As primeiras cidades, datadas de 3.500 AC, inauguraram espaços feitos para encontros, trocas e interações entre pessoas. No decorrer dos séculos, as cidades foram se adaptando de acordo com novos padrões de densidade, zoneamento e transporte. Mas foi no século XX, ou mais especificamente no pós-guerra, que as cidades começaram a mudar radicalmente. Com o surgimento do automóvel, sua valorização enquanto bem de consumo, e a rápida disseminação do seu uso, houve uma inversão total: as cidades foram adaptadas e desenhadas para acomodar as viagens de automóvel. As cidades para pessoas passaram a ser cidades para carros.
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Como as medidas de desestímulo ao uso do automóvel melhoram a mobilidade urbana
Onde estão as pessoas e o transporte na cidade de São Paulo?
São Paulo é a maior metrópole brasileira e é necessário que avance no planejamento de sua rede de transporte integrado ao planejamento do território e de sua ocupação. A análise a seguir foi produzida em parceria do ITDP Brasil com o WRI Cidades para incentivar o debate sobre a agenda de mobilidade urbana e transporte público na cidade de São Paulo.
Para que as pessoas possam se deslocar com eficiência e conforto e estejam dispostas a reduzir o uso do automóvel, São Paulo precisa oferecer uma vasta rede integrada de transporte público de qualidade, composta por metrô, trem, monotrilho, BRT e corredores de ônibus, entre outros.
Índice de caminhabilidade permite avaliar ruas sob ótica do pedestre
Desde 1905 o escritor brasileiro João do Rio falava em ‘flanar’ pela cidade’. Quase 100 anos depois, o sentido de ‘flanar’ foi ressignificado, mas também trouxe um novo olhar de como podemos nos relacionar com nossa cidade. ‘Flanar’ hoje é um convite à caminhar, esbarrar, reconhecer e aprofundar-se na experiência urbana. Vivemos mesmo é na cidade, nos relacionamos com ela o dia todo, todos os dias.
“Em sua origem, a rua não era apenas uma via de acesso a um local e, sim, o próprio local. Um espaço de convivência para se estar, passar o tempo, interagir com outras pessoas. Na segunda metade do século XX o planejamento urbano focou em infraestrutura para a circulação eficiente de veículos motorizados. Tal modelo tem sido questionado já há algumas décadas, por autores como Jane Jacobs e Jan Gehl, cujos trabalhos pioneiros valorizaram o pedestre e a vida urbana”, contextualiza Danielle Hoppe, gerente de Transportes Ativos e Gestão da Demanda por Viagens do ITDP Brasil.