Quais são as condições e fatores que fazem com que uma obra de arquitetura se transforme em um ícone, um clássico? E o que isso tudo tem a ver com a construção da memória coletiva do lugar? Primeiramente, uma obra de arquitetura icônica deve ser capaz de despertar a admiração por suas características e formas únicas. O nascimento de um ícone da arquitetura tem a ver com uma série de fatores históricos, e principalmente em como ela ecoa o espírito de seu tempo. Ainda assim, algumas destas obras perecem e desaparecem prematuramente, passando a habitar um outro território: o território mítico da memória. La ‘Pagoda’ de Miguel Fisac, é um destes ícones míticos da arquitetura, o qual começou a ser construído em 1965 e foi demolido - em um evento carregado de teatralidade e dramas sociais - em poucos dias durante o mês de julho de 1999, trinta e poucos anos depois.
Carinhosamente apelidado de La ‘Pagoda’ pelos madrilenhos, evidenciando sua semelhança com as construções asiáticas, o icônico edifício de Fisac nunca foi uma obra unânime entre a comunidade de arquitetos. Ao longo de sua construção, auge e declínio, o Edifício de Laboratórios JORBA passou por uma centena de episódios e eventos trágicos: denúncias movidas por instituições religiosas, negligência por parte de seus administradores, especulação imobiliária, ciúmes profissionais e uma comunidade incapaz de compreender e apreciar a qualidade de uma obra de arquitetura que, nos dias de hoje, é vista como um mito ou mártir; vítima de uma injusta demolição.