Como marco da arquitetura religiosacontemporânea de Portugal, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus opõe-se formalmente aos modelos tradicionais representando uma obra livre de estigmas historicistas. Fruto de um concurso de projeto organizado em 1960, ela se destaca por sua dimensão cívica, pelo papel urbano e pelo seu significado antimonumental e social. Ao integrar-se na malha regular do bairro das Avenidas Novas, este exemplar do Movimento de Renovação da Arte Sacra (MRAR) faz parte de um complexo paroquial maior que passa despercebido ao transeunte. Sua rua exterior cria um espaço público inesperado, convidando à entrada e à integração num adro onde arquitetura e cidade se fundem. Finamente trabalhada em termos de espacialidade, detalhes e luz, a Igreja reserva muitas surpresas a quem nela adentra.
Igreja da Luz. Foto de hetgallery, via Visualhunt.com
O uso da luz em construções religiosas, enquanto elemento de associação ao divino, perpassa a história da humanidade. Historicamente, uma série de templos, das mais variadas religiões, se utilizaram deste artifício enquanto tentativa de aproximação visual e perceptível do ser humano à uma dimensão sagrada e intangível. A luz costuma ser dotada de uma conotação espiritual e força simbólica significativa, que é capaz de modificar a relação, percepção e experiência das pessoas com os ambientes. Deste modo, ela é um elemento que foi, e ainda é, utilizado pela arquitetura para criar cenários e efeitos em muitos espaços religiosos, especialmente nas igrejas.
Henning Larsen divulgou as primeiras imagens da Igreja de Ørestad, a primeira igreja a ser construída em Copenhague nos últimos 30 anos. Um monumento moderno construído em madeira, que reflete a paisagem aberta de Ørestad e abraça a identidade da comunidade local. A intenção foi criar um espaço sereno, desvinculado do agito da cidade, onde a calma e a simplicidade dos espaços interiores ofereçam aos moradores um alívio do seu quotidiano. A construção está prevista para começar em 2024, e a igreja será consagrada em 2026.
Há algumas semanas, a edição deste ano do Serpentine Pavilion foi aberta ao público. Projetada pelo artista Theaster Gates, de Chicago, esta é uma obra evocativa, sua forma cilíndrica faz referência aos fornos americanos e ingleses e as casas de adobe Musgum encontradas em Camarões.
O nome do pavilhão diz muito mais ao espectador sobre suas intenções como experiência espacial. Intitulado Black Chapel, ele abriga uma sala espaçosa com bancos curvos e um óculo acima permitindo que a luz do dia penetre no espaço. É um interior bastante minimalista - projetado como um local para contemplação e reflexão. Essa qualidade do Serpentine Pavilion de Gates levanta questões particularmente interessantes: como artistas e arquitetos optam por uma abordagem “menos é mais” ao projetar espaços meditativos, mas também como esses espaços introspectivos foram igualmente aprimorados pela ornamentação.
Se pedíssemos a alguém que imaginasse uma igreja católica, a primeira imagem que viria à mente dessa pessoa provavelmente se assemelharia a uma catedral gótica medieval com contrafortes, arcos pontiagudos e um pináculo apontando para o céu. Pensando bem, muitos outros estilos poderiam ser facilmente identificados como arquitetura católica: as estruturas simples e grandiosas do românico ou talvez os estilos ornamentados do barroco e do rococó. Uma imagem mais difícil de associar à arquitetura sacra é a do modernismo. A Igreja Católica Romana é particularmente conservadora. O modernismo, por outro lado, é revolucionário; é racional, funcional e técnico; rejeita ornamentos e abraça a inovação. Surpreendentemente, nos anos que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial, os locais de culto desafiaram as expectativas. Blocos de concreto, matérias-primas, formas angulares e estruturas expostas foram utilizadas para romper com a tradição e criar igrejas que nada tem a ver com a imagem tradicional de uma igreja. Este artigo explora a arquitetura modernista mid-century da Igreja com imagens de Jamie McGregor Smith.
