No projeto arquitetônico, nossas interações com organismos não humanos foram predominantemente marcadas pela criação de barreiras para excluí-los da esfera humana. Mas se adotássemos uma abordagem diferente? O design interespécies é um movimento que coloca organismos não humanos — fungos, insetos e diversos animais — em pé de igualdade com os humanos. Essa filosofia de design propõe estruturas que promovem relações não hierárquicas com outras espécies. Ao fazê-lo, cultivamos empatia por outras formas de vida e transformamos nossa perspectiva sobre o mundo que nos cerca. Esta abordagem visa não apenas alcançar uma pegada ecológica zero, mas também busca a colaboração com organismos não humanos para desenvolver ambientes benéficos para todos. Abaixo, conheça algumas tecnologias de materiais emergentes projetadas para beneficiar tanto os humanos quanto outras formas de vida.
mycelium: O mais recente de arquitetura e notícia
Symbiocene Living: explorando o potencial de blocos de micélio para arquitetura sustentável
O período geológico em que atualmente habitamos é conhecido como o Antropoceno, definido pelo impacto substancial humano nos ecossistemas e geologia da Terra. Em contraste, o Simbioceno, um termo cunhado pelo filósofo e ambientalista australiano Glenn Albrecht, apresenta uma visão do futuro caracterizada por uma relação positiva e simbiótica entre os seres humanos e o mundo natural. Na era do Simbioceno, os seres humanos colaboram ativamente com a natureza, reconhecendo sua interdependência com os ecossistemas da Terra e se esforçando para regenerar e restaurar o ambiente natural, criando assim um mundo mais harmonioso e sustentável.
Materiais ecologicamente corretos: 8 novos produtos para reduzir a emissão de carbono
Sem dúvida, o futuro da indústria da construção civil incluirá a “redução de carbono” como diretriz obrigatória. Além de materiais virgens de origem local, um número crescente de novos materiais está se tornando disponível. Novos materiais podem ser desenvolvidos de várias maneiras, incluindo a substituição de baixo carbono, reciclagem, melhoria de desempenho e impressão 3D. Novos materiais não só serão mais ecológicos e permitirão novos métodos de construção, mas também influenciarão o ponto de partida e a direção dos conceitos de projeto, resultando em edifícios inovadores e novas percepções dos espaços.
10 Startups que estão criando materiais de construção inovadores e sustentáveis
A indústria da construção é uma das maiores poluidoras do mundo, com algumas pesquisas dizendo que 38% de todas as emissões de CO2 estão ligadas a ela. Como resposta, arquitetos, designers e pesquisadores estão tomando medidas para reduzir sua pegada de carbono durante e após a construção. Muitas iniciativas atuais se mostram interessadas em analisar materiais de construção para encontrar soluções de baixo carbono e reduzir os impactos da profissão.
Um dos campos de pesquisa mais proeminentes diz respeito à biofabricação, um tipo de processo que envolve o uso de organismos biológicos para a confecção de materiais. Ao se compreender as habilidades de organismos como algas de fungos, materiais amplamente utilizados poderão ser substituídos por alternativas de carbono neutro ou até carbono negativo. Outras iniciativas buscam, ainda, novas maneiras de usar recursos inexplorados, mas prontamente disponíveis, como areia do deserto, terra ou resíduos de demolições.
Materiais do futuro: a arquitetura dos biocompósitos
A arquitetura nasce dos materiais. Entre estrutura, luz, movimento e conforto, os materiais moldam profundamente nossas experiências. Mas os materiais também mudam com o tempo, novos tipos são criados, e uma ampla gama de montagens e técnicas de construção são introduzidas. Cada vez mais, arquitetos e designers estão analisando as possibilidades de materiais compósitos feitos com elementos naturais.
Bio-materiais como estruturas autoportantes: fungos, algas e forquilhas de árvores
Como Caitlin Mueller, pesquisador, designer e professor do MIT, aponta: "o maior valor que se pode dar a um material é dá-lo um papel de carga em uma estrutura". Os componentes de carga - fundações, vigas, colunas, paredes etc. - são projetados para resistir às forças e movimentos permanentes ou variáveis. Semelhante aos ossos do corpo humano, eles apoiam, protegem e mantêm tudo unido. Para cumprir essa função indispensável, devem ser feitos de materiais com excelentes propriedades mecânicas, o que explica o destaque de concreto e aço em estruturas. No entanto, seu alto desempenho tem um alto custo ambiental: juntos, eles representam 15% das emissões globais de CO2 no mundo. Isso nos faz pensar: é possível que os materiais estruturais sejam realmente sustentáveis? Conhecemos soluções como versões mais ecológicas de concreto, mas há muitas outras alternativas para explorar. E, às vezes, a resposta está mais próxima do que esperamos; na terra embaixo de nós ou na natureza que nos rodeia.
8 Materiais biodegradáveis que o setor da construção civil precisa conhecer
Na arquitetura, estamos tão envolvidos na criação de coisas novas que muitas vezes esquecemos o que acontece no final do ciclo de vida de um edifício - a infeliz e inevitável demolição. Podemos querer que nossos prédios sejam atemporais e vivam para sempre, mas a dura realidade é que eles não são. Então, para onde espera-se que todo o lixo vá?
Assim como a maioria dos resíduos não recicláveis, eles acabam nos aterros e, como a terra necessária para esse tipo de infraestrutura torna-se um recurso cada vez mais escasso, precisamos encontrar soluções alternativas. Todos os anos, apenas no Reino Unido, 70 a 105 milhões de toneladas de resíduos são criados a partir da demolição de edifícios, e apenas 20% disso é biodegradável, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Cardiff. Com um projeto inteligente e uma melhor percepção dos materiais biodegradáveis disponíveis na construção, cabe a nós, arquitetos, tomarmos as decisões corretas durante toda a vida útil de um edifício.
Proposta de colonização de Marte usa impressoras 3D e fungos para criar uma atmosfera adequada aos humanos
Após a NASA ter encontrado água sob a superfície de Marte no início do ano e o sucesso estrondoso do filme "O Marciano", é seguro dizer que o planeta vermelho está com tudo. A descoberta de água levou muitos arquitetos e designers, como por exemplo Norman Foster, a especularem como nosso vizinho poderia ser colonizado.
Muitos destes planos incluem levar materiais de construção da Terra ao planeta vermelho, potencialmente iniciando um processo de poluição do novo mundo antes mesmo dele ser ocupado. O arquiteto espanhol Alberto Villanueva, do IDEA Architecture Office, no entanto, viu isto como uma oportunidade única. Utilizando o próprio solo marciano e fungos mycelium, a estratégia de Villanueva utiliza impressão 3D e bioluminescência e já recebeu a atenção da NASA e da Agência Espacial Europeia.