Depois de receber o prestigioso Leão de Prata por sua contribuição na Bienal de Arquitetura de Veneza deste ano, o artista do Brooklyn, Olalekan Jeyifous, não mostra sinais de desaceleração. Desde então, participou da Bienal de Arquitetura de Sharjah e inaugurou Climate Futurism, uma exposição coletiva que destaca o poder e a eficácia dos métodos e processos dos artistas para imaginar um futuro mais equitativo.
Projeto social: O mais recente de arquitetura e notícia
Prática utópica, poder político e comunidade na arquitetura: uma entrevista com Olalekan Jeyifous
Dia Mundial da Arquitetura 2023: promovendo comunidades resilientes
Toda primeira segunda-feira de outubro, celebramos o Dia Mundial da Arquitetura e o Dia Mundial do Habitat, datas que servem como um lembrete para a comunidade global de sua responsabilidade coletiva pelo bem-estar do ambiente construído. Esta edição, assim como nos anos anteriores, lança luz sobre o campo da arquitetura e os desafios enfrentados por nossas cidades, introduzindo novos temas, contemplando o estado de nossas áreas urbanas e propondo estratégias construtivas.
Uma vez que as economias urbanas enfrentaram dificuldades significativas este ano, o Dia Mundial do Habitat promovido pela ONU concentra-se em no tema Economias Urbanas Resilientes: cidades como impulsionadoras do crescimento e da recuperação. Lançando o Outubro Urbano, este evento busca reunir diversos atores para deliberar políticas que ajudem as cidades a se recuperarem após os impactos econômicos duplos causados pela pandemia de Covid-19 e conflitos em todo o mundo. Alinhado a esse conceito, o Dia Mundial da Arquitetura, criado pela UIA em 1985, foca em Arquitetura para Comunidades Resilientes, enfatizando o papel e o dever da arquitetura em promover a existência próspera entre comunidades, ao mesmo tempo em que inicia um diálogo global sobre a interconexão das regiões urbanas e rurais dentro de cada país.
10 Exemplos de organização arquitetônica de projetos comunitários
O projeto de um espaço que reivindique a ação humana conjunta, que deixe de lado os interesses individuais para poder tratar das questões de interesse comum, evidencia a necessidade de responder às considerações da ação do encontro.
Contar com lugares compartilhados de diversos tipos é fundamental para o desenvolvimento social das comunidades, no entanto, diversas foram as experimentações ao redor do espaço de reunião e dos espaços de serviço que os alimentam. O desenvolvimento desse tipo de encontro é uma tarefa inerente ao arquiteto em seu papel ativo, social e contemporâneo no melhoramento da qualidade de vida.
A seguir, explore uma série de projetos que exemplificam tipos de organização arquitetônica em projetos comunitários.
Como usar sacos de terra e garrafas de vidro para 'construir' uma comunidade
O projeto de C-re-a.i.d. para um povoado Maasai, no norte da Tanzânia, é uma resposta morfológica à necessidade imposta de assentar-se, utilizando materiais sustentáveis, locais e acessíveis, para redefinir sua cultura de construção.
O projeto é construído através de uma série de sacos de terra e garrafas de vidro que, além de conformar espaços privados e confortáveis, permitem uma construção rápida e fácil.
Manual de mapeamento coletivo: recursos cartográficos para processos territoriais de criação coletiva
Iconoclasistas, formado por Julia Risler e Pablo Ares, elabora projetos que combinam arte gráfica, mapas criativos e pesquisa coletiva a partir do desenho de ferramentas que estimulam a reflexão crítica para impulsionar práticas de resistência e transformação.
Apresentamos a seguir o Manual de mapeamento coletivo. Recursos cartográficos críticos para processos territoriais de criação colaborativa, publicado em 2013, onde a equipe sistematiza e compartilha metodologias, recursos e dinâmicas para a auto-organização de mapeamentos.
