São Paulo é a maior metrópole brasileira e é necessário que avance no planejamento de sua rede de transporte integrado ao planejamento do território e de sua ocupação. A análise a seguir foi produzida em parceria do ITDP Brasil com o WRI Cidades para incentivar o debate sobre a agenda de mobilidade urbana e transporte público na cidade de São Paulo.
Para que as pessoas possam se deslocar com eficiência e conforto e estejam dispostas a reduzir o uso do automóvel, São Paulo precisa oferecer uma vasta rede integrada de transporte público de qualidade, composta por metrô, trem, monotrilho, BRT e corredores de ônibus, entre outros.
Uma rede tem boa cobertura quando é capaz de suprir as necessidades de deslocamento de toda a população da cidade. Para entender como a população paulistana pode ser melhor atendida por uma rede de transporte público, utilizamos o indicador PNT (sigla para o termo em inglês People Near Transit). O indicador mostra o percentual de habitantes que vive próximo a estações de transporte e considera distâncias que podem ser percorridas em um tempo de 10 a 15 minutos de caminhada ou de bicicleta.
Como foi feito o cálculo para São Paulo?
- O PNT foi calculado, para o deslocamento a pé, a partir da quantidade de pessoas que moram em um raio de 1 km de distância de estações de trem, metrô, monotrilho e BRT, e na área de cobertura de 500 m de distância ao longo dos corredores de ônibus.
- Já no cálculo do PNT de bicicleta considerou-se a população que reside em um raio de 3 km de distância das estações de trem, metrô, monotrilho e BRT, e a 1,5 km de distância ao longo dos corredores de ônibus.
A rede de transporte público de qualidade é insuficiente para atender toda a população de São Paulo. A cidade é uma das mais populosas do mundo e tem um PNT por acesso a pé baixo, de apenas 25%. Se até 2025 as metas previstas nos planos forem implementadas, o PNT por acesso a pé praticamente triplica e chega a 70%. São Paulo terá 1.300 km de redes de transporte público distribuídos da seguinte forma:
- 184 km metrô
- 64 km monotrilho
- 195 km trem
- 857 km BRT e corredores de ônibus
São Paulo terá um PNT por acesso a pé próximo ao de cidades com melhor oferta de transporte público hoje, como Nova Iorque.
- 44% Jacarta
- 47% Rio de Janeiro
- 48% Cidade do México
- 60% Pequim
- 77% Nova Iorque
- 100% Paris
Como a bicicleta pode contribuir para melhorar os deslocamentos?
A integração da bicicleta com outros modos de transporte é fundamental para facilitar o acesso das pessoas ao transporte público. Quando há possibilidade de integração entre a bicicleta e o transporte, nota-se um aumento significativo no número de pessoas que passam a estar a uma distância acessível das estações. Com a ampliação da rede, o PNT de bicicleta passaria de 74% em 2015 para 97% em 2025.
E quem vive mais próximo do transporte?
Ao analisar o acesso ao transporte para diferentes faixas de renda observamos que o percentual das pessoas com renda acima de três salários mínimos, que vive perto do transporte, é maior. Se todo o sistema for implementado até 2025, a cobertura da parcela da população com renda mais baixa será altamente ampliada. O PNT por acesso a pé passaria de 18% para 61%, ou seja, mais que triplicaria.
O que precisa ser feito em São Paulo para elevar o PNT e reduzir a desigualdade de acesso ao transporte público?
- Expandir as redes de transporte público e cicloviária e garantir que o transporte esteja disponível também para as pessoas que moram a maiores distâncias do centro da cidade;
- Promover o adensamento ao longo da rede de transporte e no entorno das estações nas regiões menos ocupadas para desenvolver novas centralidades e diminuir as necessidades de longos deslocamentos;
- Implementar habitação de interesse social nas proximidades do transporte público e garantir que pessoas com menores faixas de renda também tenham acesso às oportunidades da cidade;
- Qualificar as redes de transporte promovendo a integração física, tarifária, operacional e de informação entre os diferentes modos de transportes.
Quanto mais pessoas vivem próximas às estações de transporte, melhor é o acesso aos bens, serviços e empregos oferecidos na cidade. Assegurar o acesso ao transporte público é uma das formas de garantir o direito a uma cidade justa e sustentável.