No cenário em constante evolução do século XXI, as cidades despontam como modelos de inovação em relação aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Criativamente, enfrentam desafios urbanos urgentes, como densidade populacional, transporte, habitação e resiliência. Possuem o potencial de liderar uma agenda climática abrangente, atuando como laboratórios para iniciativas sustentáveis, inovações inter-setoriais e estratégias orientadas para a comunidade. As cidades agem como catalisadoras de revoluções, implementando soluções impactantes que podem ser aplicadas globalmente.
Infraestrutura Verde: O mais recente de arquitetura e notícia
Cidades em destaque: lições de 2023 sobre resiliência ambiental
Projeto "Living Breakwaters" da SCAPE Landscape Architecture ganha o Prêmio Obel 2023
Na sua quinta edição, o Prêmio Obel, focado na área de Adaptação, foi entregue ao projeto Living Breakwaters em Nova York. Este projeto consiste em uma infraestrutura verde localizada ao longo da costa de Staten Island. O prêmio foi concedido à SCAPE Landscape Architecture e sua fundadora, Kate Orff, a mente por trás do 'Living Breakwaters'. A premiação reconhece contribuições arquitetônicas que têm um impacto positivo tanto nas pessoas quanto no planeta.
O Prêmio Obel é uma distinção internacional concedida anualmente pela Fundação Henrik Frode Obel em reconhecimento a realizações notáveis na arquitetura. A cada ano, um foco específico é estabelecido pelo júri, e um prêmio é concedido à solução mais destacada. No ano anterior, em 2022, o prêmio foi para a Seratech, uma solução de concreto neutro em carbono,. Em 2021, por sua vez, o conceito da "cidade de 15 minutos" foi premiado por sua contribuição na criação de ambientes urbanos sustentáveis e centrados nas pessoas. A cerimônia de premiação será na Sydney Opera House em 21 de outubro de 2023. O vencedor receberá um prêmio de 100.000 Euros e uma obra de arte do artista Tomás Saraceno como troféu.
Quando o arquiteto desenha para comunidades: 7 parques e praças
A arquitetura é capaz de reconciliar o sentido de pertencimento e dignidade espacial. Além de projetar equipamentos habitacionais ou de cultura, abordar o espaço público em comunidades que habitam espaços vulneráveis também é urgente e necessário para brindar uma infraestrutura digna que traga qualidade de vida à população. Por isso, reunimos sete intervenções em territórios marginalizados que demonstram o potencial de transformação que pode surgir a partir do espaço.
Dia da Terra 2023: cidades abordam crise climática iniciativas comunitárias e engenharia inovadora
Todo ano, desde a sua criação em 1970, o Dia da Terra tem como objetivo destacar não só os efeitos cada vez mais ameaçadores das mudanças climáticas, mas também as medidas eficazes e as iniciativas de adaptação que podem melhorar a qualidade do nosso ambiente. O evento deste ano ocorreu após um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU em março, que apresentou outro alerta sobre a magnitude das mudanças produzidas pelo aquecimento global induzido pelo homem e seu impacto nas pessoas e ecossistemas.
O mesmo relatório também traz perspectivas otimistas, mostrando que medidas de adaptação podem construir resiliência, mas transformações urgentes em todo o sistema são necessárias para garantir um futuro net-zero. Em resposta a essas descobertas, o tema do Dia da Terra de 2023 é "Investindo em Nosso Planeta" – um incentivo para governos, instituições, empresas e sociedade civil acelerarem a mudança. A seguir, conheça iniciativas em nível municipal alinhadas com esses objetivos de construir resiliência e um futuro mais sustentável por meio de legislação, envolvimento cívico e sistemas inovadores.
MVRDV vence concurso para plano diretor hidroviário em Taiwan
O escritório MVRDV foi selecionado pelo Ministério de Assuntos Econômicos de Taiwan para projetar a Hoowave Water Factory, uma reconstrução em grande escala das hidrovias Beigang e Anqingzhen, em Huwei. O projeto combina um plano diretor estratégico com uma proposta paisagística que vai além da abordagem monofuncional de controle e distribuição de água. Além de armazenar e captar água, a proposta também abre acesso ao rio e ao ecossistema natural ao integrar ciclovias, equipamentos culturais e sistemas ecológicos. O plano diretor também inclui uma estratégia abrangente de resiliência contra inundações, melhorando a quantidade e a qualidade da água disponível. O projeto tem conclusão prevista para 2026.
Aeroporto abandonado em Atenas será transformado no maior parque costeiro da Europa
O Aeroporto Internacional de Atenas foi desativado em 2001 e levou duas décadas para o governo local reunir fundos e estabelecer diretrizes para transformar os 242 hectares (600 acres) não utilizados no maior parque costeiro da Europa. O escritório de arquitetura Sasaki está liderando o projeto de transformação para criar o Parque Metropolitano Ellinikon, que contará com diversos equipamentos de uso público e um centro cultural para a cidade de Atenas.
URB revela projeto para a maior cidade sustentável da África
URB revelou planos para desenvolver a cidade mais sustentável da África, um empreendimento que pode acolher 150.000 habitantes. Conhecida como The Parks, a cidade planeja produzir 100% de sua energia, água e alimentos no local por meio de biodomos, geradores ar-água movidos a energia solar e produção de biogás. O projeto de 1.700 hectares contará com centros residenciais, médicos, ecoturísticos e educacionais a fim de se tornar um contribuinte significativo para a crescente economia verde e tecnológica na África do Sul.
