Esta entrevista foi originalmente publicada na Metropolis Magazine como Q&A: Melissa Weigel of Moment Factory.
A Moment Factory possui um currículo extenso, você já os deve ter visto em espetáculos do Cirque du Soleil, no Superbowl Half Time Show da Madonna em 2012, na atração Disney E3 Booth, ou na estréia de Jay Z no Carnegie Hall. Talvez você se lembre deles quando projetaram imagens na fachada da Sagrada Familia ou no distrito do Quartier des Spectacles em Montreal. Ou talvez os tenha visto que foram incluídos na timeline comemorativa de 30 anos da Apple.
Moment Factory foi o principal criador de conteúdo para as instalações no recentemente inaugurado Terminal International Bradley no aeroporto LAX, projeto de Fentress Architects. Foi uma grande colaboração de vários parceiros, incluindo Mike Rubin com MRA International, Marcela Sardi da Sardi Design, Smart Monkey, Digital Kitchen, e Electrosonic com instalação da Daktronics e Planar.
A reação dos passageiros e da administração do aeroporto LAX foi, para ser mais específico, "UAU!". Foi a minha também. Foi por isso que pedi para que apresentassem o projeto na Dynamic Digital Environments-Master Class em dia 11 de fevereiro na Digital Signage Expo em Las Vegas. Eu produzo este workshop educativo anual composto por conferências e mesas redondas com arquitetos e designers. Para uma prévia da aula magna, perguntei à Melissa Weigel da Moment Factory algumas coisas sobre o projeto.
Leslie Gallery-Dilworth: No Terminal Internacional Bradley do LAX, as instalações multimídia são parte integral do interior, e se mesclam com ele, ao invés de perturbar o ambiente. Estou convencido que essas instalações melhoram a experiência do passageiro no espaço. O trabalho de mídia em harmonia com a arquitetura. Quais foram os maiores desafios na realização deste projeto?
Melissa Weigel: Há uma grande diferença entre moldar um espaço através da arquitetura, e moldar a experiência do espaço através da cinematografia. Pense sobre a experiência típica com cinematografia, quando um espectador ainda está sentado em uma sala de cinema assistindo a tela fixa. Agora pense em um volume em que há muitas atividades, a luz não é fixa, e o público está indo e vindo, ou apenas se sentam por um período de tempo. Em termos de conteúdo, movimento e cor, cada recurso de mídia individual teve de trabalhar de forma independente, mas, em seguida, eles tiveram que trabalhar como um conjunto. O conteúdo tinha que funcionar para um espectador que apenas bate o olho na tela, ou para um que passa mais tempo lá. Então, há a consideração da escala deste espaço, que é muito grande. Como espaço pode ser narrado através de multimídia? Marcela Sardi e Mike Rubin contribuiram para as decisões de onde e como colocar esses recursos, e que forma esses recursos tomariam. Nós éramos os desenvolvedores principais de conteúdo de mídia.
LGD: Como as instalações de mídia influenciam a experiência do passageiro e também do espaço?
MW: Muitas pessoas estão frequentemente anciosas em um terminal de aeroporto. Ou elas acabaram de passar por todo aquele processo cansativo de segurança, ou acabaram de chegar de um vôo. Criar uma experiência positiva depois do stress de decolagem era importante. O que podemos fazer através de instalações desse caráter para afetar positivamente este clima? Que tipo de histórias nós queríamos contar?
Queríamos que o conteúdo tivesse algo a ver com a cidade de Los Angeles. Nós consideramos o comprimento de cada cena, as repetições, e a atmosfera criada por este conteúdo. A paleta de cores das imagens foi outra consideração importante. Então há o elemento do tempo e do espaço. A luz natural muda, o movimento de pessoas no espaço muda ao londo do dia e da noite. A atmosfera do espaço muda, as vezes tem uma multidão de pessoas chegando de um voo, e de repente não tem ninguém. Outra questão importante a se considerar foi como o espaço e o conteúdo vivem ou evoluem ao londo do tempo?
O conteúdo tinha que responder à essas condições.
LGD: Com uma grande equipe interdisciplinar, em tantos lugares diferentes, trabalhando com uma agência pública complexa, como isso foi administrado?
MW: O aeroporto LAX é desafiador. Existe a questão de segurança; é uma instituição pública e nós eramos uma equipe grande. Mas esse projeto simplesmente não teria sido realizado sem generosas colaborações. Tínhamos reuniões periódicas e, freqüentemente, nos reunimos em nossos escritórios em Montreal. Uma vez que as localizações e os conceitos foram desenvolvidos, nós construímos maquetes do interior do terminal para testar ideias. Obviamente não pudemos testar as idéias sobre um modelo em tamanho real! Havia muitos detalhes no imaginário de todos. Constantemente indo e voltando com os consultores de tecnologia, e explorando o que era possível e o que seria necessário.
Demorou um ano, do início do envolvimento até a instalação no aeroporto.
LGD: É uma equipe bastante criativa. Como a tecnologia contribui ou limita a criatividade?
MW: É muito importante ter este avanço e retrocesso com os técnicos de tecnologia. Embora a Moment Factory tem uma equipe experiente que inclui pessoas de várias áreas, nós confiamos na Smart Monkeys, Datatronics e Planar para nos ajudar com sua experiência e conhecimento em muitas das questões técnicas. Por exemplo, algumas das considerações foram em relação aos pontos de vista. As instalações seriam vistas de muitos ângulos diferentes, e de distâncias diferentes também, não apenas em frente às telas, e não apenas no nível térreo. Além de misturar as ideias criativas com a tecnologia, ainda havia o desafio da instalação em si, dentro do aeroporto. Uma grande atenção foi dada à cada detalhe.
LGD: Mencione sinalização digital, e algumas pessoas imaginam um amontoado de placas e outdoors. Muitos arquitetos, designers, planejadores urbanos e o público em geral acha que essas tecnologias poluem nosso meio ambiente, ao invés de melhorá-lo ou melhorar a comunicação. Qual é a sua atitude em relação a tanta coisa visual?
MW: Acredito que muita coisa possa ser feita de maneira positiva. Essa tecnologia vai além dos outdoors.Temos uma responsabilidade definitiva em contribuir positivamente com o nosso entorno. Quando é bem feito, pode ser uma característica a melhorar os espaços públicos. O Quartier des Spectacle em Montreal, por exemplo. O Luminous Pathway contribui com o melhoramento da qualidade da interação pública, assim como traz vida ao distrito. Essa é uma nova linguagem. Transcende a linguagem falada. Pode ser uma melhoria do espaço público. Temos que quebrar com o formato retangular da tela tradicional, e fazer desta tecnologia de mídia mais uma parte integral do entorno e das atividades. Nós estamos bem conscientes da poluição visual e do impacto das imagens rápidas. Grandes outdoors, agora as pessoas os evitam.
Ao invés de forçar essas imagens - estas superfícies dinâmicas - na cara delas, pensamos que oferecer às pessoas algo de qualidade é muito mais eficaz. Nós pensamos nisso como um presente, uma oferta. Nossa intenção é criar um momento especial que pode ser lembrado pelas pessoas.
Leslie Gallery-Dilworth, FAIA, é arquiteta e urbanista. Por 12 anos foi a CEO da Society for Environmental Graphic Design, e antes disso foi a diretora que fundou o Philadelphia’s Foundation for Architecture. Recebou três nomeações da NEA. Você pode entrar em contato com Leslie através do e-mail lesliegd@me.com