Verei novos rostos
Verei novos dias
Serei esquecido
Terei recordos
Verei sair o sol quando sai o sol
Verei cair a chuva quando chove
Passearei sem assunto
De um lado a outro
Entediarei meio mundo
Contanto a mesma história
Sentarei a escrever uma carta
Que não me interessa enviar
Ou a olhar as crianças
Nos parques de jogo
Sempre chegarei à mesma ponte
A olhar o mesmo rio
Irei ver filmes tontos
Abrirei os braços para abraçar o vazio
Tomarei vinho se me oferecem vinho
Tomarei água se me oferecem água
E me enganarei dizendo:
“Virão novos rostos
Virão novos dias”.
© Da tradução: Igor Fracalossi
Referência: TEILLIER, Jorge. “Blue” en: Para un pueblo fantasma. 1971