Como será o futuro das cidades e dos transportes? Muitos indícios parecem apontar para as duas rodas, mostrando uma mudança em direção a um estilo de vida mais saudável e econômico. Embora isso seja verdade quando observamos alguns casos específicos, num panorama mais amplo, por que as pessoas optariam por andar de bicicleta se suas cidades não contam com a infraestrutura necessária?
A arquitetura desempenha um papel importante na promoção do uso de bicicletas. Cidades equipadas com ciclovias, bicicletários e instalações públicas para ciclistas acabam incentivando os cidadãos a evitar o uso de automóveis e a optar por este meio de transporte mais sustentável. Muitas cidades já começaram a remodelar sua infraestrutura urbana para receber melhor as bicicletas, seja por meio de ciclofaixas, ciclovias alargadas ou estacionamentos permanentes.
Em urbanismo, adensamento demográfico é um assunto que gera discussão, dúvida e discórdia. Uma confusão comum, por exemplo, é confundir a densidade construtiva (quantidade de área construída em um determinado local) ou até mesmo a altura das edificações, com a densidade demográfica (quantidade de pessoas que residem em um determinado local).
Em Nova York, por exemplo, a área de Midtown, em Manhattan, tem talvez a maior concentração de arranha-céus da cidade, embora tenha densidade demográfica de “apenas” 18.000 hab/km², menos da metade do Upper West Side, que apresenta 44.000 hab/km² com edifícios mais baixos mas predominantemente residenciais, enquanto há menos edifícios residenciais em Midtown. No Brasil, essa discrepância é muito mais extrema: os bairros mais densos das grandes cidades brasileiras tendem a ser os mais horizontais, pois tratam-se de favelas com unidades habitacionais pequenas, pouco espaço entre construções e famílias maiores habitando (ou coabitando) as unidades.
Será realizado entre 21 a 30 de setembro o Fórum SP 21, um seminário de avaliação do Sistema Municipal de Planejamento de São Paulo, com foco no Plano Diretor e na Política Urbana do município, seus instrumentos, planos, programas e ações complementares, assim como seus impactos e repercussões vivenciadas na cidade no século XXI. A chamada de trabalhos para o Fórum já está aberta e os resumos ou vídeos podem ser enviados até 26 de julho de 2021.
É inútil dizer que a arquitetura é uma profissão que flutua de acordo com a economia. Todos nós conhecemos histórias ou até sentimos na pele as consequências de um período de recessão. Para a industria da construção civil, a depressão econômica se traduz em um estado de espera, na escassez de novos projetos e portanto, em um impacto negativo considerável em termos de novos contratos e vínculos empregatícios—sem mencionar as terríveis consequências para a massa de trabalhadores informais, entre eles, arquitetos e arquitetas. É evidente que a economia opera em ciclos, ora com períodos de vacas magras, ora com momentos de vacas gordas. Quando no entanto, uma mal temporada coincide com uma situação de crise na qual a população global continua a crescer rapidamente e o valor da terra a atingir níveis exorbitantes, é inegável que a arquitetura não passará ilesa por tal momento. Ainda assim, existem aqueles que, ao invés de culpar a economia pelos altos e baixos da profissão da arquitetura e da industria da construção civil, afirmam que é ela a principal responsável pelas principias crises econômicas globais.
A UN-Habitat ou agência das Nações Unidas para o desenvolvimento urbano sustentável, cujo principal foco é encontrar soluções para os desafios impostos pelo rápido e voraz processo de crescimento e expansão urbana em países de economias emergentes, vem desenvolvendo abordagens inovadoras no campo da arquitetura e do urbanismo, centradas no usuário e nos processos participativos. Pensando nisso, o ArchDaily associou-se a UN-Habitat para trazer notícias, artigos e entrevistas semanais que se destacam neste setor, disponibilizando a nossos leitores conteúdos em primeira mão e direto da fonte.
