O século XX foi um período de significante instabilidade política, com duas Guerras Mundiais e a ascensão e queda de uma enorme super-potência, a União Soviética, além de inúmeros outros conflitos. De algum modo, a "modernidade" pode ser caracterizada pela rápida criação e cristalização de um grande número de nações desde o estopim da Primeira Grande Guerra cem anos atrás.
Reagindo ao tema "Absorbing Modernity", que norteou as participações nacionais na Bienal de Veneza desse ano, os curadores do pavilhão da Áustria escolheram investigar a área onde essa instabilidade política mais se sobrepôs à arquitetura: nos edifícios de Parlamento das nações ao redor do mundo.
A resposta do pavilhão irlandês ao tema da Bienal de Veneza 2014 resume a tumultuosa história da Irlanda nos últimos cem anos através de dez projetos de infraestrutura que destacam o progresso do país. A relação da Irlanda com o tema "Absorbing Modernity" foi marcada pela independência do país em relação ao Reino Unido no início dos anos de 1920, que via o modernismo e os projetos de infraestrutura como um meio de deixar o passado para trás. O pavilhão examina os resultados dessa estratégia que tratava o país como um campo de experimentações para tudo, de infraestruturas de concreto a centros de dados. Leia o texto da curadoria, a seguir.
A exposição da Dinamarca na Bienal de Veneza 2014 foca na história do país como um pioneiro no desenvolvimento de um estado de bem estar social e no papel da arquitetura - ligada à arte, literatura e ciência - na criação de uma manifestação estética dessa "vida melhor para todos". Ao explorar os resultados de uma série de áreas ligadas a um movimento social mais amplo, Empowerment of Aesthetics alcança uma compreensão mais profunda de como a modernidade afetou a arquitetura na Dinamarca.
O ArchDaily Brasil tem perguntado em suas entrevistas com diversos arquitetos "O que é Arquitetura?". É uma questão que poucos ou mesmo nenhum entrevistado respondeu sem hesitação ou dúvida. Entretanto, após muitas entrevistas, notamos um padrão: apesar de muitos iniciarem de forma semelhante, as respostas divergem de modo a expor a promessa da profissão. E não importa como a arquitetura é definida, a grande maioria dos arquitetos cultiva uma crença subjacente em sua capacidade de influenciar.
Quando a equipe do ArchDaily visitou a Bienal de Veneza e entrou no Pavilhão Central de Giardini, que abrigava a exibição Elements, nós a vimos como uma resposta dinâmica, imersiva e exaustiva para a questão "O que é Arquitetura?" Visitantes da Bienal são introduzidos à arquitetura através de seus elementos - as peças, partes e fundamentos que compreendem as edificações construídas ao redor do mundo.
Quando Rem Koolhaas escolheu focar em Elements, redigiu um texto (tanto no formato de livro quanto de exibição) que nos dá as ferramentas para entender o que é arquitetura e como ela evoluiu (ou estagnou). Mesmo que ele não tenha convidado os arquitetos a expôr projetos no sentido tradicional, vimos com olhos esperançosos a exposição Elements - é um percurso que pode ser visitado mais de uma vez e que oferece recursos aos atuais e futuros projetistas de nosso mundo construído para resolver os problemas que ainda estão por vir.
Veja a seguir imagens da exibição e leia o texto curatorial de Koolhaas.
O pavilhão do México para a 14ª edição de Bienal de Veneza tem como ponto de partida as reflexões de Octavio Paz quem descreve a contraposição entre tradição e modernidade. Ecoando os preceitos ditados por Rem Koolhaas para os pavilhões nacionais, que abordam a temática Absorbing Modernity 1914-2014, Octavio Paz estabelece que "...a modernidade é há 100 anos o nosso estilo. É o estilo universal. Querer ser moderno parece loucura, estamos condenados a ser modernos [...]"
