Nos próximos meses estaremos publicando o livro de Nikos Salingaros, Unified Architectural Theory, em uma série de capítulos, tornando-o livre a estudantes e arquitetos. Nos parágrafos seguintes, Salingaros explica porque optamos por esta iniciativa, e também introduz o tema de seu livro: respondendo "a antiga e perturbadora questão de por que arquitetos e pessoas comuns têm preferências de edifícios diametralmente opostas."
ArchDaily e eu estamos iniciando uma nova ideia de publicação, uma ideia que reflete as tendências revolucionárias que estarão em meu livro, que será futuramente publicado. No momento, meu livro, Unified Architectural Theory, 2013, está disponível apenas nos EUA. Com a cooperação do ArchDaily, ArchDaily Brasil e Plataforma Arquitectura, ele logo estará disponível em outras línguas, para todos que tenham acesso à internet. Sendo publicado um capítulo por vez, estudantes e profissionais poderão digerir o material à vontade, imprimir as páginas e encaderná-las como um livro de referências "faça você mesmo". Pela primeira vez estudantes terão acesso a este material em seu idioma e gratuitamente!
O livro surgiu de um curso sobre teoria da arquitetura que eu lecionei ano passado. Foram apresentados aos estudantes os mais recentes resultados científicos que mostram como seres humanos respondem a diferentes formas e espaços arquitetônicos. No final do curso, todos tinham conhecimento suficiente para avaliarem, eles mesmos, quais edifícios, espaços urbanos e configurações internas eram mais adequadas para os seres humanos.
Esta abordagem é, claro, totalmente diferente daquilo que se conhece hoje como "Teoria Arquitetônica".
A "Teoria" oferecida aqui é unificada precisamente porque descreve e ajuda a compreender todos os diferentes estilos da arquitetura. Além disso, ela tem valor de preditivo. A base de análise é objetiva, livre de vieses filosóficos, ideológicos ou políticos. Acredito que minha linguagem (de origem científica) seja clara e direta. Por este motivo, é um antídoto contra muitos discursos arquitetônicos de hoje em dia, que são um jogos intelectuais muito esotéricos para a compreensão do público.
Eu não exagero ao dizer que este livro (e a pesquisa no qual ele se baseia) finalmente responde à antiga e perturbadora questão de por que arquitetos e pessoas comuns têm preferências de edifícios diametralmente opostas. Pessoas reagem de acordo com suas intuições biológicas, julgando seu ambiente por seus efeitos positivos e negativos sobre o corpo humano. Arquitetos, por outro lado, são condicionados a ignorar seus próprios sinais corporais e a julgar o mundo segundo critérios abstratos. Em muitos casos, tais julgamentos levam-nos a construir estruturas indutoras de ansiedade, com efeitos negativos para a saúde e bem estar das pessoas.
De fato, há um grande número de arquitetos que já se movem em direção ao conteúdo deste livro, tentando empregar formas mais orgânicas e quebrar a caixa de vidro ou concreto. Entretanto, sem bagagem científica, eles procedem apenas através da intuição visual, com resultados limitados.
É aqui que o livro realmente ajuda: ao distinguir entre (1) a aparência superficial da ordem orgânica e (2) a criação de formas arquitetônicas segundo os mesmos processos que geram formas biológicas. Estes são dois mecanismos inteiramente diferentes. Está tudo explicado no livro.
As ideias deste livro foram desenvolvidas ao investigar a arquitetura e o design através de um método científico; assim, a maior parte destes resultados são inteiramente originais e bastante relevantes à arquitetura, embora se situem fora do discurso arquitetônico comum. A maior parte da comunidade do design, entretanto, não terá acesso a eles, o que é uma grande pena.
Para concluir, esta é uma mina de ouro para jovens arquitetos que estão ansiosos para desenvolver formas inovadoras que, inclusive, proporcionem ambientes saudáveis e atraentes. Há um pequeno preço a ser pago, contudo, que é a inevitável crítica àqueles arquitetos que seguem na direção oposta, do projeto voltado para a imagem. Embora não os condene completamente, qualquer pessoa que ler este livro logo perceberá que a abordagem projetual fundada na imagem é basicamente deficiente, e deveria ser abandonada. Portanto, este livro obrigatoriamente irritará alguns. Em nome do progresso arquitetônico, convido os leitores e leitoras a enfrentar desafio.
Os capítulos do livro de Nikos Salingaros, Unified Architectural Theory, serão publicados no ArchDaily Brasil durante o ano. Fique atento para o primeiro capítulo!