Morrerei em Paris com aguaceiro,
um dia do qual tenho já o recordo,
Morrerei em Paris –e não corro–
talvez uma quinta, como é hoje, de outono.
Quinta será, porque hoje, quinta, que proso
estes versos, os úmeros me pus
a la mala e, jamais como hoje, voltei,
com todo meu caminho, a me ver só.
César Vallejo morreu, lhe batiam
todos sem que ele lhes faça nada;
lhe davam duro com um pau e duro
também com uma soga; são testemunhos
as quintas-feiras e os ossos úmeros,
a solidão, a chuva, os caminhos…
© Da Tradução: Igor Fracalossi
Referência: VALLEJO, César. “Piedra Negra sobre una Piedra Blanca”. Em seu: Obra Poética, Poemas Póstumos I. Paris: ALLCA, 1996.