MUTUO: um projeto colaborativo para o sonho da moradia digna no Peru
MUTUO é uma plataforma online que reúne profissionais em arquitetura e pessoas que necessitam construir uma habitação, garantindo, assim, que esses projeto sejam realizados por pessoas capacitadas.
Detalhes construtivos das habitações incrementais do ELEMENTAL
Boa localização, crescimento harmônico no tempo, preocupação pelo desenho urbano e o fato de entregar uma estrutura que permita "semear o DNA de uma habitação de classe média", são os pontos chave do ABC da habitação incremental, desenvolvido pelos arquitetos chilenos do ELEMENTAL. Em suas palavras, trata-se de "assegurar um equilíbrio entre densidade e baixa altura -sem superlotação- com a possibilidade de expansão (da habitação social à casa de classe média)".
Seguindo essa linha de ação, o escritório liberou os desenhos técnicos de 4 dos projetos realizados sob esses princípios, para que sirvam como bons exemplos de projeto, já implementados e testados na realidade. No entanto, apesar de colocá-los à disposição para sua livre consulta e download, os arquitetos enfatizam que esses desenhos devem ser ajustados para cumprir com as normativas e os códigos de obra de cada realidade local, utilizando materiais construtivos pertinentes.
A arquitetura como um gesto de reparação: A Casa Ensamble Chacarrá
O escritório colombiano Ruta 4 taller de arquitectura, junto ao Club Activo 20-30, La Morena TV, Scouts, Litro de Luz, compartilharam conosco o projeto Casa Ensamble Chacarrá, localizado em Pereira (Colômbia). Com ênfase na construção de comunidade e no uso de materiais locais, o projeto busca ser "um lugar para a cultura e a diversidade" em um bairro em que chegaram centenas de famílias desabrigadas pelo conflito armado interno no país.
Chacarrá é um gesto de reparação, ou melhor, de reivindicação a um território que alguns senhores de escravos modernos esconderam debaixo do tapete", explica-se n o seguinte texto.
Escrito em três tempos, Ruta 4 convida-nos a conhecer as origens deste projeto e seus habitantes, que escaparam dos confrontos para chegar a Pereira. Nestas palavras cruzam-se as ideias, as raízes, a obra e a esperança em uma arquitetura que pode fazer um real aporte onde outros não chegaram.
"Cidade Dormitório" em Lima: Módulo habitável para assentamentos informais
Os arquitetos equatorianos José Fernando Gómez e Fausto Quiroz, do escritório Natura Futura Arquitectura, foram convidados a ir a Lima para intervir em um espaço na região de Lomas de Collique, por ocasião do Encuentro Nacional de Estudiantes de Arquitectura del Perú CNEA, realizado entre os dias 15 e 23 de janeiro deste ano.
O exercício foi realizado junto ao professor Lucio Torres e uma equipe de 35 estudantes de arquitetura, e resultou em um módulo mínimo habitável construído a partir de materiais básicos disponíveis na região.
Arquitetura Social no México: Casa Coberta / Comunidade Vivex
A Casa Coberta é a segunda habitação social desenvolvida com a metodologia do projeto de Arquitetura Social da equipe do Comunidad Vivex, cujo principal objetivo é trazer a arquitetura e processos de planejamento, concepção, desenvolvimento e execução às famílias mexicanas com poucos recursos e de comunidades marginalizadas, além de fornecer infraestruturas básicas para as instituições de apoio.
Saiba mais sobre a metodologia comunitária e participativa a Comunidade Vivex desenvolveu no México, abaixo.
CatalyticAction projeta parques infantis para crianças refugiadas no Líbano
"Dentro de programas humanitários as crianças muitas vezes se tornam invisíveis." (Marc Sommers)
A guerra civil na Síria obrigou milhares de famílias a deixarem suas casas em busca de lugares seguros para continuar suas vidas. Muitas famílias se mudaram para o Líbano, onde a ONU ergueu uma série de assentamentos informais. Embora eficaz no fornecimento de abrigo, eles não fornecem soluções específicas para crianças, muitas dos quais tiveram seus estudos interrompidos e não têm espaços públicos equipados para praticar esportes e interagir com outras crianças.
