Os últimos vinte e tantos anos podem ter presenciado um notável retorno das cidades, mas os próximos vinte podem mostrar uma retomada dos subúrbios, uma vez que muitas cidades tornaram-se vítimas de seu próprio sucesso. A crise na habitação — produto de uma complexa gama de fatores, desde a sub-construção até mudanças de zoneamento — fizeram de algumas cidades estadunidenses, como Nova Iorque e Los Angeles, um parque de diversões para os super-ricos, afastando os antigos residentes e tornando a cidade inacessível para artistas, mentes criativas e pequenos comércios que fazem os lugares vibrarem.
Procurando a casa dos seus sonhos? Cerca de madeira, garagem (com carro incluído), tabela de basquete e flores no jardim, disponível agora no tranquilo bairro de Rancho Santa Fé, em Xangai, China. De acordo com esse artigo do The Guardian, "O Sonho Chinês" está se espalhando pela República Popular, com modelos ocidentais de planejamento replicados que mostram resultados tão ineficazes quanto os originais. O artigo expõe uma visão do papel do fetichismo arquitetônico americano na China de hoje, e como o governo está lutando para conter essa tendência. Leia o artigo completo aqui.
Do editor. As vistas aéreas de Christoph Gielen oferecem um olhar sobre as formas mais aberrantes e incomuns de espraiamento urbano na América de um modo que normalmente não conseguimos vê-las: de cima - uma vantagem que revela tanto a geometria intrincada como o fascínio idiossincrático destas evoluções. Aqui, deparar-nos com o espraiamento se torna uma experiência estética que ao mesmo tempo nos deixa com uma sensação de agouro, de estarmos vendo a "escrita numa parede". Fascinante e ao mesmo tempo profundamente inquietante, estas fotografias detalham as potenciais ramificações de uma urbanização descontrolada. Quando estes assentamentos foram construídos, nem a distância até o trabalho nem o preço da gasolina interessavam muito na escolha dos locais das novas construções. Estes lugares são relíquas de uma era que foi inteiramente definida pela crença no crescimento ilimitado, no "maior é melhor". A alarmante extensão destas práticas, e seus inerentes desperdícios, são trazidos à luz nas fotografias de Gielen - como se olhássemos para um microcosmo de insustentabilidade através de uma lupa gigante.
Ensaios de Johann Frederik Hartle, Galina Tachieva, Srdjan Jovanic Weiss, Susannah Sayler e Edward Morri ajudam a contextualizar a obra de Gielen, focando em diversos aspectos, como estética, mudança climática e futurologia. Eles também examinam o porquê olhar estas fotografias de perto é particularmente crucial neste momento, quando vivemos uma nova onde de construções em países em desenvolvimento como a China.
Durante a maior parte da sua existência, os subúrbios norte-americanos foram considerados um despropósito arquitetônico. De shopping centers a mansões passando por empreendimentos residenciais, os subúrbios de Connecticut a Califórnia parecem estranhamente similares e compartilham o mesmo padrão de construção rápida e barata que deixa pouco ou nenhum espaço para um projeto sério.
Mas com a recente crise imobiliária e crescentes preocupações ambientais, novas oportunidades surgiram para se repensar os subúrbios como comunidades sustentáveis e arquitetonicamente inovadoras. Ainda que as demais plataformas artísticas analisadas nesta edição estejam consolidadas, o projeto suburbano - tradicionalmente dominado pelos empreendedores em busca de lucros - apenas agora surge como um campo de produção de arte. Alimentados por exposições como "Foreclosed: Rehousing the American Dream", do Museu de Arte Moderna, e o concurso Reburbia da revista Dwell, arquitetos e designers começam a explorar o que os subúrbios podem se tornar. Falamos como diversos arquitetos que lideram essa tendência crescente e literalmente criam novas possibilidades para todas essas "casinhas nas colinas". Em suas próprias palavras, aqui estão alguns de projetos, questões e visões.