Temos a honra de anunciar o Prêmio IBRAMEM de Arquitetura e Design em Madeira 2025 que pretende estabelecer-se como um incisivo instrumento de motivação para o desenvolvimento de projetos, obras, produtos e objetos criativos e de qualidade nas áreas de Arquitetura e Urbanismo, de Engenharia e de Design em Madeira no Brasil e demais países da América Latina.
O objetivo da premiação, promovida pelo BRAMEM, XVIII EBRAMEM e Núcleo da Madeira, é estimular e promover o uso e o conhecimento técnico da madeira na arquitetura e no design, de forma nobre e responsável do ponto de vista ambiental, social e econômico,
O Coliseu Romano é indiscutivelmente o local versátil mais icônico do mundo. Embora essa estrutura não tenha sido projetada para atividades esportivas, sediou diversos eventos, desde os conhecidos combates de gladiadores até performances teatrais e a dramática naumachia (batalhas navais). Isso demonstra que o uso flexível do espaço é relevante desde os tempos antigos. Séculos depois, no contexto do sempre mutável ambiente construído e desenvolvimento urbano, os locais esportivos também evoluíram, tornando-se exemplos notáveis de espaços multifuncionais.
Esses complexos atléticos se transformaram de locais altamente especializados em estruturas dinâmicas e multifuncionais. Seja sediando grandes eventos internacionais, como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ou servindo como pontos de encontro para comunidades locais, esses espaços encontram um delicado equilíbrio entre atender às necessidades de esportes específicos e manter a flexibilidade para acomodar uma variedade de atividades. Como essas funções diversas coexistem e se interconectam? Esta análise explorará como as instalações esportivas são configuradas como centros flexíveis para outras disciplinas e atividades do dia a dia.
https://www.archdaily.com.br/br/1020514/de-conchas-de-madeira-a-paineis-de-policarbonato-os-materiais-que-moldam-espacos-esportivos-flexiveisEnrique Tovar
Em um cenário em que a preocupação com a sustentabilidade e o ESG (Governança ambiental, social e corporativa) é latente, se viu a necessidade de olhar para um setor que gera 38% de todas as emissões de CO2 do planeta e consome 30% dos recursos globais: o setor da construção civil. Em 2022, na COP27, as Nações Unidas anunciaram o Clean Construction Accelerator, um programa com ações pensadas para reduzir em até 50% a produção de gases que geram o efeito estufa até 2030. Um relatório da ARUP e do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável destacou uma descoberta crucial: metade das emissões provenientes de edifícios não provêm apenas da fase de construção, mas também do carbono incorporado nos materiais utilizados, gerado durante sua fabricação e transporte. E é justamente nesse cenário em que vemos a oportunidade para o setor, qual o único material renovável da construção civil que retém o carbono ao invés de emitir? A madeira.
Mas, ao falarmos em madeira, surge um outro questionamento: como a madeira pode ser sustentável se para isso precisamos derrubar árvores? Ana Belizário, a Diretoria Comercial da Urbem, uma indústria nacional de mass timber em larga escala, nos explica ao longo deste artigo o modo como plantar árvores especificamente para o consumo é uma alternativa não somente sustentável, mas uma ótima prática no combate à crise climática e pode regenerar o setor da construção civil.
O Mass Timber é uma alternativa inovadora que vem ganhando cada vez mais destaque e importância mundialmente devido à sua sustentabilidade e tecnologia na construção de edifícios. A inauguração, em 2020, da primeira loja conceito Dengo, localizada em São Paulo, marcou não apenas a estreia da primeira fábrica interativa da marca, mas também a pioneira utilização do CLT (Cross Laminated Timber) em um edifício de altura no Brasil. Desenvolvido pelo escritório de arquitetura Matheus Farah e Manoel Maia, o projeto enfrentou uma série de desafios, justamente por essa ser uma nova tecnologia que estava chegando ao mercado.
