Jacques Derrida, o filósofo que mais teorizou a desconstrução, repetia que não havia uma definição de tal coisa e que se tratava de um método de dissecar as estruturas mais ou menos escondidas para lhes tomar o pulso e perceber que coisas transportavam com elas. Não se trata portanto de um anti-estruturalismo porque a desconstrução é uma atitude bastante estruturada; trata-se de um exercício de decomposição para perceber se quando nos põe pela frente coisas “estruturais” e sistemas rígidos de compreensão opondo isto àquilo, razão e emoção, realidade e ficção e coisas assim, não nos estarão a doutrinar com uma qualquer visão do mundo a partir da qual as coisas serão tidas como normais ou anormais, bonitas ou feias, muito ou pouco importantes e assuntos do género. Na cultura dita ocidental tendemos a pensar e a argumentar usando oposições binárias. Assim, o preto não seria branco, a causa não seria efeito e o masculino não seria feminino. Sem se dar por isso, muitas dessas oposições contêm hierarquias, distinções entre o positivo e o negativo, veiculando juízos de valor moral ou estético. A desconstrução é a melhor medicina para ruminar tais polaridades encardidas.
René Descartes: O mais recente de arquitetura e notícia
Rua da Estrada da desconstrução / Álvaro Domingues
https://www.archdaily.com.br/br/802886/rua-da-estrada-da-desconstrucao-alvaro-dominguesÁlvaro Domingues