“A mão inteira será a décima parte do homem; Da parte inferior do queixo ao topo da cabeça é um oitavo de sua altura; Dos mamilos ao topo da cabeça será a quarta parte da altura.” Se você continua aqui sem ter ido buscar uma trena, essas frases foram escritas por Marcos Vitrúvio Polião, arquiteto romano que viveu no século I a.C., cujo maior legado foi o tratado escrito em latim “De Architectura Libri Decem” (em português, traduzido para Tratado de Arquitetura). Os dados apresentados por Vitruvius foram compilados e desenhados cerca de mil e quinhentos anos depois por Leonardo Da Vinci, em seu célebre trabalho “L’Uomo di Vitruvio”, intensamente reproduzido em diversos contextos, de capas de livros a aventais de cozinha.
Neufert: O mais recente de arquitetura e notícia
A evolução no entendimento das escalas humanas na arquitetura
Ensaio fotográfico sobre a reificação do corpo na ergonomia de Neufert
Embora inerente à disciplina, a relação do corpo humano com a arquitetura não estabeleceu vínculos precisos e diretos até o desenvolvimento recente da ergonomia. Mas como o corpo era percebido na modernidade? E como esta perspectiva influencia o projeto dos edifícios que habitamos? Frequentemente, separam-se a ênfase no corpo e a ênfase no objeto, no entanto, além de ser o elo de ligação entre ambos, a ergonomia é o roteiro ou coreografia pré-estabelecida que potencializa ou harmoniza a produtividade. Em seu nível mais básico, é um discurso técnico que surgiu de um problema percebido para fazer o ser humano viver em um ambiente cada vez mais mecanizado.
O ser humano como medida da arquitetura
Embora desde a primeira edição do livro A Arte de Projetar em Arquitetura, de Ernst Neufert - publicada na Alemanha em 1936 - o mundo tenha mudado muito, o famoso manual apresenta conceitos elementais de desenho que seguem, em sua maioria, ainda vigentes, pois toma o ser humano como unidade de medida.
Entretanto, a arquitetura parece constantemente tomar outros rumos, afastando-se de seus princípios básicos para satisfazer requisitos que muitas vezes não têm relação direta com sua habitabilidade. Naqueles anos, Neufert estava preocupado com a redução da escala do projeto: "creio que este é o motivo da usual falta de relação entre os edifícios, já que os projetistas partem de escalas diferentes e arbitrárias e não levam em consideração a única correta, o homem".
Hoje em dia fazemos arquitetura com base em quais parâmetros?