A escolha do CLT como principal material de construção no projeto reflete um compromisso com a sustentabilidade e a redução do impacto ambiental, pois ele contribui para a mitigação do carbono na atmosfera. Além disso, sua utilização permite uma obra mais limpa, leve e rápida em comparação com métodos construtivos tradicionais. No entanto, é necessário ter em mente que uma construção em Mass Timber requer cuidados especiais no manuseio, armazenamento e montagem dos materiais para preservar a integridade e beleza ao longo do processo construtivo. Somente as práticas adequadas podem garantir a qualidade final da obra, como por exemplo não deixar a madeira exposta às intempéries ou utilizar calços para evitar o contato da madeira com o solo.
Até dezembro de 1956, Mario Soto e Raúl Rivarola receberam o primeiro prêmio para construir quatro escolas na província de Misiones, Argentina, e logo depois receberam o primeiro prêmio para a construção de seis pousadas, no contexto do projeto da Escola Normal Superior Nº 1 em Leandro N. Alem e o primeiro prêmio para a construção do Instituto de Previdência Social e Hotel da cidade de Posadas. Suas obras em Misiones, desenvolvidas no contexto do processo de provincialização dos territórios nacionais ocorrido entre 1951 e 1955, ofereceram a oportunidade de estudar temas como a relação entre Estado e arquitetura, a ligação entre técnica e política, a arquitetura do Estado e as vanguardas, o dilema dos estilos, entre outros.
A 3ª edição do Shaping the City, um fórum sobre desenvolvimento urbano sustentável, ocorreu em Veneza entre os dias 24 e 25 de novembro, após eventos bem-sucedidos em Chicago e Nova Orleans. Organizado pelo European Cultural Centre, o fórum faz parte da exposição Time Space Existence, da Bienal de Arquitetura de Veneza, e reuniu urbanistas, arquitetos, acadêmicos e políticos de todo o mundo. O arquiteto japonês Kengo Kuma estava entre os especialistas convidados para falar sobre a interseção entre a natureza e o ambiente construído na arquitetura japonesa.
Ao longo de dois dias, a conferência buscou explorar temas cruciais como educação, bens comuns urbanos, deslocamento, integração da natureza e o futuro da mídia arquitetônica, assunto discutido durante um painel com a presença de Christele Harrouk, editora-chefe do ArchDaily. Enquanto estava em Veneza, a equipe do ArchDaily conversou com Kengo Kuma para discutir sua abordagem única nos projetos inspirados na natureza e específicos para cada local.
À medida que nos aproximamos do final de 2023, um ano repleto de acontecimentos que poderia ser definido como o ano das "mudanças", analisamos como eventos e tendências globais impactaram o design de espaços internos. Olhando para trás, as pessoas questionaram tudo, e a prática arquitetônica não foi exceção. Uma nova voz foi dada a nações frequentemente esquecidas, enquanto os arquitetos buscavam maneiras alternativas de projetar e construir. Questionamos o colonialismo, a cultura do consumo, o desperdício, a tradição e autenticidade, trazendo novas perspectivas dentro da disciplina. No entanto, o design de interiores em 2023 foi reservado; exploratório, mas muito mais modesto e sutil em comparação com os anos anteriores. Após anos de mudanças constantes, parece que as pessoas sentiram a necessidade de pausar, desacelerar e abraçar a simplicidade, expressando sua individualidade por meio de intervenções pontuais.
Na Noruega, as Igrejas Medievais, conhecidas como "StavKirker" (em norueguês, Stav é o termo para um tipo de coluna em madeira e Kirker significa igreja), destacam-se como construções emblemáticas. Elas surgiram no século XI após a conversão ao Cristianismo e refletem a maestria norueguesa na carpintaria naval, herdada dos vikings, transformando a construção em madeira ao inovar nas técnicas construtivas de madeira e transformando estes edifícios em composições esteticamente relevantes.
Interiores japoneses contemporâneos incorporam elementos tanto da tradição quanto da modernidade para expressar o espírito inovador do país, enquanto respeitam profundamente sua história e herança cultural. Embora materiais tradicionais como madeira, papel e bambu ainda tenham grande importância, os interiores japoneses modernos costumam apresentar uma fusão de vidro, aço, concreto e metais. A justaposição de texturas e acabamentos mais suaves e modernos com outros mais quentes e orgânicos reflete uma síntese dinâmica entre o antigo e o novo, resultando em espaços visualmente impactantes e funcionais que prestam homenagem à essência dos princípios de design do país.