XZero City é a proposta de cidade inteligente auto-suficiente do Kuwait
O Kuwait está planejando um empreendimento de 1.600 hectares que fornecerá unidades residenciais, empregos e comodidades para 100.000 moradores. Desenvolvido pela URB, o ambicioso projeto visa promover um estilo de vida sustentável de alto padrão, mas com baixo impacto no meio ambiente. O plano diretor da cidade inteligente foi projetado para otimizar a densidade e a distribuição de comodidades para criar uma cidade caminhável, além de otimizar a proporção de espaços verdes. Isso ajudará a mitigar os efeitos do aumento das temperaturas e o efeito da ilha de calor urbano. Os sistemas de transporte verde e as ciclovias tornarão a cidade livre de carros, à parte de um anel viário que permite acesso limitado de veículos. A cidade também promove uma economia circular que visa proporcionar segurança alimentar e energética aos moradores.
Florestas para água: uma solução baseada na natureza para enfrentar crises hídricas
E se os formuladores de políticas, ao tomarem as decisões sobre como fazer investimentos públicos, não olhassem só para grandes obras de cimento e concreto, mas também prestassem atenção nas florestas?
Pensar na conservação, restauração e manejo da vegetação nativa – em outras palavras, em soluções baseadas na natureza – como alternativas de investimentos para melhorar a infraestrutura dos centros urbanos é uma abordagem inovadora que pode trazer grandes benefícios para a sociedade. Um exemplo disso está no setor de tratamento e abastecimento de água: as florestas podem desempenhar um papel tão importante nesse setor a ponto de ser considerada como uma infraestrutura natural.
Novos espaços verdes não precisam levar à gentrificação
Décadas de renovação urbana, enraizadas em políticas de planejamento racistas, criaram as condições para que a gentrificação ocorresse nas cidades norte-americanas. Mas a principal preocupação com a gentrificação hoje é o deslocamento, que afeta principalmente as comunidades marginalizadas moldadas por um histórico de acesso negado a hipotecas. Na Conferência ASLA 2021 sobre Arquitetura Paisagística em Nashville, Matthew Williams e o Departamento de Planejamento da Cidade de Detroit, mostraram preocupação de que novos espaços verdes em sua cidade aumentem o valor de mercado das casas e "prejudiquem as comunidades marginalizadas". Entretanto, o investimento em espaços verdes não precisa necessariamente gerar o deslocamento dessas pessoas: se o projetos forem liderados pelas comunidades, podem gerar benefícios para todos.
21 Nações africanas lutam contra a desertificação com uma muralha verde de 8 mil quilômetros
Nações africanas estão lutando contra as mudanças climáticas com uma Grande Muralha Verde de oito mil quilômetros de extensão que pretende impedir o avanço da desertificação da região do Sahel, zona ao sul do Saara habitada por 100 milhões de pessoas. Esse movimento cobre o continente africano de leste a oeste e visa recuperar 100 milhões de hectares de terras degradadas, sequestrar 250 milhões de toneladas de carbono e criar 10 milhões de empregos na África rural até 2030. Do Senegal, no oeste, ao Djibuti, no leste, o projeto é uma iniciativa conjunta de 21 nações que se esforçam para recuperar esta região outrora perene e proteger os meios de subsistência das comunidades locais.
Por que “infraestrutura leve” é crucial para um mundo pós-carbono
Este artigo foi publicado originalmente no Common Edge.
Dias atrás em Santa Monica, Califórnia, visitantes sentaram-se no pátio sombreado do lado de fora da Prefeitura Leste, esperando por compromissos. Uma delas comeu um gomo da laranja que pegou da árvore acima dela e contemplou as pinturas, fotografias e montagens do outro lado do vidro. A exposição, Lives that Bind, apresentou obras que relatavam o apagamento e sub-representação de artistas locais no passado de Santa Monica. Ela é parte de um esforço do governo municipal para usar o novo Living Building (projetado por Frederick Fisher and Partners) como um catalisador para a construção de uma comunidade ambiental, social e economicamente autossustentável.
Há algo mais natural que a própria natureza? O argumento das casas “verdes”
Muitas vezes eu mesmo não fui capaz de decifrar se um edifício em meio ao bosque poderia ser considerado “sustentável”. Ao longo do caminho, fui obrigado a convencer amigos e familiares de que este ou aquele edifício poderia ser completamente a antítese do próprio termo.
O greenwashing transformou-se em uma importante ferramenta de marketing na arquitetura contemporânea. O conceito de sustentabilidade na arquitetura foi banalizado a tal ponto que já não significa absolutamente nada de concreto. Neste contexto, é praticamente impossível diferenciar um projeto que contribui de fato para minimizar o impacto ambiental e para construir ambientes mais saudáveis daqueles que simplesmente pretendem estar fazendo algo similar. Quando observamos projetos residenciais sob esta lente, esta questão se torna ainda mais nebulosa.
Pensando nisso, decidimos perguntar aos nossos leitores: O que faz com que uma casa seja considerada "verde"? Seria apenas saber de onde vem e quem comercializa os materiais utilizados para construí-la? Seria o fato de produzir toda a energia necessária para a sua manutenção a partir de fontes renováveis?