No último dia 4 de agosto, em um lapso de poucos segundos, 40% de toda a cidade de Beirute voou pelos ares. Num piscar de olhos, o destino da capital libanesa, de seus habitantes e de seu vasto patrimônio arquitetônico mudou radicalmente de direção. Tempo e memória, elementos que se sedimentam lentamente ao longo dos séculos sobre a paisagem urbana de uma cidade, foram soprados para longe com uma força arrebatadora, deixando uma onda de destruição até maior que as mazelas causadas por uma guerra civil que durou 15 longos anos. Pegando todos de surpresa, as duas explosões varreram as marcas do passado, apagaram aquelas do presente, arruinando as muitas aspirações futuras de toda uma nação.
A explosão do último dia 4 de agosto no porto de Beirute, em pleno coração da histórica capital libanesa, destruiu uma vasta área da cidade, atingindo os bairros de Mdawar, Rmeil, Gemmayze, Achrafieh, Mar Mkhayel, Karantina e Geitawi. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, mais de 200.000 unidades residenciais foram gravemente afetadas pelas explosões, somando um total de aproximadamente 40.000 edifícios danificados, dos quais 3.000 já foram condenados pela defesa civil.