A medida que a luta contra o coronavírus parece ainda muito distante de um final feliz, as restrições impostas para tentar minimizar o risco de contágios e consequentemente, de hospitalizações e mortes, continua a castigar muitas cidades ao redor do mundo. Neste contexto, a necessidade de se criar instrumentos alternativos que possam ajudar as entidades urbanas e governos locais a sair desta situação parece mais urgente do que nunca. Embora a pandemia tenha provocado uma mudança drástica na maneira como nos relacionamos uns com os outros e principalmente no modo como nos apropriamos dos espaços públicos, a demanda por mais áreas verdes e espaços abertos não diminuiu, muito pelo contrário. As pessoas, mais do que nunca, precisam sair, se exercitar, ter um contato mínimo com a natureza, poder se locomover, trabalhar, estudar e socializar com outras pessoas para manter um estado mental minimamente saudável. Pensando nisso, a UN-Habitat está lançando uma campanha que procura apontar os possíveis caminhos para se estabelecer uma resposta urbana eficaz em combate à Covid-19, delineando ferramentas que podem ajudar os governos locais a prevenir a disseminação e propagação do vírus além de desenvolver estratégias de resiliência urbana para encarar possíveis situações similares no futuro.
Após o período da revolução industrial, muitas cidades europeias testemunharam um crescimento em ritmo acelerado, intensificado pelo movimento das pessoas do campo para os centros urbanos na busca por maiores oportunidades.
Mas, se de um lado as cidades tornavam-se cada vez mais atrativas, também se intensificaram problemas como a poluição e o crescimento das ocupações irregulares. Em outro contexto, se o campo permitia o contato próximo à natureza e uma abundância de recursos naturais, também sofria com certo isolamento e redução nas possibilidades de emprego.
Intitulado "Containporary" o Pavilhão de Kosovo da 17ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza avalia o papel da urbanização global e o processo de planejamento e criação de ambientes sustentáveis. Curado por Maksut Vezgishi, o pavilhão estará exposto de 22 de Maio a 21 de Novembro de 2021.
"Transição para uma nova cidade" é o tema do Estadão Summit Mobilidade Urbana 2021, que vai até sexta-feira (21), inteiramente online e gratuito. Especialistas do Brasil e do mundo debatem as transformações que a atual pandemia tem causado na forma de se deslocar. Entre os temas em destaque estão a desigualdade socioespacial, o planejamento urbano, o boom da mobilidade ativa e conceitos em alta como o Cidade de 15 minutos, de Paris.
Dezenas de bairros da cidade de Nova Iorque foram recentemente reurbanizados com base em hipóteses inventadas e dados manipulados grosseiramente pelas autoridades municipais com a promessa de promover diversidade, acesso à moradia digna e inclusão social. Entretanto, nenhuma destas expectativas chegou a de fato a se concretizar, e o que é pior, na prática, o resultado foi exatamente o oposto disso: menos diversidade, menos moradias acessíveis e consequentemente, mais segregação e um processo de gentrificação generalizado. Ainda assim, muito pouco se fala disso. Mas o dano já está feito, e os incorporadores seguem aproveitando-se das regras do jogo para seu próprio benefício. E assim a cidade vai sendo transformada para a alegria de alguns poucos e a tristeza de muitos. Esta é a situação que Roberta Brandes Gratz explora em seu mais recente artigo entitulado “New Tork City”, analisando como as leis de zoneamento foram manipuladas para gerar um resultado oposto daquilo que se espera.
Uma vez que a urbanização acontece, seja legal ou ilegalmente, e os terrenos são subdivididos e povoados, é extremamente difícil reorganizar a posteriori seus limites, sobretudo de propriedade, e garantir terrenos para necessidades públicas básicas.