Através dessa reflexão, os arquitetos Julio Gaeta e Luby Springall criam um projeto curatorial e o desenho de um pavilhão com base em dois relatos-percursos: um tradicional e outro vanguardista. Isso é realizado a partir da seleção de obras emblemáticas da modernidade mexicana e, como contraponto, a projeção de obras, eventos e entrevistas que condicionaram processos e resultados na arquitetura.
Veja as fotografias do pavilhão juntamente como texto oficial dos curadores, a seguir.
Dos curadores. Respondendo ao tema Absorbing Modernity: 1914-2014, estabelecido pelo curador da 14ª Exposição Internacional de Arquitetura, Rem Koolhas, a exposição Lest We Forget: Structures of Memory apresenta os resultados de uma iniciativa mais ampla para arquivar a história do desenvolvimento arquitetônico e urbano nos Emirados Árabes Unidos ao longo do século passado. Com ênfase nos anos 1970-1980, a exposição examina como a arquitetura pública e residencial, construída no contexto do rápido crescimento urbano, moldou a federação recém estabelecida e preparou as bases para sua aparição no cenário global.
Dos curadores. Ao invés de conduzir uma pesquisa sobre a época modernista na Turquia, apresentando um exaustivo catálogo, ou tentar capturar seus atributos locais únicos, Places of Memory busca explorar o tema principal da bienal através de percepções e experiências.
"Nós frequentemente inventamos o futuro com elementos do passado."
Dos Curadores. Dentro do contexto da Bienal de re-examinar os fundamentos da arquitetura do século passado, o Pavilhão Suiço tem como foco o arquiteto inglês Cedric Price (1925-2003) e o sociólogo suíço Lucius Burckhardt (1934-2003), dois grandes visionários cujos trabalhos ressoam e continuam a inspirar as novas gerações do século XXI.
Ambos foram inventores em série. O centro cultural transdisciplinar projetado por Price - Fun Palace - que nunca foi realizado, é emblemático de nossa própria época. Ele se presta mais para a coreografia de exposições do século XXI do que para as exibições baseadas em objetos do século XX; promove uma experiência mais comum, livre, em grande parte, para operar fora dos seus limites materiais, e se aventura em outros domínios da experiência humana. Nas palavras do próprio Price, "um museu do século 21 irá utilizar a incerteza calculada e incompletude consciente para produzir um catalisador para mudanças revigorantes, sempre produzindo frutos para o olhar discreto" .1
Dos curadores. A exposição Unwritten destaca as questões relativas à percepção, pesquisa e conservação da arquitetura letã do pós-guerra. Unwritten narra, na realidade, a inexistência de pesquisas neste campo.
Dos curadores. A exposição do Pavilhão Nórdico foi intitulada FORMS OF FREEDOM: African Independence and Nordic Models, e explora e documenta como a arquitetura moderna da Escandinávia foi parte integrante da ajuda prestada por esses países às nações da África Oriental nos anos 1960 e 70. A arquitetura resultante é de uma qualidade que não havia sido anteriormente estudada ou exposta.
O Pavilhão do Uruguai para a 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza - a cargo dos arquitetos Emilio Nisivoccia, Martín Craciun, Jorge Gambini, Santiago Medero e Mary Méndez - é um grande arquivo que se desenvolve no espaço, envolvendo materiais que vão desde os documentos até a interpretação destes. A montagem é concebida como um único arquivo composto por materiais e escalas diferentes, gerando três áreas conectadas, embora claramente definidas: a entrada (apresentação da exposição), uma segunda área repleta de prateleiras metálicas dispostas sobre uma trama ortogonal (apresentando maquetes e outros objetos) e um terceiro espaço formado por uma grande mesa que permite ao visitantes entrar em contato com um arquivo de plantas, desenhos e fotografias.