É fascinante observar o panorama da madeira engenheirada no mundo. O material, que outrora parecia esquecido pela modernidade, tem ressurgido com força total, enfrentando desafios significativos, mas também revelando oportunidades promissoras. O apelo estético e arquitetônico da madeira engenheirada, aliado à sua associação intrínseca à sustentabilidade, tem sido um catalisador para seu aumento expressivo em projetos nacionais e internacionais.
Por conta dos avanços tecnológicos e pesquisas sobre os limites e possibilidades deste material, temos testemunhado um salto significativo no desenvolvimento tecnológico e científico relacionado à madeira na construção civil. Edifícios ao redor do mundo estão sendo erguidos com estruturas de madeira, impulsionados pelo crescente interesse em soluções sustentáveis e baseadas em recursos renováveis, uma demanda tanto do público quanto de arquitetos e seus clientes.
À medida que a inteligência artificial (IA) se torna mais acessível, testemunhamos exemplos que ilustram suas diversas aplicações. Destacam-se entre eles as ferramentas generativas, que se destacam em sua capacidade de "criar" imagens por meio de estímulos, ou prompts, muitas das quais se distinguem por sua composição e vivacidade. Esses sistemas de IA são redes neurais com bilhões de parâmetros, treinadas para criar imagens a partir de linguagem natural, usando um conjunto de dados de pares texto-imagem. Assim, embora a pergunta inicial feita por Turing na década de 1950, "As máquinas podem pensar?", ainda persista hoje, a geração de imagens e texto está fundamentada em informações existentes, limitando suas capacidades.
O que surpreendeu muitos é a proximidade cada vez mais aparente de superar o teste de Turing e a crescente semelhança, em termos de visualizações, com o que um arquiteto com habilidades nessa área pode alcançar. Enquanto o debate persiste na comunidade arquitetônica sobre se a IA pode processar conceitos arquitetônicos, este artigo explora como ela interpreta materiais para desenvolver essas representações visuais. Com isso em mente, um único estímulo foi desenvolvido para este experimento (com a materialidade como variável) para aprofundar nos resultados obtidos.
https://www.archdaily.com.br/br/1011417/a-inteligencia-artificial-correlaciona-a-materialidade-com-a-arquitetura-contemporanea-um-experimento-com-seis-materiais-de-construcaoEnrique Tovar
A biblioteca de projetos da ArchDaily é gerenciada por nossos curadores, que buscam constantemente enriquecer nossa seleção com as obras mais interessantes, evidenciando enfoques e critérios distintos e inclusivos. Este ano, começamos a destacar as escolhas de nossa equipe de curadoria na conta do ArchDaily no Instagram, onde nossos curadores lançam luz sobre alguns projetos que abordam temas interessantes e características únicas.
Casas pré-fabricadas de madeira têm uma história que remonta ao século XIX, quando as chamadas “casas de kit” se tornaram populares na América do Norte. Vendidas por empresas como a Sears, ofereciam opções de moradia acessíveis e convenientes, sobretudo para pessoas vivendo em áreas rurais, onde a mão de obra era escassa e cara. Os clientes tinham a escolha de alguns designs e dimensões, e os kits normalmente incluíam todos os materiais necessários para construir a habitação, incluindo madeiras numeradas e pré-cortadas, pregos, telhas e outros componentes necessários. Durante algum tempo, no entanto, casas pré-fabricadas foram encaradas como construções de menor qualidade ou prestígio, e junto à falta de flexibilidade destas soluções, entraram em declínio.
