Dinâmicas do Vazio é o produto de um trabalho colaborativo entre o artista sonoro Ariel Bustamante e o arquiteto Alfredo Thiermann. Surge após uma convocatória aberta para realizar uma residência artística na Antártica durante um mês.
O continente Antártico, é um território distante sobretudo com uma paisagem vazia cujo imaginário se encontra ainda em constante construção. É provavelmente um dos poucos lugares aos quais o homem ainda enfrenta com total abertura ao mito e a possibilidade de fantasia e ficção. Se o imaginário visual antártico é entendido como um em construção, o imaginário acústico é provavelmente inexplorado e é a partir desta observação que este dispositivo busca construir, sobretudo, um lugar simbólico e acusticamente isolado capaz de ser preenchido com o seu próprio conteúdo simbólico.
Na continuação, mais informações e imagens.
Após a pesquisa realizada na Antártica e da estadia de Ariel por 33 dias, em parte registrando sons e em outra evidenciando esta contínua disposição ao mito dos "habitantes" e "visitantes" antárticos cria-se este pavilhão, deixando de lado desde o começo o chamado "trazer a Antártica ao continente", por sua evidente impossibilidade e pelo o que este perigoso sentido de associação apresenta e representa.
A intervenção é um túnel preto de 18 metros de largura e 12 toneladas de peso, feito de polietileno de alta densidade (HDPE) que está suspenso por tensores de 6mm fixos a um exoesqueleto metálico. No interior, 30 fontes de som são dispostas de maneira helicoidal, encontram-se ocultas em distintos pontos entre as capas estruturais e isolantes do objeto. Nenhuma delas pode ser vista, somente escutadas. A estrutura suspensa se reduz literalmente a sua mínima expressão entre o mundo exterior e ao vazio interior.
O som por transmissão mecânica se dissolve nos elementos finos e elásticos que contém o túnel. Uma vez que se ingressa, uma porta é fechada. O visitante fica imerso em uma atmosfera isolada, simbólica e literalmente suspenso do contexto imediato. No fundo do telão retroiluminado surgem alguns estímulos visuais em meio da obscuridade. O habitante encontra-se em meio de uma experiência inversiva e corporalmente perceptível, um ambiente artificial e possivelmente fictício, construído a partir de sons e imagens. Alguns dos sons foram gravados na Antártica, outros não. O mesmo acontece com as imagens.
Dinâmicas do Vazio levanta a possibilidade de manter em constante movimento a construção do imaginário antártico. Através da construção de um outro espaço, de um acaso da heterotropia, que se apresenta simplesmente alheia e distante, mas ao mesmo tempo habitável. É o corpo que habita este lugar, não há uma imagem ou cartografia antártica, nenhum som. É a construção em primeiro lugar de um silêncio/distância que logo sofre a intervenção de estímulos táteis, visuais e auditivos, que em parte remetem a esta realidade-ficção distante que apresenta o imaginário antártico.
O dispositivo é um recipiente móvel de um vazio-autônomo que a partir de certos estímulos e de ser habitado pode gerar infinitas versões reais, fictícias ou imaginadas do continente antártico.
Autores: Alfredo Thiermann Riesco – Ariel Bustamante
Engenharia e Construção: KRAH PipingSolutions Chile
Colaboradores: Elvira Valdés, Blanca Valdés, Pablo Thiermann, Carola Roa
Cálculo Estructural: Mauricio Ahumada
Cálculo Acústico: DBA ingeniería
Lugar: Museo Nacional de Bellas Artes