Jimenez Lai, líder do Bureau Spectacular e curador do Pavilhão de Taiwan na Bienal de Veneza 2014 afirma que "domesticidade é possivelmente uma das origens da arquitetura", e que "a padronização do programa doméstico é... uma empreitada moderna." Assim, Lai constrói nove casas com programas específicos no Palazzo della Prigioni, cada uma dedicada a um ato doméstico - como dormir, comer, etc. O resultado é uma resposta vibrante e colorida ao tema proposta por Koolhaas: Absorbing Modernity
Township of Domestic Parts: Made in Taiwan, mergulha nas relações e implicações políticas de nossas vidas domésticas. Mas Lai também acredita que, dessa relação, podemos aprender algo sobre como nossas cidades funcionam. Veja a seguir mais imagens da exposição e o comentário do curador (e fique de olho em nossa página pois logo publicaremos uma entrevista com Jimenez Lai.)
IN/FORMAL: Encontros Urbanos para os próximos 100 é o conceito central que representa o Pavilhão do Peru na Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza e que busca responder ao tema geral Fundamentals. Desenvolvida pelo comissário José Orrego e pelo curador Sharif Kahatt, a exposição é composta por um grande espaço retangular de 250 m² onde foi construído um percurso paralelo entre a modernidade ocidental e a local dos últimos 100 anos, ambas representadas através de linhas do tempo que se conectam por projetos de habitação coletiva apresentados em detalhes. Esses projetos não apenas foram capazes de construir pontes socioculturais no país, mas sua arquitetura representa os momentos-chave que moldaram a urbanidade moderna peruana.
O pavilhão da Argentina para a 14ª edição da Bienal de Arquitetura de Veneza analisa a modernidade em torno do IDEAL e do REAL, perguntando-se como foram digeridas no país as ideias modernas "ideais" que acabaram originando o "real" das cidades. Como ocorreu essa tradução do IDEAL para o REAL?
Continue lendo a descrição da exposição por seus curadores -Emilio Rivoira y Juan Fontana- e veja algumas imagens exclusivas, a seguir.
Em nossa cobertura da 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza - que tem como curador Rem Koolhaas e como tema geral Fundamentals - não podíamos deixar de trazer até nossos leitores e leitoras detalhes sobre o Pavilhão do Brasil, que se desenvolve em torno do tema "Modernidade como Tradição" (Modernity as Tradition) e tem como curador o diplomata e crítico de arquitetura André Aranha Corrêa do Lago.
Explorando a singularidade do Brasil como um país cuja identidade nacional - inclusive arquitetônica - foi construída sobre as bases da modernidade, a curadoria da exposição evidencia o moderno como fundamental para a história da arquitetura nacional.
Descrição do curador. O Brasil é um dos países que absorveu de forma mais interessante os preceitos da arquitetura moderna e pode-se dizer que está contribuiu para o fortalecimento da identidade nacional. Contrariamente a outros países que construíram, ao longo dos séculos, uma arquitetura típica nacional - reconhecível de forma quase caricatural pelos outros povos - o que é conhecido como "arquitetura brasileira" não é a do passado, é a moderna. Por isso o título do Pavilhão: Brasil 1914 - 2014: modernidade como tradição.
O fotógrafo de arquitetura José Campos teve o privilégio de ter nascido em um paraíso arquitetônico: Porto, em Portugal. Tendo estudado arquitetura e design gráfico, Campos traz um olhar maduro e uma atenção perspicaz ao detalhe, à luz e às cores em cada uma de suas fotografias. Sua obra já foi publicada em dezenas de livros e revistas reconhecidas internacionalmente. O ArchDaily entrevistou Campos para saber mais sobre o início de sua carreira e seu processo artístico. Leia a entrevista completa e vejas algumas de suas impressionantes fotografias, a seguir.
Esta semana, em nossa série Fotografia e Arquitetura, apresentamos Roland Halbe, fotógrafo alemão que trabalha de forma independente desde 1988. Halbe começou fotografando arquitetura comercial, mas rapidamente se tornou um dos profissionais mais reconhecidos de fotografia de arquitetura, recebendo comissões internacionais de arquitetos, firmas e todos os tipos de empresas de mídia.
Em 1996 co-fundou a Artur Images, um arquivo online de imagens de arquitetura e interiores, representando mais de 200 fotógrafos de todas as partes do mundo, incluindo, é claro, ele mesmo.