Em uma declaração feita ontem à noite, Glenn Lowry, diretor no MoMA, confirmou que o American Folk Art Museum, projetado por Tod Williams and Billie Tsien Architects, será demolido para dar lugar a um novo projeto encabeçado por Diller Scofidio + Renfro (DS+R).
Mais informações - e a reação dos críticos - a seguir.
Em sua mensagem Glenn Lowry disse:
"Os planos aprovados hoje são o resultado de uma recomendação dos arquitetos [Diller Scofidio + Renfro, o renomado estúdio interdisciplinar de Nova Iorque] após um estudo cuidadoso e consciente e um processo de projeto de seis meses que explora todas as opções para o terreno. A análise empreendida foi profunda e rigorosa e, em última instância, levou-nos a determinação de que criar um novo edifício no terreno do antigo American Folk Art Museum é o único meio de obter um campus completamente integrado."
O novo projeto, que deve acrescentar cerca de 4.000 m² de novas galerias e espaços públicos, ajudando a solucionar o considerável problema de congestão do MoMA, integrará o edifício atual a dois terrenos a oeste do Museu: três pavimentos de uma torre residencial projetada por Jean Nouvel, e o terreno do antigo American Folk Art Museum.
O novo projeto de DS+R conta com um pavimento térreo e um Jardim de Esculturas abertos gratuitamente ao público; um pavimento superior que abrigará outras galerias e espaços para performances; além de muitos pontos de acesso e passagens para melhorar o fluxo de pessoas.
Os críticos, contudo, embora geralmente compreendam as necessidades de espaço do MoMA, bem como as análises de Diller Scofidio + Renfro para o terreno, continuam decididamente contrários à decisão do MoMA por duas razões principais: (1) a expansão continua insuficiente em termos de espaço (o que significa que grande parte da coleção permanecerá guardada); e (2) a demolição do Folk Art Museum de apenas 3 anos, uma joia arquitetônica de Nova Iorque, seria deplorável em qualquer circunstância - com o aval de uma instituição cultural da reputação do MoMA, isso é quase incompreensível.
Jerry Saltz, do Vulture, escreveu uma condenação inflamada endereçada ao MoMA - não apenas pela demolição do Folk Art Museum - mas pela natureza míope e comercial da expansão:
"Isso se parece muito com o último plano de expansão. Apenas mais "estiloso", com muito mais vidro - perdão, "transparência para a rua" - e espaços projetados basicamente para que as pessoas possam ver outras pessoas olhando outras pessoas olhando pessoas. [...] Tudo isso evita o problema básico do MoMA, que eu escrevi anteriormente: que o museu precisa triplicar sua área para mostrar sua coleção permanente de arte produzida antes de 1980. Isso não foi feito em 2004, e não está sendo feito agora. [...]"
Escrever isso acaba comigo, pois visitarei o MoMA pelo resto da minha vida, mas [...] nunca chegarei a ver sua incrível coleção exposta apropriadamente. Adeus, MoMA. Eu te amo."
Justin Davidson, também escrevendo para o Vulture, simpatiza com a abordagem ética e arquitetônica de DS+R (o que é pior: demolir o Folk Art ou cicatrizá-lo para sempre?); contudo, argumenta que o projeto apresentado não tem "entusiasmo":
"Até o momento os arquitetos têm feito ajustes nas criações de seus velhos amigos, isso teria gerado tamanha degradação que não há motivo para manter os remanescentes. Numa versão arquitetônica do paradoxo do campo de batalhas, DS+R teriam que destruir o edifício para salvá-lo. Mas esta hesitação aparece no anteprojeto que irá para a próxima fase. O cliente está atado pela dominação do mundo da arte; os arquitetos parecem não ter entusiasmo. Ao invés de curar a ferida deixada pelo Folk Art Museum, deixaram um reluzente vazio. [...] É possível que com o refinamento do trabalho dos arquitetos, o MoMA receba um tratamento rejuvenescedor semelhante. Talvez ver os Picassos seja mais agradável, e todo o complexo deixe de lado seu ar frio e corporativo. Mas por hora o projeto parece menos um grito otimista que um lamentoso coro de compromissos."
Paul Goldberger do Vanity Fair, em um artigo eloquente característico, foco na tragédia de perder o Folk Art Museum - não apenas para o MoMA, mas para toda a cidade de Nova Iorque:
"Lowry encara a expansão como uma forma de criar o tão necessário espaço de respiro. 'Somos uma vítima de nosso próprio sucesso', ele me disse. Justo. Mas este argumento, embora responda a um problema real, me lembra um pouco a prática dos engenheiros de tráfego de resolver os problemas de transito construindo mais rodovias. Como acabamos aprendendo pelo modo mais difícil, mais vias geralmente geram mais trânsito, perpetuando o problema, ao invés de resolvê-lo. Sim, o MoMA carece de espaço para expor suas grandes coleções, e sim, há muito tempo ele perdeu sua escala doméstica e se tornou o mais amado dos museus de Nova Iorque. Há um modo de solucionar o primeiro problema sem tornar o segundo ainda pior?A sombria fachada do Folk Art Museum, composta por painéis dobrados de bronze, combina uma dignidade monumental com a imagem de delicados trabalhos manuais, e é uma majestosa, embora fisicamente pequena, obra de arquitetura. Uma cidade que permite que tal obra desapareça após meros doze anos é uma cidade com coração falho para a arquitetura. Uma grande instituição cultural que não pode encontrar um uso apropriado para tal edifício é uma instituição com uma imaginação falha para a arquitetura.O edifício de Williams and Tsien também é o último remanescente de algo cuja escala seja razoavelmente próxima à da Rua West 53rd, uma quadra que parece cada vez maior, cada vez mais corporativa, cada vez menos diversificada. Derrubar o Folk Art Museum pode fazer sentido para os fins do MoMA, mas é difícil de enxergar como isso tornará Nova Iorque um lugar melhor."
Michael Kimmelman do The New York Times usou o Twitter para expressar seu desapontamento.
If MoMA had treated Folk as architecturally worthy, like objects in its collection, the question of demolition couldn't have arisen.
— Michael Kimmelman (@kimmelman) January 9, 2014 Inevitability of MoMA's shameful decision stems from two bad premises: bigger is better, and the Folk bldg is just a parcel of land.
— Michael Kimmelman (@kimmelman) January 9, 2014 Leia outros artigos sobre a luta em busca da preservação do American Folk Art Museum.
Para ler mais sobre a opinião dos críticos, dê uma olhada no Tumblr #FolkMoma.
