Augusto Pacheco , colombiano, é arquiteto, artista, e há 20 anos vive e trabalha em Berlim. Abandou a arquitetura de escritório e há 5 anos se dedica por completo ao trabalho experimental em seu estúdio: Pintura, escultura, arquitetura, desenho, vídeo-animação, entre outras disciplinas.
Toda sua prática é experimental, não há nada terminado, tudo está em processo. Em seu trabalho destaca o uso do espaço em duas dimensões como se fossem três, o plano já não é plano, possui profundidade, as linhas se sobrepõem, aparecem geometrias e formas. Sua conexão com a arquitetura é indiscutível.
Em seu blog documenta tudo o que acontece em seu estúdio. É possível ler uma descrição desde as palavras do próprio artista e ver mais fotos depois do intervalo.
“A literatura se parece muito à luta dos samurais, mas um samurai não luta contra outro samurai: luta contra um monstro. Geralmente sabe, além de tudo, que será derrotado. Ter em conhecimento, sabendo previamente que será derrotado, e sair para lutar: isto é a literatura”, definiu Roberto Bolaño.
E, em outra, agregou: “À literatura nunca se chega por azar. Nunca, nunca. Que fique bem claro. É, digamos, o destino, não? Um destino obscuro, uma série de circunstâncias que te fazem escolher. E você sempre soube que este é teu caminho".
Do meu ponto de vista somente alteraria a palavra LITERATURA por ARTE.
Augusto Pacheco: Tudo é Arquitetura
Meu trabalho é como o de um detetive, talvez não seja tão selvagem como os de Bolaño, no entanto levo muito tempo buscando os poemas que escreveu Malevich dentro do Quadrado Negro, e também os que escreveu John Cage em seus silêncios, e nos últimos anos busquei até cansar os de Roberto Bolaño; hoje posso dizer que encontrei alguns, que começam a refletir em meus desenhos, se juntam os três: Malevich, Cage e Bolaño e com a ajuda de outros mestres apareceram as primeiras invenções, geometrias que não existiam, planos sobre planos, 7 planos, duas dimensões, que não desejam criar a terceira dimensão...
Tudo é Arquitetura, me levanto com a arquitetura, tomo café da manhã com a arquitetura, respiro a arquitetura, durmo com arquitetura e nos sonhos, percebo a quarta dimensão e é assim quando através dos 7 planos se deixa entrever Cesarea Tinajero; e então, a vida segue e a geometria volta a tomar forma e no meu Estúdio sou um homem feliz; leio perfeitamente os poemas silenciosos de Cage junto aos de Malevich no quadrado negro sobre fundo branco... E logo está aí: a quinta dimensão.