Luz natural e Arquitetura: o legado deixado por Oscar Niemeyer

Luz e Arquitetura, dois conceitos que estão profundamente relacionados desde os tempos mais remotos. Exemplos inspiradores do tratamento expressivo da luz são abundantes e servem como um guia na produção do entorno construído em um determinado período histórico. Recentemente, se foi uma grande referência que aspirávamos ser: Niemeyer, que utilizava a luz natural como ferramenta para a classificação dos espaços e formas, e como requisito de expressão e significado. Por isso, o enfoque através de um elemento tão importante como a luz natural, serve de pretexto para analisar seu trabalho, a motivação e refrescante maneira de analisar criticamente seu projetual método de desenho.

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Falar sobre as obras de Niemeyer, é falar sobre uma mostra de diversas influências e sua capacidade de adaptação às condições locais. Niemeyer cria um cosmo onde a luz se expressa, revela a forma e a sombra contrastante que enfatiza "Leveza". Não enfatiza em um jogo de claro-escuro, não se interessa pelos volumes sombreados, mas apela para posição dualística da figura sobre o fundo, o forte contraste entre áreas iluminadas e áreas sombreadas. O volumes sob o sol.

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Um olhar mais atento de suas obras faz com que se perceba a preocupação em adotar procedimentos projetuais que respondam à luz e como elemento direcional do projeto. Todas as obras 'vivenciadas', de alguma maneira respondem aos aspectos lumínicos. Algumas utilizam a luz para definir elementos construídos, outras adoram a luz como tema. Esse procedimento pode estar relacionado com os ensinamentos de seus mestres franceses, que definem a luz como elemento revelador de formas. Ou uma postura que identifica a boa arquitetura como um exercício pleno, onde se questionam todos os elementos que podem classificá-la.

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Muitas vezes Niemeyer adota soluções que respondem a excessivas incidências lumínicas da 'abóboda celéste'. Ainda que sua resposta nem sempre será uma soluçao técnica, quase sempre está aliada às proporções poéticas e  plásticas.

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E quanto a incidência da luz, se percebe que Niemeyer a manipula para consegui-la predominantemente difusa através de um espaço intermediário. Sendo que sua direção se faz normalmente de modo lateral ou zenital. A iluminação dos espaços interiores utiliza a luz da abóboda celéste como principal fonte de iluminação, onde a distribuição da luz tem sido heterogênea na grande maioria de seus edifícios; claro indício que o arquiteto se opõe ao pensamento racionalista da "luz universal": branca e uniforme.

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Alguns conceitos presentes em seu discurso, oferecem indícios para o entendimento da estrutura como pensamento de arquiteto, e sua relação com o tema da luz natural como parâmetro de concepção do projeto. A invenção e a imaginação são conceitos fundamentais para ele. Trabalha para impressionar, fazer com que o experimental de sua obra não seja em vão, e goza ao trabalhar com a ilusão, principalmente para contrapor o peso real de suas monumentais estruturas, e as propõem leves, apenas tocam o solo. Portanto suas estruturas "aerodinâmicas" (segundo linguagem poética de Joaquim Cardoso) estão destinadas a causar ilusão, a ilusão em movimento, a ilusão da transparência, a ilusão da leveza, tudo em relação à luz natural.

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Por sua vez, evita o ângulo frontal de incidência do sol, a homogênea distribuição da luz em sua fachada. Buscar aumentar seu poder expressivo com alguns destaques da iluminação bem localizados. Suas estruturas são dispostas obliquamente para que os raios de luz produzam fortes contrastes de luz e sombra. Propõe um mesmo cenário de luz incidente circunstancial e luz refletida no plano. Busca muitas vezes utilizar a luz natural pelas suas possibilidades cênicas e pela capacidade de distringuir a sucessão de planos em profundidade e perspectiva.

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Mas o que fica é a ideia, a manipulação criativa, as vezes incluída através da auto-referência, mas sempre é uma solução de Oscar Niemeyer: a luz e a sombra no Memorial JK (80); varandas sombreadas nos palácios de Brasília; um cone de luz materializado na Catedral de Brasília e na Mesquita de Argel (68); a matéria reflexiva em superfícies espelhadas e polidas no Cassino da Pampulha (40); a luz contida por pequenas aberturas e o predomínio da massa na Igreja Ortodoxa de Brasília (86); a luz através de uma pele colorida na Catedral, a luz íntimista na Igreja Ortodoxa, a luz como drama na Capela da Pampulha (40) e o Panteão (85); a luz universal nos edifícios do Parque do Ibirapuera (51), apenas para citar alguns exemplos.

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Portanto, a relação entre a luz e o espaço nas obras de Oscar Niemeyer é atualmente a intencionalidade do projeto. Manipular os recursos de iluminação definitivamente para mudar a percepção espacial que propõe. As diferentes variáveis de luz convidam o espectador a experimentar criando uma atmosfera sensível e leve, e melhorando a sensação através dos contrastes. "Penso que a sombra é o reflexo do sol" (ON).

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Fonte: A Poética da Luz Natural na Obra de Oscar Niemeyer / Paulo Marcos Mottos Barnabé

Sobre este autor
Cita: Yávar, Javiera. "Luz natural e Arquitetura: o legado deixado por Oscar Niemeyer" [Luz natural y Arquitectura: el legado que nos deja Oscar Niemeyer] 28 Dez 2012. ArchDaily Brasil. (Trad. Britto, Fernanda) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-87960/luz-natural-e-arquitetura-o-legado-deixado-por-oscar-niemeyer> ISSN 0719-8906

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