O potencial de geração de energia está escondido em muitos lugares, de arranha-céus à pistas de esqui. Mas uma nova pesquisa mostra que uma poderosa fonte de energia está escondida bem embaixo de nossos narizes, ou pés, para ser mais exato.
A ideia começou há mais de uma década atrás, quando um grupo de consultoria de Londres criou um método de amortecimento dos ruídos das peças envelhecidas do metrô de Londres, enquanto aproveitavam a energia do ruído para gerar eletricidade. A ideia inicial, eventualmente, foi um piso capaz produzir energia a partir das pisadas diárias de pedestres, explorando alguns caminhos diferentes, incluindo a incorporação de uma série de minúsculos tubos sob um piso emborrachado, semelhante ao de um parque infantil. Ao caminhar sobre o piso, o líquido nos tubos se move e força as turbinas, gerando energia. Embora a geração de energia deste sistema fosse pequena, poderia ser usada para alimentar dispositivos de baixa energia, como monitores, máquinas de bilhetes e catracas.
O grupo The Facility não estavam sozinhos ao seguir esta linha de pensamento. PaveGen é outro sistema que produz placas individuais geradoras de energia, que podem ser adaptadas individualmente em lajes de concreto existentes. Apesar de esconderem o jogo quanto ao verdadeiro funcionamento das placas, ao serem pisadas, uma pequena explosão gera cerca de 2,1 watt/hora. Cinco por cento desta vai para ligar uma luz embutida na superfície, enquanto o restante pode ser armazenada em uma bateria ou enviada para onde for necessário. O grupo PaveGen afirma que apenas cinco destas placas, se colocadas em um caminho bastante utilizado, podem produzir energia suficiente para iluminar via pública de Londres à noite. O sistema foi instalado em uma via pública durante os Jogos Olímpicos de Londres. Uma matriz das placas foi instalada em um shopping center perto do estádio principal, com a intenção de usar as pisadas para iluminar metade da da área externa do shopping.
Devido à pequena quantidade de eletricidade produzida, esses sistemas recebem algumas críticas. Durante uma recente experiência de duas semanas no centro da cidade de Toulouse, estimou-se que, se cada morador levasse uma hora de seu dia pisando nestas placas, apenas a gerariam energia suficiente para abastecer 435 postes.
É aí que Scott e Julie Brusaw entram no jogo - o que eles têm em mente é um pouco mais ambicioso. A Solar Roadways (Estradas Solares) é uma proposta inovadora para substituir estradas em todos os Estados Unidos com matrizes especialmente desenvolvidos de painéis solares. O painel proposto é de tipo "sanduíche": a camada superior é de vidro texturizado translúcido, funcionando como superfície de condução, sob esta camada existe uma variedade de dispositivos, incluindo painéis fotovoltaicos, LEDs e um elemento de aquecimento, para manter o painel livre de neve e gelo.
Os Brusaws previram que, ao implementar o sistema Solar Rodways nos Estados Unidos em escala nacional, deixando de lado a maioria de seu asfalto em todo o país, já poderiam produzir três vezes mais energia do que o país exige atualmente, mesmo que com a sua eficiência de 15% . Com isso, a rede rodoviária não seria apenas a fonte de energia, mas também um sistema de distribuição: casas e empresas poderiam ligar-se direto às estradas.
Uma parte vital do sistema são os LEDs embutidos, que são necessários para marcar a estrada sem pintura. Estes oferecem interessantes possibilidades. Nessas estradas, as marcas podem ser alteradas instantaneamente, conforme necessário para eventos especiais, ou até mesmo alertar os motoristas em tempo real de acidentes. Em áreas remotas nas estradas, poderiam iluminar os trechos em torno de um carro, desligando quando nenhum deles está presente. A inclusão do elemento de aquecimento significa que as estradas seriam mantidas permanentemente livre de gelo em todo o país, não importa o quão difícil seja o acesso ao local.
Parece coisa de ficção científica, muito bom para ser verdade, e no momento, ainda o é. O vidro em questão ainda não foi desenvolvido. Deverá ser muito resistente, auto-limpante, anti-reflexo e proporcionar a aderência necessária. Contudo, esta tecnologia não está a anos-luz de distância, segundo Carlo Pantano, professor de Ciência de Materiais da Universidade da Pennsylvania "Sabemos como manufaturar o vidro, sabemos o que são painéis fotovoltáicos, sabemos o que temos que fazer para proteger vidro de danos, sabemos o que é preciso para reduzir os custos de fabricação. A pesquisa que é realmente necessária tem mais a ver com a adaptação do vidro para esta aplicação em particular "
Atualmente, um protótipo deste painel existe, e um ensaio também está sendo realizado em um estacionamento em Idaho. O projeto está sendo financiado por uma doação de 750.000 dólares da Federal Highway Administration dos Estados Unidos, que estão ansiosos para ver se este conceito excêntrico pode realmente funcionar.