas costas algumas mais de cinco décadas.
Há alguns meses o arquiteto Filipe Vasconcelos compartilhou conosco suas colagens digitais, que exploram a similaridade entre arquiteturas e objetos, criando cenas em que as obras são ressignificadas em situações absolutamente deslocadas de seus contextos e usos originais.
Colagens digitais e outros meios similares de representação têm estado em pauta nas discussões sobre a como a arquitetura pode ser comunicada. Nesta recente - e bem vinda - fuga das imagens renderizadas fotorrealistas, vimos surgir outras opções de representação arquitetônica que cativam não pela semelhança tremenda com uma idealização de realidade, mas justamente pelo oposto, a semelhança com a textura do cotidiano, apresentada através de desenhos singelos de inspiração em colagens, aquarelas e pinturas.