Hoje em dia, aliadas às tecnologias que dispomos, construções modulares e pré-fabricadas têm despontado como soluções de construção limpas, sustentáveis e eficientes energeticamente. Junto a isso, as inovações em torno da madeira engenheirada têm evidenciado as possibilidades deste sistema construtivo, o que inclui imensas possibilidades estéticas e estruturais. Foi nesta linha que o escritório UNA BV desenvolveu o projeto Modular 5.5, cujo objetivo era criar uma construção modular flexível, que pudesse ser montada em diferentes arranjos, permitindo a construção de casas com dimensões e necessidades diversas para terrenos diversos. Conversamos com Fernanda Barbara e Fábio Valentim sobre este projeto:
No âmbito do consórcio Schools by Circlewood, David Gianotten e Michael den Otter do OMA, em parceria com o Studio A Kwadraat, representado por Jimmy van der Aa, foram os vencedores do concurso para projetar a escola Wisperweide em Weesp. Esta será a primeira escola a ser construída utilizando o sistema modular pré-fabricado de madeira da Schools by Circlewood, desenvolvido em colaboração com o OMA. Recentemente, o sistema foi escolhido pela administração de Amsterdã para ser implementado em toda a rede de escolas da cidade.
Há alguns anos, os arquitetos do Studio Bark, em colaboração com a Structure Workshop e a Cut and Construct, começaram a desenvolver a ideia de um kit de partes projetado para que qualquer pessoa com habilidades razoáveis de construção pudesse construir sua própria estrutura. Este é o U-Build, um sistema modular feito de painéis de madeira trabalhados com a precisão de uma máquina de corte controlada por computador (CNC). Os painéis são entregues no local de construção em uma caixa compacta, prontos para serem montados, empilhados e parafusados para moldar as paredes, pisos e tetos. Apenas algumas ferramentas são necessárias, como um martelo de borracha, uma furadeira, uma fita métrica e um nível.
Embora esse sistema permita a construção de vários tipos de edifícios, seu alto nível de personalização encontra utilidade e eficácia particular em projetos habitacionais de variadas escalas. De uma pequena casa para um casal optando pela simplicidade, até uma cabana "off-grid" na floresta, uma extensão de uma casa georgiana e uma casa com eficiência energética com 3 quartos, U-Build deu vida a casas pré-fabricadas de madeira extraordinárias.
Em todo o mundo, vemos que a sustentabilidade e a inovação na construção estão em constante evolução, e as estruturas de madeira são apresentadas como uma opção promissora. O ArchDaily apresentou o tema O Futuro da Madeira e não quis perder a oportunidade de abrir a discussão com um convite para explorar junto com vocês, nossos queridos leitores, e ouvir suas previsões e pensamentos relacionados ao futuro desse material na arquitetura e no urbanismo. A madeira é a chave para um futuro urbano mais sustentável e habitável? Ou há desafios que precisamos enfrentar antes de adotar essa tendência? Quais são as implicações para a arquitetura, as cidades, a economia e o meio ambiente?
O movimento de arquitetura "sustentável", como o entendemos hoje, começou a ganhar forma no final do século XX em resposta às crescentes preocupações com a degradação ambiental, o consumo de energia e a escassez de recursos. Dentro desse diálogo global sobre sustentabilidade, a madeira tem sido exaltada como um símbolo de consciência ambiental e descarbonização. Sendo um dos materiais de construção mais versáteis, se tornou ainda mais procurada com a ascensão desse movimento. As árvores absorvem dióxido de carbono durante seu crescimento, que permanece na madeira quando esta é usada na construção — ou seja, menos CO2 na atmosfera.
A madeira, um dos materiais de construção mais antigos, foi continuamente reinventada ao longo da história. À medida que a arquitetura contemporânea se preocupa cada vez mais com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental, a popularidade do material também aumentou. Como as árvores absorvem dióxido de carbono durante seu crescimento, a madeira armazena esse carbono, mantendo-o fora da atmosfera. Os materiais derivados da madeira estão, portanto, associados a menores emissões de gases de efeito estufa, desde que as árvores sejam colhidas em florestas manejadas de forma sustentável. Mas, para aproveitar todo o potencial deste material, uma infinidade de técnicas e modificações evoluíram com o objetivo de adaptar e personalizar as características da madeira às demandas do projeto e da construção moderna. Da modificação térmica à madeira engenheirada ou aos versáteis painéis, esses métodos não apenas melhoram a adequação da madeira aos rigores da arquitetura contemporânea, mas também expandem a usabilidade deste material sustentável para uma escala sem precedentes.