Sem a pretensão de querer abranger toda a grandeza e a complexidade de uma obra intensa como a de Frank Lloyd Wright, o livro se concentra no estudo de exemplares residenciais construídos dentro de sua vasta produção arquitetônica, a partir da leitura dos princípios orgânicos escritos pelo arquiteto e presentes em sua obra.
Frank Lloyd Wright. Princípio, Espaço e Forma na Arquitetura Residencial, recebeu Menção Honrosa – Categoria – Ensaios Críticos - 10º Prêmio Jovens Arquitetos 2011 IAB-SP ficou entre os finalistas do 25º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira.
O livro é resultado da pesquisa realizada para a Dissertação de Mestrado desenvolvida na Unicamp (2008). A obra procura, com uma linguagem coloquial e sem pretender erudição, suprir um vazio editorial no Brasil. A análise de projetos residenciais do importante arquiteto norte-americano, Frank Lloyd Wright (1967-1959).
A historiografia contribui para a consolidação de uma narrativa que forma linhas de pensamento. A arquitetura brasileira é conhecida como sinônimo de uma influência européia, o que reservou para segundo plano fatos que não se enquadravam dentro da corrente predominante. Até o momento a maioria dos livros fundamentais[i] a respeito da arquitetura de Wright está publicada em língua inglesa, o que se apresenta como uma barreira para o conhecimento da obra deste arquiteto, especialmente entre alunos de graduação.
O livro trata de análise de projetos por meio de desenhos e textos. Portanto acreditamos que este fato estimula alunos de graduação a criar um interesse pelo desenho e pela leitura, e consequentemente pelo conhecimento.
A pesquisa teve como ponto de partida inicial a organização sistemática do acervo disponível em publicações da obra completa construída de residências unifamiliares do arquiteto, que chega a mais de 300 obras. Foram selecionadas quatorze residências significativas construídas, pertencentes a três fases distintas – Prairie, Textile Block e Usonian. O principal critério para a seleção se baseou no fato de serem as residências referenciais mais citadas por críticos e estudiosos de Wright, e significativas dentro do conjunto.
O livro se concentra no estudo de exemplares residenciais construídos dentro de sua vasta produção arquitetônica, a partir da leitura dos princípios orgânicos presentes em sua obra[ii]. Após a leitura dos livros e artigos escritos por Wright[iii], identificamos os princípios orgânicos de sua arquitetura. Estes princípios norteiam e fundamentam seus projetos e estão concretizados em espaços e formas na sua obra.
Por meio da análise gráfica[iv] pudemos analisar como estes princípios estão presentes na sua obra residencial, revelando por meio de desenhos diagramáticos. A intenção foi produzir um material gráfico sintético sobre os diferentes partidos e escolhas do arquiteto, que facilita a compreensão da concretização dos princípios.
O livro foi concebido a partir da ideia do desenho como linguagem, ferramenta e expressão do arquiteto. Todo em preto e branco, o conceito foi de criar um livro despojado e simples, para ser lido, desenhado, rabiscado e vivenciado.
Sendo Wright um respeitável arquiteto do século XX, acreditamos que esta obra contribui para o resgate de sua importância dentro do universo de pesquisa no Brasil e conseqüente futuras releituras da historiografia brasileira.
O estudo mais atento da obra de Wright permite afirmar que o arquiteto procurava respeitar e harmonizar sua obra com a natureza circundante e, em especial, com as necessidades do indivíduo. Esta abordagem enfatiza a interação e coerência entre os princípios orgânicos teóricos de Wright e a sua concretização prática arquitetônica.
[i] Há pesquisas importantes e fundamentais sobre sua arquitetura, como a de Bruce B. Pfeiffer, Donald Hoffmann, Allen Brooks, William Storrer, Anthony Alofsin, Grant Manson, Bruno Zevi, Vincent Scully, Henry R. Hitchcock, Peter Blake, Laseau e Tice, Robert McCarter, Neil Levine, Edgar Kaufmann, apenas para citar algumas, que infelizmente não foram traduzidas para a língua portuguesa, permanecendo desconhecidos do grande público.
[ii] Nos textos de Wright, o próprio arquiteto aponta os princípios que nortearam sua obra. Nesta pesquisa sintetizamos seis princípios, que são especialmente discutidos no livro The Natural House (1954): integridade, continuidade, plasticidade, natureza dos materiais, gramática e simplicidade. WRIGHT, Frank Lloyd. The Natural House.New York: Horizon Press, 1954.
[iii] Entre inúmeros livros e os artigos importantes escritos pelo arquiteto, podemos citar “The Architect and the Machine” (1894), “The Art and Craft of the Machine” (1901), a série de artigos “In the Cause of Architecture” (publicados na Revista Architectural Record, entre 1908 e 1928), especialmente The Logic of the Plan (1928), e a coletânea de textos referentes às palestras proferidas por Wright na Princeton University em 1930, cuja coletânea deu origem ao livro Modern Architecture (Kahn Lectures (1931), além do texto de 1938 para a Revista Architectural Forum[iii]. Dentre os livros que publicou destacamos sua Autobiografia (1932, revisada em 1943), The Natural House (1954) e o livro The Testament (1957).
[iv] Alguns autores são referências nesta pesquisa: Florio (2002), Geoffrey Baker (1991), Francis Ching (1993), Roger Clark e Michael Pause (1997).