Em resposta a esta situação, os arquitetos da CatalyticAction projetaram e construíram um parque infantil em uma das escolas desenvolvidas pela Fundação Kayany e pelo Centro de Engajamento Cívico e Serviços Comunitários da Universidade Americana de Beirute, envolvendo crianças ao longo de todo o processo e permitindo que a estrutura seja facilmente desmontada, transportada e remontada ou reaproveitada.
GA propõe arranha-céu de containers para favela em Mumbai
O escritório Ganti + Asociates (GA) Design venceu um concurso internacional de ideias com um projeto de um arranha-céu de containers que serve de habitação temporária na densa favela de Dharavi, em Mumbai. Levando em consideração o fato de que containers podem ser empilhados até 10 vezes sem acréscimo estrutural, o projeto desenvolvido pelo GA propõe um edifício de 100 metros de altura composto por uma série de conjuntos autoportantes de containers apoiados por vigas metálicas distribuídas a cada 8 pavimentos.
Escolas para crianças refugiadas na Jordânia construídas com andaimes e areia
Utilizando o solo "sob seus pés" a organização Pilosio Building Peace, juntamente com os arquitetos Pouya Khazaeli e Cameron Sinclair, desenvolveu o projeto RE:BUILD, um sistema construtivo que permite edificar estruturas seguras e confortáveis em campos de refugiados. O sistema permite a construção de edificações temporárias de alta qualidade através do uso de painéis feitos a partir de andaimes e telas metálicas, que são, então, montados e preenchidos com cascalho, areia ou terra, criando ambientes internos bem isolados e de baixo custo.
A estrutura pode ser usada em hospitais, habitações e outros tipos de edificação, porém, apresentamos a seguir duas escolas construídas a partir desse sistema na Jordânia
Espaços públicos humanos para uma cidade informal, a experiência de "Barrio Mío" em Lima
A cidade de Lima, Peru, com 9 milhões de habitantes, é composta por 70% de construções informais, erguidas através da autoconstrução das comunidades geridas por seus habitantes. Em uma cidade fragmentada - entre invasões e bairros - se faz urgente estabelecer laços entre o estado, o setor privado e a sociedade civil para reconstruir o escasso espaço público existente e levar a arquitetura àquelas regiões que mais necessitam.
Este é o desafio do Programa Barrio Mío da prefeitura de Lima, que promove o assessoramento técnico a moradores organizados em áreas de encosta, visando criar projetos de recuperação e melhoria de espaços públicos dentro de um sistema urbano integrado.
Entrevistas Archiculture: Shigeru Ban
"Um terremoto não mata pessoas, o colapso de um edifício mata." Na mais recente entrevista de Arbuckle Industries, lançada na sequência da première mundial de Archiculture, o arquiteto Shigeru Ban define claramente os desastres "naturais" como produtos da humanidade, e não da natureza. Ouça as opiniões do vencedor do Pritzker sobre projetar para as minorias e para situações de desastre no vídeo acima.
'Nave Tierra': a casa autossustentável de Michael Reynolds na Argentina
Há alguns meses nossa série Cinema e Arquitetura mostrou a história de Michael Reynolds; um arquiteto visionário e rebelde que impulsionou uma série de iniciativas experimentais em todo o mundo, desafiando o que é dado como certo e promovendo um novo tipo de arquitetura baseada na reciclagem e na autossuficiência.
O projeto “Tol-Haru, la Nave Tierra del Fin del Mundo" - localizado em Ushuaia, Argentina (em um terreno doado pelo Município) - está sendo completamente construído com materiais reciclados e poderá gerar energia através dos ventos e do sol para seu próprio aquecimento e resfriamento, além de reutilizar a água da chuva e reciclar seus próprios resíduos.
Mais detalhes do novo projeto de Reynolds a seguir.