Com origem no século XVI, em 1535, a Igreja de São Cosme e São Damião, em Igarassu (PE), é considerada a mais antiga existente no Brasil. Esse icônico testemunho da história do país acaba de passar por um amplo restauro que tanto preserva as características históricas do bem cultural quanto implementa melhorias que viabilizam o uso contemporâneo do conjunto. A intervenção também contemplou o sobrado da Casa Paroquial, ao lado do templo.
https://www.archdaily.com.br/br/981424/igreja-mais-antiga-do-brasil-e-restaurada-em-igarassu-pernambucoArchDaily Team
O arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava está reconstruindo a Igreja Ortodoxa Grega de São Nicolau e o Santuário Nacional do World Trade Center, na cidade de Nova York. A igreja destruída durante os ataques de 11 de setembro, começou seu processo de reconstrução em 2015, e será finalmente concluída em 2022. O projeto da nova estrutura é inspirado por um mosaico da Grande Mesquita de Hagia Sophia (antiga Igreja de Hagia Sophia), em Istambul. A edificação é um dos modelos fundamentais na definição da arquitetura original da Igreja Ortodoxa Grega de São Nicolau.
O escritório de arquitetura de Henning Larsen foi escolhido como o grande vencedor do concurso para o projeto de uma nova Igreja em Højvangen, a primeira estrutura religiosa a ser construída em Skanderborg em mais de 500 anos. Com inauguração prevista para dezembro de 2024, a nova igreja foi concebida como um novo elemento de referencia e ponto de encontro para os moradores da pequena vila de Højvangen em Skanderborg, Dinamarca.
Um dos destinos de peregrinação mais procurados da Sicília, a Basílica do Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas foi construída para celebrar o milagre das lágrimas derramadas por uma escultura de gesso da Virgem Maria na cidade de Siracusa no ano 1953. Não demorou muito para que o milagre atraísse um enorme número de devotos, o que finalmente levaria à construção do santuário dedicado à Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa. Foi em 1957 que as autoridades locais decidiram organizar um concurso internacional de arquitetura para o desenvolvimento do projeto da nova igreja, do qual participaram mais de 100 arquitetos de 17 diferentes nacionalidades. Escolhida como a grande vencedora, a proposta apresentada pela dupla de arquitetos franceses Michel Andrault e Piere Parat, acabou sendo concluída em 1994, transformando-se não apenas em um ponto de referência para a histórica cidade de Siracusa, mas um projeto pioneiro que viria a influenciar o desenvolvimento da arquitetura sacra ao redor do mundo.
A Igreja Changtteul é um antigo local de culto em Gyeonggi-do, Coreia do Sul, cujo nome remete à imagem de "uma moldura contendo uma janela". Nesse sentido, o caráter do edifício é definido por sua série de janelas, proporcionando aos visitantes uma experiência única de luz e paisagens emolduradas.
Os arquitetos Hanyoung Jang e Hanjin Jang, do estúdio minorormajor, utilizaram as janelas de Changtteul como metáfora para seu partido projetual. A dupla explora o elemento arquitetônico a partir de duas perspectivas: a "janela entre o homem e Deus" e "a janela entre o homem e a natureza".
A proposta de Safdie Architects para o concurso Abrahamic Family House, em Abu Dhabi, reune uma mesquita, uma sinagoga e uma igreja dentro de um parque público, combinando espaços de culto do islamismo, judaísmo e cristianismo, as três principais religiões abraâmicas.
O escritório Adjaye Associates venceu o concurso The Abrahamic Family House, em Abu Dhabi. O projeto de referência, na Ilha Saadiyat, é um espaço onde três religiões se reunirão com a implementação de uma mesquita, uma sinagoga e uma igreja.
Historicamente, após o declínio da Igreja Católica e a crescente diminuição no número de fiéis em várias regiões da Europa e América do Norte, os custos de manutenção dos espaços sagrados levaram ao eventual abandono de igrejas, santuários e mosteiros - frequentemente obras de grande valor histórico e arquitetônico.
Isso abre uma nova oportunidade para profissionais da arquitetura resgatarem e recontextualizarem o patrimônio histórico representado por estes edifícios. A seguir, apresentamos 15 exemplos de reuso adaptativo em igrejas antigas que foram transformadas em hotéis, casas, museus, bibliotecas e outros espaços culturais.