Para celebrar o Dia das Mulheres, pedimos ao coletivo brasileiro Arquitetas Invisíveis, com sede em Brasília, que compartilhassem conosco parte de sua pesquisa que identifica e enaltece o trabalho das mulheres na Arquitetura e Urbanismo, elas gentilmente nos cederam este material - que apresenta 48 mulheres divididas em sete categorias: pioneiras, "nas sombras", arquitetura, paisagismo, arquitetura social, urbanismo e arquitetura sustentável – que será publicado separadamente durante esta semana.
Hoje, apresentamos as arquitetas que se destacam no campo social.
Independentemente se Shigeru Ban mereceu ou não ser reconhecido com a mais alta premiação da profissão este ano (existem opiniões fervorosas em ambos os lados da questão), existe uma questão que é certa: arquitetura está passando por um momento delicado. E talvez ninguém represente melhor a mudança de direção da arquitetura do que Julia King, premiada com o Emerging Woman Architect of the Year pelo Architecture Journal.
Em busca de um PhD prático através do ARCSR, (sigla em inglês para o Arquitetura para as Mudanças Rápidas e Recursos Escassos) nas favelas da Índia, King percebeu muito rápido que a última coisa que essas comunidades precisavam era arquitetura - ou melhor, do que é tradicionalmente considerado "arquitetura". Afinal, os membros de comunidades já eram especialistas na construção de casas e edifícios. Ao invés disso, ela coloca seu conhecimento arquitetônico em prol de projetar e implementar o que era verdadeiramente necessário: sistemas de esgoto. E então - quase por acidente, ela me confessou - o título de "Garota Penico" surgiu [potty girl em inglês].
Na entrevista a seguir, conduzida via email, conversei com King sobre seu fascinante trabalho, o novo paradigma que isso representa para a arquitetura, a necessidade de renunciar a divisão "urbano e rural" (ela prefere "conectado e desconectado"), as sérias limitações da educação em arquitetura e o próprio futuro da arquitetura. Leia mais a seguir.