Pampulha: Beleza pioneira e intimista de Niemeyer / Paul Clemence

Brasília foi o projeto que deu a arquitetura moderna brasileira uma projeção internacional em uma escala até então não vista. E, claro, consequentemente ao arquiteto de seus principais edifícios, Oscar Niemeyer. Mas antes de Brasília, houve Pampulha, o complexo arquitetônico à beira da lagoa de mesmo nome, ao norte de Belo Horizonte. Foi ali que a famosa curva criou força e partiu em sua longa e bela trajetória.

© Paul Clemence

Encomendado pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (que mais tarde, já como presidente, encomendaria também Brasília), o projeto tinha como objetivo o desenvolvimento do novo bairro que crescia ao redor da recém-construída Lagoa de Pampulha. Um terreno virgem, livre de referências históricas e com vista para o futuro: a oportunidade perfeita para Oscar por em prática suas ideias de renovação dos paradigmas que se estabeleciam limitando a arquitetura moderna.

© Paul Clemence
© Paul Clemence

Agora então era a hora das linhas soltas, da planta livre, da amplidão possível graças ao concreto armado, das curvas, dos materiais tradicionais reinterpretados, enfim, de uma nova maneira de se aliar a forma a função, sem que essa última sacrifique a primeira e vice-versa. Um programa relativamente simples (um casino, um salão de baile, um restaurante, uma igreja e um iate clube), permitiu ao arquiteto criar com liberdade. As formas esculturais se adicionaram também painéis e murais feitos por Paulo Werneck e Candido Portinari, numa perfeita integração de arte e arquitetura.

© Paul Clemence

Com uma escala mais familiar que Brasília, em Pampulha as formas de Niemeyer permitem uma maior interação com o individuo: aqui se conecta à obra num nível mais direto e íntimo, ao contrario da reverência exigida pelos edifícios da capital. Até mesmo a relação entre cheios e vazios aqui é mais gentil, estabelecendo um diálogo com o contexto que convida e acolhe ao invés de se impor como monumento.

© Paul Clemence

O conjunto é de uma coerência sublime, onde cada parte, mesmo tendo caráter próprio, está em sintonia ao todo, formando um poema arquitetônico, onde cada edificação flui naturalmente à próxima; cada uma é um exercício de formas e luz, criando a tal surpresa que o arquiteto define como elemento fundamental da beleza.

© Paul Clemence
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Sobre este autor
Cita: Igor Fracalossi. "Pampulha: Beleza pioneira e intimista de Niemeyer / Paul Clemence" 25 Jan 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-23011/pampulha-beleza-pioneira-e-intimista-de-niemeyer-paul-clemence> ISSN 0719-8906

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