Algumas lições, mesmo que simples, podem ecoar de maneira duradoura em nossas práticas pessoais. É o caso de uma específica memória retomada ainda dos anos de graduação, no curso de Arquitetura e Urbanismo na Escola da Cidade, onde em uma aula de desenho técnico no segundo ano os professores sugeriram que retraçássemos as plantas da casa Butantã, do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. A lembrança é que, de imediato, parte dos alunos considerou aquela atividade pouco especial ou sequer relevante, o que também pode ser compreensível, ao passo que para outros certamente foi prazeroso e frutífero – mesmo que não se lembrem desse específico episódio mais de uma década depois, como é aqui o caso. O valor de sermos expostos a diferentes atividades dentro das disciplinas, das mais as menos convencionais, das mais simples as mais elaboradas, é que cada indivíduo fará usufruto de uma ou de outra ferramenta e conhecimento de maneiras distintas. Daí a importância da amplitude de experiências, mesmo que dentro do aparentemente rígido ensino do desenho técnico. O que é banal para uns pode ser instrumental para outros, pontualmente ou de maneira prolongada.
Desenho: O mais recente de arquitetura e notícia
Retraçar para conhecer: arquitetura para além da visualidade
Além do traço: o diálogo entre texto e desenho no processo projetual
Para muitos arquitetos e arquitetas, a forma mais instintiva de passar uma ideia para o papel é através do desenho. Desde rápidos esboços no guardanapo durante a pausa para um café até diagramas mais elaborados que sistematizam uma série de soluções arquitetônicas, os desenhos são ferramentas recorrentes e essenciais no processo de um projeto de arquitetura, mas nem sempre os traços dão conta de transmitir com a clareza desejada determinado conceito.
Sons, cheiros, sentimentos e sensações dificilmente costumam ser traduzidos apenas na forma de desenho. Escalas humanas nem sempre dão conta de passar a dimensão de determinados elementos, exigindo o auxílio de indicações numéricas mais precisas. Legendas costumam ser usadas para definir espaços e especificar elementos arquitetônicos e, quando o celular ou a calculadora não está ao alcance, os desenhos também podem dividir o espaço do papel com cálculos rápidos. Muitas são as situações em que a escrita é combinada ao traço em uma ferramenta de comunicação híbrida, em que a subjetividade ou abstração do desenho é amparada por uma certa assertividade das palavras e números.
As cidades grandes como organismos vivos: entrevista com Ana Aragão
No País dos Arquitectos é um podcast criado por Sara Nunes, responsável também pela produtora de filmes de arquitetura Building Pictures, que tem como objetivo conhecer os profissionais, os projetos e as histórias por trás da arquitetura portuguesa contemporânea de referência. Com pouco mais de 10 milhões de habitantes, Portugal é um país muito instigante em relação a este campo profissional, e sua produção arquitetônica não faz jus à escala populacional ou territorial.
Neste episódio da quinta temporada, Sara conversa com a designer Ana Aragão sobre suas ilustrações dedicadas aos temas da arquitetura e cidades. Ouça a conversa e leia parte da entrevista a seguir.