Enquanto escrevo esse texto uma chuva torrencial toca a janela do quarto. Aqui, no sul do Brasil, há semanas não sabemos o que é a luz do sol. Em várias cidades o volume de chuva já superou o total acumulado dos demais meses do ano. Alagamentos, inundações e deslizamentos são notícias corriqueiras nos jornais regionais. Neste cenário caótico, um estudo apresentado pela Confederação Nacional dos Municípios afirma que, entre as chuvas intensas no sul e a seca no norte do país, 5,8 milhões de brasileiros foram diretamente afetados pela catástrofes em 2023, incluindo casos de perda de vidas, desalojamentos e prejuízos econômicos significativos.
O prognóstico, infelizmente, também não é dos melhores. A versão nacional do renomado relatório de mudanças climáticas do IPCC, documento organizado pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) já alertou: o Brasil, assim como outros países da América Latina, não apenas ficará mais quente com as mudanças climáticas, como também verá seu regime de chuvas mudar drasticamente. Ou seja, aqui no sul, é melhor nos acostumarmos com o barulho da chuva na janela, assim como o norte deve esperar secas históricas.