Tal dificuldade acontece devido a dois fatores principais. Em primeiro lugar, qualquer reorganização de terrenos requer o deslocamento dos usuários existentes, o que afeta suas redes sociais, culturais e econômicas — ou seja, o chamado “capital social” — e também afeta o senso de igualdade e de distribuição justa de direitos. Em segundo lugar, o valor do solo urbano aumenta com seu uso intensivo, especialmente quando a oferta é escassa em uma situação de grande demanda.
https://www.archdaily.com.br/br/961433/reparcelamento-do-solo-uma-solucao-para-a-urbanizacao-nao-planejadaFelipe Francisco de Souza
Enquanto trabalhava em Raid on Bungeling Bay — um jogo sobre bombardear cidades —, o lendário designer de jogos Will Wright descobriu que se divertia mais projetando as cidades do que as destruindo. Ele então se perguntou se os jogadores iriam gostar de ter essa mesma oportunidade.
Quatro anos depois, o resultado foi SimCity, um jogo que partiu das bases de um jogo tradicional, trocando as fases por uma jogabilidade aberta e os objetivos claros por um sandbox, uma “caixa de areia” para criar. Os jogadores receberam uma área sem nada construído, uma pilha de dinheiro e algumas ferramentas básicas de planejamento antes de poderem fazer o que quiserem.
Em teoria, as vagas de estacionamento têm apenas uma função: estacionar um carro com segurança até que ele seja usado novamente e, em termos de projeto, as garagens são flexíveis e simples, exigindo intervenções mínimas. No entanto, os estacionamentos hoje em dia não são mais considerados espaços de função única. Quanto mais vazio o local, mais potencial ele tem para integrar funções adicionais. Arquitetos e urbanistas redefiniram os estacionamentos tradicionais, acrescentando instalações recreativas e comerciais à estrutura. Em vez de uma planta típica com marcações amarelas e brancas no chão, agora estamos vendo estruturas convidativas que incorporam fachadas verdes e playgrounds na cobertura, com lava-carros, cafeterias e áreas de trabalho / estudo.
Com o título de Composite Presence [Presença Composta em tradução literal],o pavilhão belga da 17ª Exposição Internacional de Arquitetura - A Bienal de Veneza, irá explorar a complexa relação entre arquitetura e as cidades de Flandres e Bruxelas, a partir do tema "a memória como uma prática arquitetônica". Com curadoria de Bovenbouw Architectuur, em colaboração com o Flanders Architeture Institute, o pavilhão nacional estará aberto para visitas de 22 de maio a 21 de novembro de 2021.
Em qualquer processo de planejamento, existe uma série de documentos — entre materiais gráficos e textuais — que irão estabelecer um direcionamento para algo que irá se concretizar no futuro. No planejamento urbano, o master planse configura como um dos instrumentos mais frequentes nesse sentido.
Uma equipe internacional de projeto composta por OUTCOMIST, Diller Scofidio + Renfro, PLP Architecture, CRA - Carlo Ratti Associati e Arup venceu o concurso para requalificar a região ferroviária de Porta Romana, transformando a antiga paisagem industrial em um bairro verde em Milão. Ao reabilitar o pátio ferroviário desativado que conecta a região sudeste da cidade ao centro, o projeto oferecerá um espaço público rico em biodiversidade, incluindo um grande parque urbano.
Em um mundo ideal, arquitetos teriam total liberdade para projetar tudo aquilo que fossem capaz de imaginar. Mas na realidade, não é bem assim que as coisas funcionam. Fato é que desenhar em uma folha em branco nem sempre significa ter todas as possibilidades do mundo à nossa disposição, a arquitetura, como uma profissão regulamentada, é regida por uma série de códigos e leis, quando não pelos desejos dos clientes, por limites orçamentários ou outros fatores ainda mais complexos. Em se tratando de códigos de obras, muitas vezes eles “engessam” a arquitetura, forjando novas tipologias, programas e formas—da famosa “torre-plataforma” ao onipresente “dois mais cinco”. O resultado disso, muitas vezes, culmina em edifícios repetitivos e uma estética urbana monótona e sem graça.